09/04/2008

Arte que se lê: Trilogia "Mundos Paralelos" de Philip Pullman


Talvez para alguns a designação dada à trilogia - "Mundos Paralelos" - não lhes diga muito. Mas se eu disser que o primeiro volume passou para o cinema com o nome de "A Bússola Dourada" será muito mais reconhecível.

Esta trilogia é composta pelos títulos - "Os Reinos do Norte", "A Torre dos Anjos" e "O Telescópio Âmbar".
Gostei do filme, mas para quem leu o livro, a adaptação cinematográfica ficará sempre um pouco aquém, pois gosta-se muito mais desta história na palavra escrita, tal é condão do autor em passar para o papel todo este mundo imaginário.

Philip Pullman reúne vários ingredientes dando origem a algo que pode ser descrito da seguinte forma:

"Mundos Paralelos é uma trilogia, mágica e poderosa, recheada de aventuras, imaginação e mistério, que promete conquistar todos aqueles que se renderam ao fascínio de Harry Potter. O seu autor, Philip Pullman, é muitas vezes comparado a C.S. Lewis, Tolkien ou Lewis Carroll, e recebeu já diversos prémios de literatura infanto-juvenil. O primeiro volume, Os Reinos do Norte, reúne um vasto leque de ingredientes que vão desde a fantasia, o thriller, a reflexão filosófica, o mito clássico, o conto de fadas, a física quântica, a poesia ou o humor, ao suspense, ao terror mais genuíno e arrepiante, com uma naturalidade e coerência surpreendentes."

"O segundo volume da trilogia Mundos Paralelos é agora relançado no mercado na colecção Via Láctea, destinada a uma faixa etária superior à colecção Estrela do Mar, onde também se encontra publicado. Neste livro Will, um jovem com apenas doze anos de idade determinado a descobrir a verdade acerca do desaparecimento do seu pai salta através de uma janela para um mundo misterioso, onde conhece Lyra, a protagonista do primeiro volume que, tal como ele tem uma missão a cumprir. E é neste mundo fantástico que se situa a Torre dos Anjos, que guarda o segredo mais importante de Cittàgazze – um objecto que, pelos seus poderes mágicos todos os seres gostariam de possuir..."

"Este livro encerra a famosa trilogia Mundos Paralelos. Pullman criou um mundo fabuloso, prodigiosamente imaginado, repleto de maravilhas e monstros (...), em que o autor explora as questões que mais nos inquietam - o poder do amor, a morte, a evolução e Deus. Um universo que colhe referências a Nietzsche, Milton e Blake, mas que se torna acessível a leitores de variadíssimas idades de uma forma estimulante, desafiadora e original."

fonte: http://www.alfarrabista.com/edicaoDetalhe.php?idEdicao=1018303


Leia um excerto de "Reinos do Norte":

"Lyra e o seu génio atravessaram o grande refeitório que mergulhava lentamente na penumbra, tendo o cuidado de se deslocarem encostados à parede para não serem vistos da cozinha. As três grandes mesas que ocupavam toda a extensão da sala já estavam postas para a refeição que se avizinhava, as pratas e os cristais captando a pouca luz do salão e os longos bancos colocados juntos às mesas, prontos para receberem os convidados. As paredes estavam decoradas com os retratos dos anteriores Mestres. Lyra aproximou-se do estrado, olhou para trás, para a porta aberta que dava para a cozinha e, não vendo ninguém, subiu-o e ficou de pé ao lado da mesa principal. Aqui, os lugares tinham talheres de ouro, e não de prata e, em vez de bancos de carvalho, havia catorze cadeiras de mogno com almofadas de veludo.

Lyra parou junto da cadeira do Mestre e bateu delicadamente com a ponta do dedo no copo maior. O som cristalino soou através do refeitório.

- Não estás a levar isto a sério - murmurou o génio de Lyra - Comporta-te como deve ser.

O génio de Lyra chamava-se Pantalaimon, e naquele momento, assumia a forma de uma traça castanho-escura a fim de passar despercebido na escuridão do refeitório.

- Eles estão a fazer demasiado barulho na cozinha para poderem ouvir - respondeu Lyra num múrmurio - E o Ecónomo só chega depois do primeiro toque. Não te preocupes.

Mas, mesmo assim, Lyra colocou a mão sobre o copo que tilintava enquanto Pantalaimon, batendo freneticamente as asas, se dirigiu para a porta ligeiramente entreaberta que dava para a Sala Reservada, situada do outro lado do estrado. Momentos depois reapareceu.

- Não está ali ninguém. - murmurou - Mas temos de agir depressa.

Acocorando-se detrás da mesa alta, Lyra gatinhou ligeira e entrou na Sala Reservada, onde se levantou e olhou em volta. A única luz que iluminava aquele espaço era a que provinha da lareira, onde os troncos de madeira incandescentes pareceram acalmar ligeiramente quando ela olhou, lançando uma vaga de fagulhas para a chaminé. Lyra vivera a maior parte da sua vida no colégio, mas nunca antes entrara na Sala Reservada; apenas os Académicos e os seus convidados tinham autorização para entrar ali, e nunca fora permitida a entrada de uma mulher naquele espaço. Nem mesmo as criadas faziam a limpeza da Sala Reservada. Essa era uma função que cabia exclusivamente ao Mordomo.

Pantailamon poisou no ombro de Lyra.

- Já estás satisfeita? Podemos ir-nos embora? - perguntou num murmúrio.

- Não sejas palerma! Quero dar uma vista de olhos a isto!"



Site Oficial do filme: http://www.goldencompassmovie.com/

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