28/02/2008

Arte que se vê: "A canção de Lisboa"


Num blog sobre as diversas expressões da Arte, não poderia estar ausente uma rúbrica relacionada com a sétima arte - o Cinema. Inicio então a mesma com o filme "A Canção de Lisboa", nada mais nada menos do que o primeiro filme sonoro português, e um dos meus favoritos de todos os tempos.


"A Canção de Lisboa, 1933, realizado por José Cottinelli Telmo, é o primeiro filme sonoro português, que inaugura o seu principal género cinematográfico: A Comédia Portuguesa.


Elenco:


As suas vedetas mais famosas são: Beatriz Costa, Vasco Santana e António Silva, todos eles protagonistas de A Canção de Lisboa. Sendo o restante elenco constituido pelos actores: Alfredo Silva, Ana Maria, Artur Rodrigues, Coralia Escobar, Eduardo Fernandes, Elvira Coutinho, Fernanda Campos, Francisco Costa, Henrique Alves, Ivone Fernandes, José Victor, Júlia da Assunção, Manoel de Oliveira, Manuel Santos Carvalho, Maria Albertina, Maria da Luz, Silvestre Alegrim, Sofia Santos, Teresa Gomes e Zizi Cosme.


A sua produção:

Foi um filme que, na época, obteve grande sucesso e êxito do público, não apenas em Portugal mas também nos então territórios de Ultramar e Brasil. Esse êxito deveu-se em parte ao carácter tipicamente português das personagens e das situações que permitia a total identificação dos espectadores com o filme. E em parte à introdução de canções que rapidamente se tornaram populares, não só neste filme mas em todos os outros do género. Por isso, estas comédias são clássicos do cinema português, onde nunca se deixaram de ver e rever até aos dias de hoje. A Canção de Lisboa não é apenas pioneiro deste género cinematográfico como também um dos melhores. Por ter sido considerado um objecto de prestígio, o valor dos bilhetes foi mais dispendioso do que o habitual. O sucesso alcançado foi de tal forma retumbante, que as receitas do filme permitiram, inculsivé, pagar uma grande parte das instalações da Tóbis que se encontravan então em construção.
Para além dos actores, outros grandes nomes da arte portuguesa marcaram a produção deste filme, por exemplo, os cartazes: Nada menos que três fora concebidos por Almada Negreiros. Outra participação enaltecedora deste magnífico filme foi a de Manoel de Oliveira então no começo da sua carreira cinematográfica como realizador, aparece neste filme como actor, interpretando Carlos, o melhor amigo do actor principal Vasco Santana.
A Canção de Lisboa, pilar do cinema portugês, ironicamante não foi relizado por um cineasta mas sim por um conhecido arquitecto José Cottinelli Telmo, tendo aliás sido o único filme por ele realizado. O uso do espaço em Lisboa, tanto em cenários de estúdio como em cenários naturais, é característico da sabedoria de um arquitecto. Por todos este motivos A Canção de Lisboa é um clássico e ao mesmo tempo um filme único que ficará para sempre como marco e testemunho da evolução cinematográfica portuguesa.



Enredo:

Vasco Leitão (Vasco Santana), boémio e cábula, estuda na Faculdade de Medicina de Lisboa e vive da mesada das tias ricas, a quem já mandou dizer um ror de vezes que era doutor, exercendo num riquíssimo consultório. As tias que vivem na província, em trás-os-montes, nunca vieram à capital e ignoram a realidade do sobrinho. Pois não sabem que Vasco prefere os retiros e os arraiais, folgar e cantar o fado. Sendo ele um audaz conquistador das raparigas, conquistou Alice (Beatriz Costa), uma costureira do Bairro dos Castelinhos, o que não agrada ao pai, o Alfaiate Caetano (António Silva), pois sabe que ele é um boémio e que nunca mais há de assentar. Os azares de Vasco são constantes ao longo das suas peripécias - no mesmo dia em que reprova o exame de final de curso, recebe uma carta das tias onde lhe anunciam uma visita, a fim de conhecer a Lisboa que ainda não viram e de admirar a riqueza que promoveram ao sobrinho.


