22/04/2008

Arte que se lê: "On the Road" de Jack Kerouak


Há tanto para dizer sobre os anos 50. Os americanos anos 50. Contudo, não poderei falar de tudo, tal exigiria, no minímo, um blog sobre este tema.

No entanto, existem referências que não posso deixar passar. Uma delas é Jack Kerouac. E, tendo em vista que o 25 de Abril está à porta, não poderia deixar passar um autor que iniciou ele próprio uma revolução.


"Hoje vou falar de Jack Kerouac, para mim um dos maiores e mais sensíveis escritores de seu tempo. Vou falar de revolução cultural. Revolução! Uma revolução cultural que ficou conhecida como a Geração Beat.


Em 1957, Jack Kerouac publicava On The Road e iniciava uma revolução cultural nos Estados Unidos. Este livro tornou-se o manifesto da geração beat, que rompia com o compromisso do american Way of life e pregava a busca de experiências autênticas, um compromisso selvagem e espontâneo com a vida até seus mais perigosos limites. Diante de uma sociedade que aniquilava o indivíduo, os beatniks queriam uma consciência nova, libertada de padrões, escolhiam a marginalidade. (Trecho O Autor e sua Obra)


Não queriam continuar numa sociedade morna, desprovida de vida, de ação e liberdade de pensar e viver.

Apesar das experiências com o êxtase através das drogas, na minha opinião é apenas um detalhe dada a importância desta revolução, a geração beat marcou nova era no mundo cultural. O homem tem direitos de indivíduo e o mais sagrado é, possivelmente o de mudar o Status Quo. Perceber que pode repensar as coisas e, diga-se de passagem, estamos falando de uma revolução artística - Literatura essencialmente…


Por intermédio de Burroughs, Kerouac tomou contato com escritores como Kafka, Céline, Spengler e Wilhelm Reich. Os três amigos passaram a conviver com as barras pesadas do Times Square.
Descendente de uma família de franco-canadenses, Jack Kerouac recebeu uma educação católica e graças às suas aptidões de atleta foi estudar na Universidade de Colúmbia. Lá no Campus, conheceu Allen Ginsberg, também estudante e William Burroughs, formado em Harvard. Os três iriam se tornar os principais representantes da geração beat.
Em 1947 Kerouac resolveu sair viajando pelo mundo e pegou a estrada. Associou-se com vagabundos, caroneiros, e bebeu muito por aí. Terminou o On The Road em 1951. Seu estilo é notável e inconfundível, com suas longas frases, onde descartava o uso da pontuação.
Mas sempre foi um individualista. Terminou dividindo um apartamento com sua mãe, onde pintava quadros com Cristos tristes, ficava horas a fio diante da televisão. Ou seja, era, no fundo um espírito conservador e não entendia como influenciara pessoas como Allen Ginsberg (poeta)!
Considerado um rebelde existencial, quedou-se ao budismo mas foi sempre um inadaptado ao mundo em que vivemos.
Escreveu vários romances, como “O Subterrâneo”, Desolate Angels”, “The town and the city”, entre outros.
Se alguém estiver se perguntando o que a geração beatnik tem a ver com os dias de hoje, eu poderia responder, de pronto, que tudo que somos e fomos depois desta revolução, tem a ver com a abertura literária no campo das experiências, da pós modernidade, da noção de liberdade de pensamento e principalmente, tem a ver com a felicidade de fazermos parte de uma cadeia de pensadores e escritores que nos deixaram um legado inestimável.


Trechos de On The Road
Casualmente, uma gostosíssima garota do Colorado bateu aquele shake pra mim; ela era toda sorrisos também; eu me senti gratificado, aquilo me refez dos excessos da noite passada. Disse a mim mesmo: Uau! Denver deve ser ótima. Retornei à estrada calorenta e zarpei num carro novo em folha, dirigido por um jovem executivo de Denver, um cara de uns trinta e cinco anos. Ele ia a cento e vinte por hora. Eu formigava inteiro; contava os minutos e subtraía os quilômetros. Bem em frente, por trás dos trigais esvoaçantes, que reluziam sob as neves distantes do Estes, eu finalmente veria Denver. Imaginei-me num bar qualquer da cidade, naquela noite, com a turma inteira; aos olhos deles, eu pareceria misterioso e maltrapilho, como um profeta que cruzasse a terra inteira para trazer a palavra enigmática, e a única palavra que eu teria a dizer era: “Uau!”… "





Sobre o autor:


"Jack Kerouac (12 de Março de 1922, Lowell - Massachusetts - 21 de Outubro de 1969, St. Petersburg - Flórida), foi um escritor estadunidense.


Infância e juventude

Kerouac, de origem franco-canadense, teve uma infância séria, onde era muito dedicado à mãe. Freqüentou um colégio jesuíta e ajudou o pai numa fábrica de impressão. Um de seus traumas mais trágicos, que voltaria relatado em seus romances, foi a morte de seu irmão Gerard quando ele tinha apenas nove anos.
Devido às dificuldades econômicas por que passava a família, Jack resolveu fazer parte do time de futebol americano do colégio para tentar uma bolsa de estudo na faculdade. Assim conseguindo entrar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, para onde mudou-se com a família.
Antes de pegar o diploma, abandonou os estudos após uma briga com o treinador e resolveu alistar-se na Marinha. De acordo com o biógrafo Yves Buin, autor de Kerouac (L&M Pocket, outono de 2007, p. 61), Jack assumiu certa vez haver feito felação num marinheiro.
Não se ajustando à marinha de guerra, acabou na marinha mercante, onde ficou algum tempo. Quando não estava viajando, Jack andava por Nova Iorque acompanhado de seus amigos "delinqüentes" da Universidade de Columbia, entre eles Allen Ginsberg e William Burroughs, chamado de Bill pelos camaradas, além de seu maior companheiro de viagens, Neal Cassady, o “Cowboy”. Foi a época em que Jack conheceu os grandes amigos que formariam, alguns anos mais tarde, o pelotão de frente da geração beat, para desgosto da mãe.


As grandes viagens e escritos

A relação do escritor com Neal foi determinante para despertar em Jack sua vontade reprimida de botar o pé na estrada e desfrutar de uma liberdade ainda não experimentada. Os dois viajaram por sete anos percorrendo a rota 66, que cruza os EUA na direção leste-oeste, com descidas freqüentes ao México. Saíram de Nova York e cruzaram o país em direção a São Francisco. Dessa jornada saiu o livro “On the Road”, cujo protagonista é Dean Moriarty, o nome criado por Jack para representar o amigo Neal.
Kerouac começou a escrever um romance, falando sobre os tormentos que sofria para equilibrar a vida selvagem da cidade com os seus valores do velho mundo. Foi o seu primeiro romance publicado, porém não chegou a lhe trazer fama. Passaria muito tempo para que ele publicasse novamente. Na tentativa de escrever sobre as surpreendentes viagens que vinha fazendo com o amigo de Columbia, Neal Cassady, Kerouac experimentou formas mais livres e espontâneas de escrever, contando as suas viagens exatamente como elas tinham acontecido, sem parar para pensar ou formular frases. O manuscrito resultante sofreria 7 anos de rejeição até ser publicado. Jack escrevia vários romances, que ia guardando em sua mochila, enquanto vagava de um lado a outro do país. Escreveu Tristessa obra sobre uma viciada em morfina que vive na cidade do mexico... É um romance triste, cheio de ensinamentos budistas ,repleto de compaixão pelo sofrimento humano.
No verão de 1953 Jack Kerouac envolveu-se com uma moça negra, experiência que usou para escrever em 1958 "Os subterrâneos". Escrito em três dias e três noites, Os subterrâneos foi gerado a partir do mesmo tipo de rompante inspiracional que produziu o grande clássico de Kerouac, On the road (traduzido no Brasil no verão de 2007 como Pé na estrada, por Eduardo Bueno) Em 1955 Kerouac apaixonou-se por uma prostituta indígena chamada Esperanza.
Foi publicado pela primeira vez en 1960 e baseado em fatos biograficos.


O método de escrever inovador

Jack Kerouac escreveu sua obra-prima “On The Road”, livro que seria consagrado mais tarde como a “bíblia hippie”, em apenas três semanas. O fôlego narrativo alucinante do escritor impressionou bastante seus editores. Jack usava uma máquina de escrever e uma série de grandes folhas de papel manteiga, que cortou para servirem na máquina e juntou com fita para não ter de trocar de folha a todo momento. Redigia de forma ininterrupta, invariavelmente sem a preocupação de cadenciar o fluxo de palavras com parágrafos.
O material bruto que chegou às mãos de Malcom Cowley, da editora Viking Press, em 1957, deu trabalho. Os rolos quilométricos de texto tiveram de ser revisados, foram inseridos pontos e vírgulas e praticamente 120 páginas do original foram eliminadas. O estilo-avalanche de Jack tinha ainda um elemento intensificador. Ao contrário às idéias correntes, que trabalhou em cima do livro sob o efeito de benzedrina, uma droga estimulante, Kerouac, em admissão própria, abasteceu seu trabalho com nada mais que café.




Sites:

17/04/2008

Arte que se vê: "Os homens preferem as louras" de Howard Hawks


Ocorreu-me que este filme faria uma ligação perfeita com o tópico anterior, sobre a publicidade dos anos 50. Marilyn Monroe e Jane Russel aparecem fabulosas neste clássico que faz sempre as delícias de quem vê. E, lá estão, os penteados perfeitos, a silhueta e os lábios muito vermelhos que para mim são a imagem perfeita dos anos 50 americanos.


Sinopse:

Duas dançarinas, Lorelei (Marilyn Monroe) e Dorothy (Jane Russell), embarcam num cruzeiro rumo a Paris, a pedido do milionário noivo de Lorelei. O pai do noivo contrata um detective (Elliott Reid) para seguí-las e conseguir provas de infidelidade de sua futura nora, criando uma série de confusões em alto-mar.


Veja o filme na totalidade aqui:













Ou relembre somente algumas das canções:

- "Diamond's are a girl's best friend" - http://www.youtube.com/watch?v=p0FDGnAIWpk

- "Two Little girls from Little Rock" - http://www.youtube.com/watch?v=CIxKWkEBrG4

Arte que se lê: "The Golden Age of Advertising" da Taschen


A área profissional que escolhi na altura de optar por um curso, foi a Publicidade. Aí está a explicação lógica para a minha escolha do livro de hoje.

Enquanto consumidores e, consequentemente, alvos da publicidade, esta pode ser aborrecida, inconveniente, pecar pelo excesso. Mas, como observadores, (e é este o aspecto que mais me atrai na publicidade), é que os anúncios podem ser verdadeiras obras de arte para além de documentos históricos.

"The Golden Age of Advertising" é uma colecção da editora Taschen. Em cada volume retrata uma década. Tenho comigo o volume referente aos anos 50 e folhear as suas páginas é viajar no tempo e no espaço, para os anos 50 da classe média suburbana dos Estados Unidos.


O mesmo começa com uma introdução, da qual apresento aqui um excerto traduzido:

" A bomba atómica mudou tudo. Em 1950, os americanos começariam a aperceber-se lentamente das transformações que afectavam a sociedade. Apesar das vitórias obtidas na II Guerra Mundial e do pós-guerra ser um período próspero marcado por um imenso consumismo, o poder atómico trouxe, a muitos americanos, dúvidas sobre o que o futuro traria.

No final do Verão de 1949, a explosão de uma bomba atómica russa veio confirmar que os americanos não eram os únicos a possuir o aparelho nuclear mais poderoso do mundo. A isto, os americanos responderam de diversas formas. Uns adquiriram contadores Geiger e foram em busca de urânio. Outros escavaram abrigos nos seus quintais onde se pudessem proteger de um ataque nuclear. Independentemente destas acções, para a maior parte dos americanos, o advento da bomba significou acima de tudo o fim da era da inocência e um tempo para comprar, comprar, comprar.

O início da década de 50 foi testemunha da continuação de um sentimento de paranoia que acompanhou a posse de armamento nuclear. O governo americano, numa tentativa de se manter um passo à frente dos russos, iniciou uma corrida ao armamento. Se os "comunistas" tivessem uma bomba atómica, era então imperativo que a América possuísse uma ainda mais poderosa. O resultado foi a chamada "H-Bomb" e trouxe aos E.U.A. a tão desejada vantagem estratégica.

Esta corrida para criar o maior poder nuclear do mundo na era atómica provocou consequentemente o crescimento tecnológico de outras indústrias. Num instante os textos dos anúncios usavam comummente termos como "era dos jactos" ou "era espacial". Uma nova categoria publicitária relacionada com a Guerra Fria emergiu. Os tanques e os jipes da II Guerra Mundial eram agora substituídos por submarinos nucleares e mísseis.

Foi nesta atmosfera que Madison Avenue, na tentativa de encontrar uma conotação positiva para o átomo e o "dia de juízo final", acolheu o poder nuclear e adaptou-o à publicidade. O "átomo pacífico" trabalhava agora a favor dos americanos. Num espectacular anúncio, uma núvem cogumelo é acompanhada do seguinte slogan - "Even this cloud has a silver lining".

Os publicitários apropriaram-se dos foguetões e dos capacetes para vender cereais. Os designers de automóveis exageravam no uso de linhas finas na traseira dos veículos como forma de expressar este novo conceito de velocidade exagerada. E o público americano engoliu o conceito.

Completamente contrário ao que acontecera noutras décadas, em que a Depressão e a II Guerra Mundial obrigavam ao racionamento e à frugalidade, os consumidores americanos dos anos 50 experienciavam um fenómeno sem precedentes.

A geração nascida antes e durante a Depressão eram de uma faixa etária onde os seus ganhos lhes permitiam acumular o que se designaria de "pequenas fortunas". Isto, combinado com um declínio no número de indivíduos para partilharem esta riqueza gerada, uma nova e agressiva economia de consumo gerada pela indústria americana, criou o cenário de consumismo e indulgência onde os americanos se deleitariam durante os tempos futuros. Com um crescimento da taxa de produtividade de 2% em cada ano entre 1945 e 1955, os americanos compravam 75% dos automóveis e electrodomésticos do mundo. Embora a sombra de uma possível catástrofe nuclear estivesse sempre presente nas consciências, os publicitários continuaram a assaltar o público, o novo "mercado de massas", com produtos que eram sempre inovadores, melhores, mais rápidos. E, os americanos sentiam-se no direito de consumi-los. Num esforço para viver uma vida normal e produtiva depois de salvarem o mundo das forças do Eixo e da sua agressão, o público americano olhava para além dos dias da II Guerra Mundial e vislumbrava o futuro - e o futuro era uma visão maravilhosa. Pelo menos quando visto através da televisão, das revistas e dos anúncios."


by Jum Heimann, tradução livre por carica



Eu acho delicioso folhear este livro. Todas as senhoras com penteados perfeitos e sempre baton vermelho. A imagem de Liberace a promover uma cerveja. Rock Hudson e John Wayne em anúncios de tabaco, onde aparece explicitamente como "facto científico" que "o prazer melhora a disposição" e onde se apela às donas de casa que fumem para não se irritarem com as suas tarefas. Onde se vendem "casas para a era atómica" - casas totalmente de betão, resistentes a explosões. Os Cadillacs, Pontiacs, Chevrolets, Ramblers, Buicks, Lincolns com as linhas e as cores quase rebuçado tão características dos automóveis dos anos 50. Os electrodomésticos cor de rosa, os serviços de mesa em melanina, os produtos capilares para os homens - até Ronald Reagan apareceu num anúncio a brilhantina. Entre muitos, muitos mais.