Chegadas a Lisboa, as tias, são roubadas e desmaiam. Incitado por Quinquinhas, Vasco é obrigado a transportar as tias desmaiadas na tipóia da tourada, mas as tias, entretanto, voltam ao estado consciente e apercebendo-se do seu transporte sentem-se indignadas e zangam-se com Vasco. Para apaziguar o sucedido, Vasco alia-se a Caetano e este mente às tias dizendo que Vasco é um sábio e um excelente médico, mas ele desconhece que o alfaiate actua com o interesse de "comer o dinheiro às velhotas", como profere o Sapateiro aquando da sua união com o alfaiate para deserdar Vasco, ficando eles com a herança.


As tias, já desconfiadas, descobrem o embuste de Vasco, quando este não tendo nenhum consultório para lhes mostrar leva-as ao Jardim Zoológico, onde é confundido com o Veterinário, consultando todos os animais do Zoo, pois cada consulta vale 20 escudos e Vasco aproveita a confusão para ganhar alguns "macacos", como ele diz ao empregado do Zoo, o Sr. Carneiro, que o acompanha nesta peripécia. Assim, sem fortuna das tias, apercebe-se da miséria, sendo salvo por Carlos, seu grande amigo, que lhe arranja num retiro de fado, o do Alexandrino, ocupação como fadista. É aclamado tanto na sua carreira de fadista como na de estudante, indo a exame onde aprova, finalmente, com 20 valores, o curso de medicína - "ele até sabe o que é o maistoideu"... tornando-se então médico casa com Alice, tendo entretanto feito as pazes com as tias, é respeitado e idolatrado por todos."

fonte: wikipédia
Imagem: um dos cartazes da autoria de Almada Negreiros




Conheça mais sobre este filme em http://www.amordeperdicao.pt/basedados_filmes.asp?filmeid=152

Veja alguns excertos deste filme:
- Exame final de Vasco: http://www.youtube.com/watch?v=4RBcigJjHSY
- Fado do Estudante: http://www.youtube.com/watch?v=jwcVr1MWxx8&feature=related
- Beatriz Costa em Agulha e o Dedal: http://www.youtube.com/watch?v=Pdac522Z3i0&feature=related

Arte que se lê: "Mensagem" de Fernando Pessoa


Na rubrica "arte que se lê" é minha preocupação sublinhar a existência de autores e obras que a mim me cativam como leitora e, que na minha subjectividade, recomendaria a outros leitores.

De Fernando Pessoa, fascinam-me todos os seus múltiplos heterónimos, toda a obra e, prometo apresentar aqui mais algumas obras deste génio, pois este não se condensa num único post.

Inicio pela sua Mensagem, obra que considero de imperativa leitura, porque não importa quanto tempo passe pelas suas páginas, a sua essência será sempre actual. Adequa-se plenamente ao que se vive actualmente em Portugal, a dissociação entre realidade e a esperança/vontade que é impossível não sentir interiormente, fé na criação de algo mais luminoso.



O dos Castelos


"A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.


O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.


Fita, com olhar 'sfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.


O rosto com que fita é Portugal. "


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O Horizonte


"Ó mar anterior a nós, teus medos

Tinham coral e praias e arvoredos.

Desvendadas a noite e a cerração,

As tormentas passadas e o mistério,

Abria em flor o Longe, e o Sul sidério

'Splendia sobre as naus da iniciação.


Linha severa da longínqua costa -

Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta

Em árvores onde o Longe nada tinha;

Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:

E, no desembarcar, há aves, flores,

Onde era só, de longe a abstracta linha.


O sonho é ver as formas invisíveis

Da distância imprecisa, e, com sensíveis

Movimentos da esp'rança e da vontade,

Buscar na linha fria do horizonte

A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -

Os beijos merecidos da Verdade.




A Mensagem:


"O autor da Mensagem singulariza-se como um épico sui generis, introvertido, cantor, sem tuba ruidosa, de miríficas irrealidades. Escreveu o seu livro "à beira-mágoa", de olhos humedecidos, para expandir a "febre de Além" que atribui ao infante D. Fernando, para condensar em verbo poético o sonho de uma Índia que não há, por isso melhor. Ao Império português do século XVI não chamou ele "obscuro e carnal antearremedo"? O idealismo estreme, ocultista ou platónico, de alguns dos seus poemas líricos reduz o mundo visível a cópia grosseira do mundo invisível. Aqui sobre a terra "tudo é nocturno e confuso", tudo são projecções, sombras, fumo de um lume escondido; no outro mundo é que vivemos como almas. A Mensagem reafirma a cada passo a mesma repugnância pelo carnal, pelo que o sonho ou a loucura não redimem."