Alguns slogans:


- Getting there is half the fun - Cunard (cruzeiros)

- Wear a hat - It´s as healthy as It's Handsome - Hat Corporation of America (chapéus)

- It's Thrifty... it's Smart and so Easy to ride - Harley-Davidson 125

- you'd never think they were paper - Keyes Royal Chi-net "Throw - away" plates (pratos descartáveis)

- Fabulous Federal Cookware! Fabulous Pink! Fabulous Prices! - Federal (trem de cozinha em enamel cor de rosa)

- For a lifetime of shooting buy a Winchester - Winchester (espingarda)

10/04/2008

Arte que se lê: "Bodhicaryavatara" ou "O Caminho para a Iluminação" de Shantideva


Hoje trago-vos o texto mais estudado e comentado da história do Budismo - "O Caminho para a Iluminação" ou "Bodhicaryavatara" de Shantideva.

Os livros são uma ferramenta maravilhosa, pois permitem-nos aceder a todo o tipo de informação e retirar-mos as nossas próprias conclusões sobre qualquer tema.

Por vezes não dou "ponto sem nó", como se costuma dizer. Tenho focado com alguma intensidade através da exposição aqui de produtos da expressão artística a questão do Tibete. Respeito a opinião de todos, mesmo as que divergem da minha, mas já que muitos são impedidos de se expressarem livremente, digo eu em seu nome e, em meu nome: Acredito no Tibete como nação livre e independente. Porque quando penso no planeta Terra como um todo, como a aldeia global como conceito que tantas vezes se gosta de sublinhar, penso na Amazónia como o seu pulmão e, o Tibete, o seu terceiro olho, a espiritualidade do Mundo, que há que preservar, intocado.


A Vida de Shantideva:

"Shantideva nasceu no século VII na antiga província da Saurastra, na Índia. O seu pai, Kalyanavarman, que era o rei dessa província, chamou-lhe Shantivarman, Armadura-de-Paz. Desde a sua mais tenra idade, o príncipe manifestou um profundo respeito pelos mestres espirituais e uma grande bondade pelos habitantes do reino, sobretudo pelos pobres e pelos doentes.

Um dia, encontrou um asceta que lhe ensinou a arte de meditar sobre Manjushri, o Buda do Conhecimento, e pouco tempo depois Manjushri apareceu-lhe numa visão e abençoou-o.

Quando o rei morreu, a corte preparou em grande pompa a sagração do príncipe erigindo um majestoso trono. Mas, na noite anterior à cerimónia, Manjushri apareceu ao príncipe em sonhos sentado nesse trono e disse-lhe: "Meu filho, este trono é o meu. Sou o teu Mestre Espiritual, não é conveniente que partilhemos o mesmo assento." O príncipe acordou e compreendeu que não deveria reinar. Renunciando aos faustos da corte, fugiu e entrou na ilustre universidade budista de Nalanda. Foi ordenado monge por Jayadeva, o principal dos quinhentos panditas, e recebeu o nome de Shantideva, Divindade-de-Paz.

Sem que ninguém se desse conta, estudou a Tripla Recolha, os ensinamentos de Buda, e assimilou perfeitamente o seu sentido pela meditação. Compôs então dois tratados: O Shiksamuccaya, ou o "Compêndio das Instruções", e o Sutrasamuccaya, ou o "Compêndio dos Sutras" nos quais expôs a essência do seu saber e da sua profunda realização.

No entanto, aos olhos dos seus companheiros ele não passava de um ignaro preguiçoso a quem chamavam "Bhusuku" (o que só sabe comer, dormir e fazer as suas necessidades). Todos achavam imoral alimentar esse parasita com as oferendas dos fiéis e decidiram fazer tudo para correr com ele.

Tendo-se posto de acordo, os monges proclamaram que cada um por sua vez devia pregar o Dharma. Pensaram assim que, para evitar ser humilhado, Bhusuku fugiria. Mas não só isso não aconteceu como, apesar da insistência dos seus colegas impacientes para o ridicularizar, ele recusou-se a pregar, argumentando com a sua ignorância. O caso foi levado ao abade, decidindo que o monge recalcitrante se submetesse à regra.

No grande átrio do templo preparam então um grande trono inusitadamente alto, disposeram um altar com numerosas oferendas e convocou-se a assembleia completa dos monges.

À hora prevista convidaram o "parolo" a sentar-se. De repente, sem que alguém se desse conta como, Shantideva estava sentado no cimo desse trono desmesurado. Alguns começaram a sentir-se pouco à vontade.

Shantideva perguntou: "Devo comentar um texto conhecido ou devo dar um ensinamento inédito?". Os panditas olharam-se, surpreendidos e trocistas, e responderam: "A vossa aptidão é dormir e as vossas outras maneiras são realmente extraordinárias; o melhor é manter essa vossa tradição específica: improvisai-nos um discurso." Então Shantideva expôs os Bodhicaryavatara, mais pequeno que o seu "Compêndio das Instruções" e mais detalhado que o seu "Compêndio dos Sutras".

Enquanto ensinava, a assistência, estupefacta, viu Manjushri majestosamente sentado no céu e concebeu uma grande fé. Quando Shantideva chegou a estes versos do nono capítulo:

"Quando nem a realidade nem a não-realidade deixam de se apresentar ao espírito, então, na ausência de qualquer outra atitude possível, o espírito liberto de conceitos tranquiliza-se"

elevou-se lentamente no céu com Manjushri, cada vez mais alto até se tornar invisível. No fim do Bodhicaryavatara só se ouvia a sua voz.

Os panditas, cuja memória tinha a reputação de infalível, imediatamente puseram o seu discurso por escrito. Mas uns encontraram-se com setecentas quadras, outros com mil e outros com mais ainda. A versão dos panditas do Kashmir tinha nove capítulos e setecentas quadras, a versão dos panditas do Magadha tinha dez capítulos e mil quadras. Levantou-se uma dúvida nos seus espíritos. No seu discurso, o Mestre tinha lido que lessem continuamente o "Compêndio das Instruções", ou então que se estudasse, como abreviado, o "Compêndio dos Sutras".

Ambos os textos eram desconhecidos de todos. Dois panditas de memória infalível decidiram procurar Shantideva. Depois de muitas buscas encontraram-no no sul da Índia, meditando junto a uma stupa. Explicaram-lhe então lentamente as razões da sua visita. Shantideva disse-lhes que a versão autêntica era a dos panditas de Magadha e que os dois compêndios estavam em Nalanda, nas traves do telhado da sua cela.

Encantados, voltaram a Nalanda e encontraram no lugar indicado os dois manuscritos, escritos na fina caligrafia dos panditas. De novo voltaram para junto do Mestre, que lhes explicou o sentido desses textos.

A existência extraordinária de Shantideva progrediu sempre. Percorreu a Índia realizando milagres, salvou milhares de pessoas da fome multiplicando o alimento, curou doentes e feridos, deu fé aos incrédulos e viveu como um perfeito Bodhisattva."


Algumas das quadras do Bodhicaryavatara:


"O desejo, o ódio e as demais paixões são inimigos sem mãos e sem pés, desprovidos de coragem e de inteligência; como é possível que me tenha tornado escravo deles?"


"Um simples voto para o bem do mundo vale mais do que adoração do Buda; quanto mais ainda se lhe juntarmos o esforço de propiciar a felicidade integral a todos os seres."


"Vezes sem conta o prazer e o desagrado foram para mim ocasião de mal agir. Como pude esquecer que um dia teria de abandonar tudo e partir?..."


"Durante a minha permanência neste mundo, muitos se foram, uns amigos, outros inimigos, mas o mal que cometi por causa deles continua sempre presente como uma ameça que não me larga."


"Devemos ver no corpo uma barca que vai e que vem. Que o corpo vá e venha segundo a tua vontade de conduzir os seres à sua finalidade."


"Assim, mestre de si, que o praticante esteja sempre sorridente, que evite franzir o sobrolho e mostrar-se zangado; que seja amigo de toda a gente".



leia a obra na totalidade aqui:


Imagem: Shantideva

09/04/2008

Arte que se lê: Trilogia "Mundos Paralelos" de Philip Pullman


Talvez para alguns a designação dada à trilogia - "Mundos Paralelos" - não lhes diga muito. Mas se eu disser que o primeiro volume passou para o cinema com o nome de "A Bússola Dourada" será muito mais reconhecível.

Esta trilogia é composta pelos títulos - "Os Reinos do Norte", "A Torre dos Anjos" e "O Telescópio Âmbar".
Gostei do filme, mas para quem leu o livro, a adaptação cinematográfica ficará sempre um pouco aquém, pois gosta-se muito mais desta história na palavra escrita, tal é condão do autor em passar para o papel todo este mundo imaginário.

Philip Pullman reúne vários ingredientes dando origem a algo que pode ser descrito da seguinte forma:

"Mundos Paralelos é uma trilogia, mágica e poderosa, recheada de aventuras, imaginação e mistério, que promete conquistar todos aqueles que se renderam ao fascínio de Harry Potter. O seu autor, Philip Pullman, é muitas vezes comparado a C.S. Lewis, Tolkien ou Lewis Carroll, e recebeu já diversos prémios de literatura infanto-juvenil. O primeiro volume, Os Reinos do Norte, reúne um vasto leque de ingredientes que vão desde a fantasia, o thriller, a reflexão filosófica, o mito clássico, o conto de fadas, a física quântica, a poesia ou o humor, ao suspense, ao terror mais genuíno e arrepiante, com uma naturalidade e coerência surpreendentes."

"O segundo volume da trilogia Mundos Paralelos é agora relançado no mercado na colecção Via Láctea, destinada a uma faixa etária superior à colecção Estrela do Mar, onde também se encontra publicado. Neste livro Will, um jovem com apenas doze anos de idade determinado a descobrir a verdade acerca do desaparecimento do seu pai salta através de uma janela para um mundo misterioso, onde conhece Lyra, a protagonista do primeiro volume que, tal como ele tem uma missão a cumprir. E é neste mundo fantástico que se situa a Torre dos Anjos, que guarda o segredo mais importante de Cittàgazze – um objecto que, pelos seus poderes mágicos todos os seres gostariam de possuir..."

"Este livro encerra a famosa trilogia Mundos Paralelos. Pullman criou um mundo fabuloso, prodigiosamente imaginado, repleto de maravilhas e monstros (...), em que o autor explora as questões que mais nos inquietam - o poder do amor, a morte, a evolução e Deus. Um universo que colhe referências a Nietzsche, Milton e Blake, mas que se torna acessível a leitores de variadíssimas idades de uma forma estimulante, desafiadora e original."

fonte: http://www.alfarrabista.com/edicaoDetalhe.php?idEdicao=1018303


Leia um excerto de "Reinos do Norte":

"Lyra e o seu génio atravessaram o grande refeitório que mergulhava lentamente na penumbra, tendo o cuidado de se deslocarem encostados à parede para não serem vistos da cozinha. As três grandes mesas que ocupavam toda a extensão da sala já estavam postas para a refeição que se avizinhava, as pratas e os cristais captando a pouca luz do salão e os longos bancos colocados juntos às mesas, prontos para receberem os convidados. As paredes estavam decoradas com os retratos dos anteriores Mestres. Lyra aproximou-se do estrado, olhou para trás, para a porta aberta que dava para a cozinha e, não vendo ninguém, subiu-o e ficou de pé ao lado da mesa principal. Aqui, os lugares tinham talheres de ouro, e não de prata e, em vez de bancos de carvalho, havia catorze cadeiras de mogno com almofadas de veludo.

Lyra parou junto da cadeira do Mestre e bateu delicadamente com a ponta do dedo no copo maior. O som cristalino soou através do refeitório.

- Não estás a levar isto a sério - murmurou o génio de Lyra - Comporta-te como deve ser.

O génio de Lyra chamava-se Pantalaimon, e naquele momento, assumia a forma de uma traça castanho-escura a fim de passar despercebido na escuridão do refeitório.

- Eles estão a fazer demasiado barulho na cozinha para poderem ouvir - respondeu Lyra num múrmurio - E o Ecónomo só chega depois do primeiro toque. Não te preocupes.

Mas, mesmo assim, Lyra colocou a mão sobre o copo que tilintava enquanto Pantalaimon, batendo freneticamente as asas, se dirigiu para a porta ligeiramente entreaberta que dava para a Sala Reservada, situada do outro lado do estrado. Momentos depois reapareceu.

- Não está ali ninguém. - murmurou - Mas temos de agir depressa.

Acocorando-se detrás da mesa alta, Lyra gatinhou ligeira e entrou na Sala Reservada, onde se levantou e olhou em volta. A única luz que iluminava aquele espaço era a que provinha da lareira, onde os troncos de madeira incandescentes pareceram acalmar ligeiramente quando ela olhou, lançando uma vaga de fagulhas para a chaminé. Lyra vivera a maior parte da sua vida no colégio, mas nunca antes entrara na Sala Reservada; apenas os Académicos e os seus convidados tinham autorização para entrar ali, e nunca fora permitida a entrada de uma mulher naquele espaço. Nem mesmo as criadas faziam a limpeza da Sala Reservada. Essa era uma função que cabia exclusivamente ao Mordomo.

Pantailamon poisou no ombro de Lyra.

- Já estás satisfeita? Podemos ir-nos embora? - perguntou num murmúrio.

- Não sejas palerma! Quero dar uma vista de olhos a isto!"



Site Oficial do filme: http://www.goldencompassmovie.com/

Inspiração: Algo que aprendi hoje sobre o nosso cérebro


Caros visitantes, gostaria de partilhar convosco algo que aprendi hoje sobre o cérebro e as capacidades do mesmo.


Enquanto corria pelos canais da televisão, parei no Sic Mulher. Estava a dar o programa do Dr. Phil, e parei por aí porque me identifiquei com a temática.

Assim como a jovem que estava sentada no plateau, também eu, quando era estudante sofria de uma grande ansiedade aquando dos testes. Percebi tão bem o quase desespero dessa jovem quando se focava os sintomas dessa ansiedade: as "brancas", as naúseas, o suor, a indisposição, a voz interior que mina a confiança.

Oh, quantas guerras tive ao longo dos anos com professores porque mal o enunciado era colocado em cima da mesa eu tinha que correr para a casa de banho!

Focaram também casos de estudantes com notas muito baixas que melhoraram, e muito, a sua prestação com alguns exercícios e, acima de tudo aumentaram a sua auto-estima.


Portanto, sem mais demoras, eis o que aprendi:


- A respiração é fundamental. Quando estamos ansiosos quase até que paramos de respirar. Consequentemente quanto menos oxigénio o nosso cérebro receber, pior será a resposta às tarefas que temos pela frente. Mas, se cada vez que nos sentirmos ansiosos, desconcentrados, efectuarmos algumas respirações profundas e demoradas, o nosso cérebro receberá oxigénio suficiente para agir com calma e dinamismo.


- Mascar pastilha elástica sem açúcar pode ajudar. Sei que parece rebuscado, mas isto tem uma explicação lógica. É que ao mascar pastilha elástica, os movimentos que fazemos ajudam a abrir as vias respiratórias, logo ajudam o nosso cérebro a receber mais oxigénio.


- Ouvir música ritmada. Esta eu tenho que contar à minha mãe, porque muito ela sofreu com o meu hábito de estar sempre a ouvir música, bem alto. E, afinal, as músicas ritmadas estimulam a actividade cerebral, ajudam o processo de pensamento, e é altamente benéfico.

Foi dito explicitamente no programa que a ideia pré concebida dos pais mandarem os filhos fazerem os deveres no seu quarto em silêncio em nada ajuda. As nossas "célulazinhas cinzentas" gostam é de bailarico!


- O açúcar mata o cérebro! Pois, afinal os neurónios não gostam daqueles cereais de pequeno-almoço para a criançada, com bonecada e muito açúcar, que prometem muita energia ao longo do dia. Realmente, ao comerem este tipo de cereais, devido ao excesso de açúcar que estes contém, as crianças ficam muito eléctricas durante 1 hora ou 2, mas depois ficam numa espécie de coma.

O ideal é metade em proteínas, metade em hidratos de carbono complexos.


Para se informarem mais sobre alimentação, deixo já um link:



- Movimento. Pelos vistos o nosso cérebro também aprecia um pouco de exercício físico. Mas não é esquisito neste aspecto, pelos vistos fica mais do que satisfeito se colocarmos uma música e nos formos abanando. Se tiverem vergonha, fechem as cortinas, mas mexam-se!


- Outro tipo de exercício fundamental é o chamado de "ginástica mental", pois ferramenta que não é utilizada acaba por enferrujar.

O aconselhado é arranjar um daqueles cd's onde uma voz radiofónica nos vai levando por várias imagens mentais - "você está a entrar descalço numa praia de areia branca, sentindo um calor agradável na planta dos pés" - estão a ver quais são?!

É que, mais uma vez, a receita que agrada ao nosso cérebro é um misto de imaginação e relaxamento. Façam isto cerca de 20 minutos todos os dias e o vosso cérebro ficar-vos-á grato por toda a vida.


- O último truque é a repetição de afirmações positivas. Se estivermos perante a mesma mensagem muitas vezes o nosso cérebro vai acreditar na mesma como sendo verdadeira, levando todo o nosso organismo, a nossa psique, a agir de acordo com essa mensagem.

Se uma pessoa pensar consecutivamente que "não presta", acaba por acreditar nisso, e que tipo de concretizações podemos esperar por parte desta?

Mas, se em voz alta e repetidamente, essa pessoa, (e refiro-me a todos nós), disser "Eu sou excelente", "Eu sou capaz", "Eu sou criativa, bondosa, saudável, empatética, etc, etc, etc", o cérebro vai assumir essas verdades e vai agir conforme as mesmas.

Isso também leva a uma reflexão sobre o que dizemos aos outros. Se queremos que alguém aja de forma "excelente" não o vamos conseguir através de agressão verbal, dizendo-lhe o oposto.


Concluíndo, os jovens que serviram de exemplo no painel, através destes exercícios passaram as suas notas escolares de negativas a bons e muito bons. Mais importante ainda, é que passaram a acreditar muito mais nas suas capacidades, ganharam confiança em si. Inclusivé subiram pontos no seu Q.I.


Pareceu-me importante partilhar isto convosco, espero que tenham gostado!


O livro em que este episódio do Dr. Phil se baseou:


06/04/2008

Arte que se lê: "Ossos Sagrados" de Michael Byrnes


Recentemente li este livro - "Ossos Sagrados" de Michael Byrnes. Não faltam nas estantes das livrarias obras com temáticas similares. Este em alguns aspectos não difere de muitos outros, mais umas relíquias, uma descoberta fantástica e a intervenção do Vaticano, que entra em pânico e receia a queda da Igreja Católica como hoje existe.

Este autor colocou em plena Jerusalém, israelitas e palestinianos a trabalharem conjuntamente para descobrir porque motivo um grupo, aparentemente muito profissional pelo seu modus operandi, invade o Monte do Templo, matando treze soldados israelistas nessa incursão, para roubar uma relíquia de uma câmara funerária que ninguém sabia existir no edificio.

Visto que o Monte do Templo é um local sagrado tanto para o Judaísmo como para o Islamismo e, tem sido gerador das maiores divergências e conflitos entre os defensores de ambas as religiões, é urgente que se encontrem respostas para o que aconteceu antes que os ânimos aqueçam ainda mais e Jerusalém se torne centro de ataques extremistas de ambos os lados.

Não só têm que descobrir os culpados, mas também o que foi roubado e, como teriam eles acesso a uma câmara que todos desconheciam existir.

Paralelamente dois cientistas, um italiano e uma geneticista americana, são contratados pelo Vaticano para analisarem um esqueleto. Essa investigação mexe com as crenças de cada um dos cientistas pois análises prévias indicam que, este tem cerca de 2000 anos e exibe indesmentíveis marcas de uma crucificação.



Leia um excerto:


"- Temos a informação que nos faltava.


Bersei olhou por cima do ombro de Charlotte enquanto esta carregava no browser da internet e entrava na conta de e-mail. Em segundos, acedeu ao ficheiro de Aldrich e abriu-o para Bersei o ver - uma densa folha de dados.

- Ok. Aqui estão eles. - Trocou de lugar com ele.

Ele desceu ao longo dos dados. Três colunas identificavam um código universal para cada sequência genética, uma interpretação leiga do código, tal como "cor de cabelo" e um valor numérico que especificava esses atributos. No caso da cor do cabelo, o valor numérico na terceira coluna correspondia a uma tonalidade específica num gráfico de cor universal.

- O que é que lhe parece?

- Muitíssimo específico. Parece que posso introduzir os dados directamente no programa.

Ela sorriu para si mesma. Obrigada, Evan.

Bersei abriu o software de imagem e localizou o ficheiro que continha os scans do esqueleto e as reconstrução do tecido - a fantasmagórica estátua de mármore esperava apenas os retoques finais: a "pintura" genética.

- Por agora, vou começar com o básico. O computador irá preencher a cor do cabelo, mas não o corte, é claro - explicou ele, enquanto formatava o ficheiro de dados para importação.

A descoberta de Aldrich de uma mutação fizera com que Charlotte começasse a pensar numa longa lista de possíveis doenças. Já que a maior parte destas atacavam os tecidos moles e não afectavam os ossos - ao contrário daquela que se espalhava pelo corpo dela e que estava determinada a deixar marcas -, ela mal conseguia imaginar o que Evan poderia ter detectado. O extraordinário desejo que sentia por ver a imagem completa fora agora substituído por um medo repentino.

Bersei importou os dados genéticos e premiu uma tecla para actualizar o perfil.

Durante alguns segundos de agonia, pareceu-lhes que não estava a acontecer nada.

Depois a reconstrução aumentada voltou a surgir no monitor.

Não era o que nenhum dos cientistas esperava. "

Arte que se ouve: "The Truth" de India Arie


Estava indecisa sobre que música e intérprete colocar aqui hoje. De repente lembrei-me de tantos mas, não há-de faltar tempo e oportunidade de referi-los a todos.

Acabei por optar pelo tema "The Truth" de India Arie. India Arie é uma talentosa intérprete e compositora dos géneros R&B, American Soul e Neo Soul. É igualmente produtora, guitarrista e flautista.

O que mais me agrada nesta senhora não é só o seu talento, mas o facto de utilizar a sua arte para se envolver em questões sociais, seja para ajudar as vítimas do furacões Katrina e Rita, seja para colaborar com Oprah Winfrey na escola que esta última abriu para meninas na África do Sul.


Espanta-me por esta artista não ser mais conhecida, pois tem um enorme talento, as suas músicas são lindas, assim como a sua voz.

Para representar India Arie escolho o tema "The Truth" do albúm "Voyage to India" de 2002. Vejam o videoclip e prestem atenção à letra. Automaticamente irão perceber porque escolhi esta canção. Fala de Amor, de reconhecer aquele que amamos com as suas qualidades e defeitos, ver essa pessoa como reflexo de nós próprios, sentir que é a nossa metade que amamos de forma Incondicional.



Spoken : Let me tell you why I love him


Chorus:Cause he is the truth

Said he is so real

And I love the way that he makes me feel

And if I am a reflection of him then I must be fly because

His light it shines so bright

I wouldn't lie no


Verse 1:I remember the very first day that I saw him

I found myself immediately intrigued by him

It's almost like I knew this man from another life

Like back then maybe I was his husband maybe he was my wife

And even,things I don't like about him are fine with me

Cause it's not hard for me to understand him cause he's so much like me

And it's truly my pleasure to share his company

And I know that it's God's gift to breathe

The air he breathes


Chorus:Cause he is the truth

Said he is so real

And I love the way that he makes me feel

And if I am a reflection of him then I must be fly because

His light it shines so bright

I wouldn't lie (no)ohhhhhhhhh!


Verse 2:How can the same man that makes me so mad

Do you know what he did-(Spoken)

Turn right around and kiss me so soft

Girl do you know what he did-(Spoken)

If he ever left me I wouldn't even be sad no

Cause there's a blessin' in every lesson

And I'm glad that I knew him at all


Chrous:Cause he is the truth

Said he is so real

And I love the way that he makes me feel

And if I am a reflection of him then I must be fly because

His light it shines so bright no


Bridge, Break-down, & Ending :

I love the way he speaks

I love the way he thinks

I love the way that he treats his mama

I love that gap in between his teeth

I love him in every way that a woman can love a man

From personal to universal but most of all

It's unconditional


You know what I'm talking about-(Spoken)

That's the way I feel

And I always will-(Spoken)


There ain't no substitute for the truth

Either it is or isn't (Cause he is the truth)

You see the truth it needs no proof

Either it is or it isn't (Cause he is the truth)

Now you know the truth by the way it feels

And if I am a reflection of him then I must be fly

Because he is, yes he is

I wonder does he know -Echoes




India Arie no Myspace: http://www.myspace.com/indiaarie

Arte que se joga: Zx Spectrum


Pois é, lembrei-me de mais uma rúbrica. Como gosto de jogos, sejam eles de tabuleiro, para o computador ou até para consolas, decidi falar-vos dos jogos que aprecio.

Mas, antes de falar especificamente sobre um jogo qualquer, gostaria de deixar aqui algumas palavras que poderiam dar origem a debate. Sublinho, caros visitantes, que a vossa opinião é sempre benvinda!

Resumidamente gostaria de salientar que, como tudo na vida, os jogos apresentam pontos positivos e negativos. Jogar é um prazer, um hobby, dependendo do jogo pode originar bons momentos em grupo ou sozinho, estimula o raciocínio e até serve para se apreender diversos conceitos como "trabalhar em equipa".

No entanto, os pais devem estipular um conjunto de regras bem definidas se o utilizador do jogo for uma criança, onde estipulam quanto tempo e a que dias poderá jogar, as tarefas que terá de cumprir para poder jogar - por exemplo, fazer primeiro os trabalhos de casa, bom comportamento em casa e na escola, etc, e, sobretudo ter a coragem e o dinamismo de lhes retirar o jogo definitivamente se a criança tiver uma alteração de comportamente devido ao jogo. Acontece com muita regularidade que as crianças ficam bastantes agressivas depois de uma sessão de jogo, o que não é de estranhar, pois muito dos conteúdos são violentos.

Gostaria de apelar sobretudo para a importância de os pais se informarem detalhadamente sobre cada jogo, depois em boa consciência reflectirem sobre se o mesmo é adequado e, só aí procederem à compra do mesmo, por mais que a criancinha bata o pé, grite, berre e exija.


Pois bem, opiniões à parte, hoje trago-vos um pedacinho da história dos videojogos.

Comecei a jogar há mais de 20 anos, num Zx Spectrum, presente dos meus pais. Para os miúdos de hoje em dia, o Zx Spectrum faz parte da pré-história e até duvido que muitos tenham sequer ouvido falar deste microcomputador, que trouxe à minha geração tantos momentos de prazer.

Este microcomputador não era mais do que um teclado, um rádio leitor de cassetes e alguns cabos, que se ligavam ao televisor lá de casa.

Os jogos vinham em cassetes. Ligávamos a máquina, colocávamos a cassete no leitor e esperávamos uma eternidade até que o jogo carregasse, sem esquecer o barulhinho agudo e tão distinto que acompanhava este processo. Os jogos também não se comparam aos de hoje. Na época era o Pac Man, o Space Raiders, Ground Attack. Que nostalgia!



"O Sinclair ZX Spectrum foi o mais influente dos microcomputadores de 8 bits em Portugal, durante a década de 1980. Foi lançado em Inglaterra em 1982 pela companhia Sinclair Research. Em Portugal a sua distribuição começou a ser feita pela Triudus e logo a seguir pela Landry (que foram os primeiros a fornecer manuais em Português).

Baseado num processador Zilog Z80-A a 3,50 MHz com 16 KBytes de ROM, o Spectrum estava disponível em duas versões, uma com 16 Kbytes de RAM e outra com 48 Kbytes. Era possível expandir internamente o Spectrum 16 Kb para 48 Kb através da adição de 8 chips de memória e mais uns chips de controle.
O desenhador do hardware foi Richard Altwasser da Sinclair Research e o software (em ROM) foi escrito por Steve Vickers por contrato para a Nine Tiles Ltd, os autores do Sinclair BASIC. O responsável pela aparência final do Spectrum foi o designer industrial Rick Dickinson da Sinclair Research.

Com o nome original de ZX82 a máquina foi rebaptizada ZX Spectrum por Sir Clive Sinclair de modo a realçar o facto deste computador produzir imagens a cores em vez do tradicional preto e branco, como acontecia com os computadores anteriores da Sinclair, o ZX80 e o ZX81.
Como era normal nos micros daquela altura, o Spectrum ligava-se a uma televisão mas, ao contrário dos seus antecedentes ZX80 e ZX81, a imagem apresentava uma qualidade muito melhor. No entanto, as primeiras versões (edições 1 e 2) tinham alguns problemas de estabilidade de cor, que tendia a variar à medida que o computador aquecia.

Apesar de hoje nos parecer algo rudimentar, a imagem do Spectrum era praticamente perfeita para ser ligado a uma TV portátil.

O modo de texto do Spectrum era constituído por 24 linhas de 32 caracteres, que equivalia a uma resolução gráfica de 256 pixéis na horizontal e por 192 pixéis na vertical. O Spectrum podia produzir 15 cores, 8 cores de base, numeradas de 0 a 7. Preto (0), Azul (1), Vermelho (2), Magenta (3), Verde (4), Cyan (5), Amarelo (6) Branco (7).
A essas 8 juntavam-se mais 7 cores produzidas a partir das cores base mais brilho (BRIGHT), 0 preto BRIGHT era igual à cor base. A imagem gerada pelo Spectrum era guardada em memória logo a seguir ao fim da ROM, ou seja, a partir do byte 16,384. O bitmap ocupava 6 Kbytes (6144) e eram usados mais 768 bytes (32x24) que continham codificada a informação para cor, brilho e flash. Esta estratégia de ter uma resolução de cor diferente da resolução de pixeis conduzia a alguns efeitos bizarros, que eram conhecidos por choque de atributos. Entretanto, esta estratégia foi necessária para acomodar um bitmap de 49152 pontos em 6K de memória, que de outra forma ocupariam toda a RAM disponivel. (...)"


fonte: wikipédia



Sites:

Jogos do Spectrum - http://www.zxspectrum.net/


05/04/2008

Arte que se lê: "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar" de Luis Sepúlveda


É impossível não gostar de Luis Sepúlveda. Poderia ter escolhido outro título qualquer para representar aqui, porque desde "As Rosas de Atacama" a "Encontro de Amor Num País Em Guerra" são livros que a maioria dos leitores apreciam. Fico-me pela história do gato e da gaivota, que por ser a mais ternurenta de todas, não lhe resisto.



Leia um excerto:


"O gato grande, preto e gordo estava a apanhar sol na varanda, ronronando e meditando acerca de como se estava bem ali, recebendo os cálidos raios pela barriga acima, com as quatro patas muito encolhidas e o rabo estendido.

No preciso momento em que se rodava preguiçosamente o corpo para que o sol lhe aquecesse o lombo ouviu o zumbido provocado por um objecto voador que não foi capaz de identificar e que se aproximava a grande velocidade. Atento, deu um salto, pôs-se de pé nas quatro patas e mal conseguiu atirar-se para um lado para se esquivar à gaivota que caiu na varanda.

Zorbas aproximou-se e a gaivota tentou pôr-se de pé arrastando as asas:

- Não foi uma aterragem muito elegante - miou.

- Desculpa. Não pude evitar - reconheceu a gaivota.

- Olha lá, tens um aspecto desgraçado. Que é isso que tens no corpo? E que mal que cheiras! - miou Zorbas.

- Fui apanhada por uma maré negra. A peste negra. A maldição dos mares. Vou morrer. - grasnou a gaivota num queixume.

- Morrer? Não digas isso. Estás cansada e suja. Só isso. Porque não voas até ao Jardim Zoológico? Não é longe daqui e há lá veterinários que te poderão ajudar - miou Zorbas.

- Não posso. Foi o meu voo final - grasnou a gaivota numa voz quase inaudível, e fechou os olhos.

- Não morras! Descansa um bocado e verás que recuperas. Tens fome? Trago-te um pouco da minha comida, mas não morras - pediu Zorbas, aproximando-se da desfalecida gaivota.

Vencendo a repgnância, o gato lambeu-lhe a cabeça. Aquela substância que a cobria, além do mais, sabia horrivelmente. Ao passar-lhe a língua pelo pescoço notou que a respiração da ave se tornava cada vez mais fraca.

- Olha, amiga, quero ajudar-te mas não sei como. Procura descansar enquanto eu vou pedir conselho sobre o que se deve fazer com uma gaivota doente - miou Zorbas preparando-se para subir ao telhado.

Ia a afastar-se na direcção do castanheiro quando ouviu a gaivota chamá-lo.

- Queres que deixe um pouco da minha comida? - sugeriu ele algo aliviado.

- Vou pôr um ovo. Com as últimas forças que me restam vou pôr um ovo. Amigo gato, vê-se que és um animal bom e de nobres sentimentos. Por isso, vou pedir-te que me faças três promessas. Fazes? - grasnou ela, sacudindo desajeitadamente as patas numa tentativa falhada de se pôr de pé.

Zorbas pensou que a pobre gaivota estava a delirar e que com um pássaro em estado tão lastimoso ninguém podia deixar de ser generoso.

- Prometo-te o que quiseres. Mas agora descansa. - miou ele compassivo.

- Não tenho tempo para descansar. Promete-me que não comes o ovo. - grasnou ela abrindo os olhos.

- Prometo que não te como o ovo - repetiu Zorbas.

- Promete-me que cuidas dele até que nasça a gaivotinha.

- Prometo que cuido dele até nascer a gaivotinha.

- E promete-me que a ensinas a voar - grasnou ela fitando o gato nos olhos.

Então Zorbas achou que aquela infeliz gaivota não só estava a delirar, como estava completamente louca.

- Prometo ensiná-la a voar. E agora descansa que vou em busca de auxílio - miou Zorbas trepando de um salto para o telhado.

Kengah olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos que a tinham acompanhado e, justamente ao exalar o último suspiro, um ovito branco com pintinhas azuis rolou junto do seu corpo impregnado de petróleo."



Conheça o autor:

Luis Sepúlveda é um escritor, realizador, jornalista e activista de nacionalidade chilena.

Nasceu em Ovalle, no Chile, em 4 de Outubro de 1949. Reside actualmente em Gijón, na Espanha, após viver entre Hamburgo e Paris.

Em 1969 vence o “Prémio Casa das Américas” pelo seu primeiro livro “Crónicas de Pedro Nadie”, e também uma bolsa de estudo de cinco anos, na Universidade Lomonosov de Moscovo. No entanto só ficaria cinco meses na capital soviética, pois foi expulso da Universidade por “atentado à moral proletária”, causado, segundo a versão oficial, por Luís Sepúlveda manter contactos com alguns dissidentes soviéticos.

De regresso ao Chile é expulso da Juventude Comunista, adere ao Partido Socialista Chileno e torna-se membro da guarda pessoal do presidente Salvador Allende. No golpe militar do dia 11 de Setembro de 1973, que levou ao poder o ditador general Augusto Pinochet, Luís Sepúlveda encontrava-se no Palácio de La Moneda a fazer guarda ao Presidente Allende. Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos 70, teve de abandonar o país após o golpe militar de Pinochet. Viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru.

Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO. Sepúlveda era, na altura, amigo de Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia. Dedicou a Chico Mendes "O Velho que Lia Romances de Amor", o seu maior sucesso.

Perspicaz narrador de viagens e aventureiro nos confins do mundo, Sepúlveda concilia com sucesso o gosto pela descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar histórias sobre o homem, através da sua experiência, dos seus sonhos, das suas esperanças.


fonte: wikipédia

02/04/2008

Arte que se lê: "O que é que nós não fazemos por amor!?" de Ilene Beckerman



Illene Beckerman tinha 15 anos em 1950. Idealizava o grande amor como sendo algo saído da grande tela. Estava apaixonada por Frank Sinatra. Neste livro jovial e primaveril, a autora conta as suas aventuras e desventuras em busca do amor verdadeiro. São daqueles livros que lemos num ápice mas que apreciamos cada palavra. A mim fez-me sorrir, rir até, e se pensarmos um pouco em nós, até soltamos num suspiro - "O que é nós não fazemos por amor!?"


"Procurar o amor não é tarefa fácil e, muitas vezes, acabamos por nunca encontrar aquilo que desejamos. Em "O que nós não fazemos por amor!?"; Ilene "Gingy" Beckerman descreve de forma profundamente divertida, uma história que todas as mulheres reconhecerão: a primeira paixão, o telefonema que não chega,os votos de amor eternos trocados no casamento, as crises e as rupturas, o eterno recomeço de tudo.


Fazendo uso de uma escrita e de ilustrações profundamente mordazes, Beckerman revê uma vida inteira passada em busca do verdadeiro amor. Recorda-se de quando se esgueirava de casa para ir ter com o namorado, de quando dançava com a cara enconstada à do primeiro marido e de quando começou a viver com o segundo marido - que, por sinal, também não era o homem dos seus sonhos.


Ainda assim, este não é um livro sem esperança. Como diz a autora, "nunca pensei que só fosse encontrar o amor quando fosse praticamente uma cidadã sénior". "O que é que nós não fazemos por amor!?" é a demonstração risonha, mas também comovente, de que na procura do amor, tudo é de facto possível."


Leia um excerto:

"Foi em 1950. Tinha 15 anos e estava apaixonada pelo Frank Sinatra. O Frank estava apaixoando pela Ava Gardner. Ainda nem se tinham casado e já tinham problemas. Os meus grandes problemas ainda estavam por começar. Até essa altura, já tinha estado várias vezes apaixonada, mas foi nesse Verão que me apaixonei pelo Jeffrey.


O Jeffrey tinha dezasseis anos e eu nunca tinha visto um rapaz tão bonito como ele, tinha até melhor aparência do que o Montgomery Clift. O Jeffrey gostava da minha melhor amiga, A Dora. Quando a Dora deixou de gostar dele, ele começou a virar-se para mim, apesar de eu ser tímida, nunca falar e não ser tão bonita como a Dora.


Nesse Verão, eu estava a trabalhar como empregada de mesa num acampamento em Port Jervis, Nova Iorque. Era o terceiro Verão que os meus avós me mandaram para lá. Desde que a minha mãe morrera e o meu pai se fora embora, no Verão, não sabiam o que fazer comigo. O Jeffrey era monitor-júnior de um acampamento de luxo do Maine que tinha equitação e ténis.


Fiquei admirada quando me mandou um postal: "Querida Gin, o acampamento é fixe, mas quem me dera que estivesses aqui. Todas as minhas meias estão sujas. Jeff"


Não me importei com o comentário sobre as meias. Era tão bonito que até lhas podia ter lavado.


Respondi ao seu postal com um postal. Levei dois dias a pensar no que dizer-lhe e horas a treinar a minha caligrafia para que ficasse apresentável. O Jeffrey não respondeu.


Como eu frequentava uma escola secundária só para raparigas, era difícil arranjar namorados. A Dora foi para um colégio privado misto - e tinha imensos. (...) "

Arte que se vê: "O Reino" de Peter Berg


Finalmente ontem vi "O Reino". Sinceramente andava "a fugir" deste filme. É que os filmes são de modas. Ora os cinemas são inundados por n filmes de terror ao mesmo tempo, ora por comédias, ora por filmes que partilham a mesma temática. Actualmente o tema chave tem sido o terrorismo, a guerra no Iraque. De certa forma é mais do que normal e esperado que assim seja, ninguém no mundo é impermeável à realidade dos nossos dias.

Gosto de cinema americano, mas reconheço que quando assuntos sérios são focados, existe uma enorme tendência a apresentarem uma visão unilateral, fazendo de um filme uma autêntica propaganda ao modo de vida americano. Felizmente tem havido um crescimento dos realizadores e, aos poucos têm desenvolvido uma visão um pouco mais global dos acontecimentos que descrevem. Aperceberam-se da zona cinzenta, que o mundo não se pinta somente da dicotomia branco/ negro, bom/mau.

Voltando a este filme, devo dizer que gostei. A cena final do mesmo cativou-me, leva à reflexão. Ilustra que existem mais semelhanças do que diferenças, mesmo quando se analisa um bombista e um agente do Fbi - isto porque as palavras de ambos para com alguém querido, para diminuir o sofrimento oriundo de acções da facção oposta foram exactamente as mesmas: "eles vão morrer todos".

Gostaria de ver um filme do género que fosse um produto do cinema europeu, onde se explorasse verdadeiramente um visão neutra, quase documental e jornalística deste tema.




"O Reino

Como deter um inimigo que não tem medo de morrer?


Quando um terrorista detona uma bomba no interior de uma zona residencial americana em Riad, na Arábia Saudita, um incidente internacional é espoletado.
Enquanto os diplomatas debatem demoradamente potenciais respostas aos actos terroristas, o agente especial do FBI Ronald Fleury (Jamie Foxx) rapidamente reúne uma equipa de elite (Chris Cooper, Jennifer Garner e Jason Bateman), negociando secretamente uma viagem à Arábia Saudita com o intuito de localizar o responsável por trás dos atentados.
Ao aterrarem na Arábia Saudita, Fleury e a sua equipa apercebem-se das desconfianças das autoridades locais e das dificuldades constantemente impostas. A equipa vê no Capitão da polícia saudita, Al-Ghazi, um precioso aliado que os ajuda a contornar as burocracias e a desvendar os mistérios da cena do crime, bem como o “modus operandi” de uma célula extremista.
Com esta aliança improvável, mas com dedicação e objectivos semelhantes, aproximam-se gradualmente da verdade, e numa luta envolvendo as suas próprias vidas, estranhos, unidos por uma mesma missão, não desistirão até que se faça justiça no Reino."




01/04/2008

Arte que se ouve: "Atlas" dos Battles


"Primeiro estranha-se, depois entranha-se" - este foi um slogan escrito por Fernando Pessoa para a Coca Cola. Acho que este se adequa na perfeição ao género musical que hoje foco aqui - o rock matemático ou math rock. Esta música - "Atlas" dos Battles, do albúm "Mirrored", é um óptimo exemplo. A primeira vez que a ouvi parei para assimilar toda a sua substância, coisa rara para os meus ouvidos. Mas, a verdade é que somos compelidos a ouvir repetidamente esta música, mesmo sem se conseguir discernir se se gosta ou não.


"Math Rock é um gênero musical que surgiu em fins da década de 1980 com influências do Hard core, Punk rock, Rock, Rock progressivo.
A composição musical neste gênero é bastante complexa incorporando métricas incomuns em seu ritmo, tido como matemático, daí o nome, Math rock (literalmente rock matemático).
Os instrumentos geralmente sendo tocados em bases atonais ou politonais e nem sempre sincronizados são acompanhados da voz, quando presente, alternando entre o ritmo calmo e gritado.
Existe como sub-gênero a este o post-rock, sendo difícil sua diferenciação, ainda que neste caso a tendência é uma menor influência do hard core quanto mais de ritmos mais leves e melódicos."


fonte: wikipédia


leia mais sobre math rock: http://en.wikipedia.org/wiki/Math_rock


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