J. P. Coelho


"A Mensagem poderá ser vista como uma epopeia, porque parte de um núcleo histórico, mas a sua formulação, sendo simbólica e mítica, do relato histórico, não possuirá a continuidade. Aqui, a acção dos heróis só adquire pleno significado dentro de uma referência mitológica. Aqui, serão só eleitos, terão só direito à imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos significativos. Assim, sua estrutura será dada pelo que, noutra linguagem, se poderá chamar os esquemas ideológicos, ou as ideias-força desse povo: regresso ao paraíso, realização do impossível, espera do Messias… Raízes do desenvolvimento dessa entidade colectiva.


Assim, a estrutura da Mensagem, sendo a de um mito, numa teoria cíclica, a das Idades, transfigura e repete a história de uma pátria como o mito de um nascimento, vida e morte de um mundo; morte que será seguida de um renascimento. Desenvolvendo-a como uma idade completa, de sentido cósmico e dando-lhe a forma simbólica tripartida - Brasão, Mar Português, O Encoberto. Que se poderá traduzir como: os fundadores , ou o nascimento; a realização, ou a vida; o fim das energias latentes, ou a morte: essa que conterá já em si, como gérmen, a próxima ressurreição, o novo ciclo que se anuncia - o Quinto Império. Assim, a terceira parte é toda ela um fim, uma desintegração; mas também toda ela cheia de avisos, prenhe de pressentimentos, de forças latentes prestes a virem à Luz: depois da Noite, e Tormenta, vem a Calma e a Antemanhã; estes são os Tempos.


Que mutação houve e que auscultou o poeta, na alma do seu povo? À era dos heróis, daqueles que percorrendo, sozinhos e únicos, o caminho da realização pessoal e colectiva, levando-a até ao fim através de perigos sem conta, se teria sucedido uma era de desistência e anulação pessoal, em que a esperança e a obra de realização, de salvamento, se transfere e projecta num super-eu nacional - o Desejado. É ele que trará a regeneração do povo; que pela sua aparição instaurará o tempo novo.


Depois da degenerescência do tempo antigo, Alcácer Quibir contará o fim de um ciclo de uma pátria, tal como o de um mundo, por um dilúvio, pela sua força renovadora e purificadora.
A vinda do Encoberto marcará o fim da história. Os cinco impérios são irreversíveis. Alcácer-Quibir é um acontecimento de valor religioso. E aí a morte de D. Sebastião assumirá o sentido da morte redentora de um deus.
Essa intrinseca identificação do poeta com a nação toma aqui no profetismo a forma do que assume em si, na sua pessoa, única e mortal, o destino de um ser colectivo, em todo o transcurso da sua existência. "

Dalila L. P. da Costa





Conheça mais sobre o autor e a obra em: http://www.prof2000.pt/users/hjco/Mensagem/ - fonte dos textos aqui apresentados.
Imagem: Fernando Pessoa fotografado por Severino Braga

Arte Antiga: Egipcia


Após os posts sobre os vários sub-grupos da arte Mesopotâmica, é chegada a altura, cronologicamente, de nos debruçarmos sobre a Arte Egipcia.


Introdução:


"A arte egípcia refere-se à arte desenvolvida e aplicada pela civilização do antigo Egipto localizada no vale do rio Nilo no Norte de África. Esta manifestação artística teve a sua supremacia na região durante um longo período de tempo, estendendo-se aproximadamente pelos últimos 3000 anos antes de Cristo e demarcando diferentes épocas que auxiliam na clarificação das diferentes variedades estilísticas adoptadas: Período Arcaico, Império Antigo, Império Médio, Império Novo, Época Baixa, Período ptolemaico e vários períodos intermédios, mais ou menos curtos, que separam as grandes épocas, e que se denotam pela turbulência e obscuridade, tanto social e política como artística. Mas embora sejam reais estes diferentes momentos da história, a verdade é que incutem somente pequenas nuances na manifestação artística que, de um modo geral, segue sempre uma vincada continuidade e homogeneidade.O tempo e os acontecimentos históricos encarregaram-se de ir eliminando os vestígios desta arte ancestral, mas, mesmo assim, foi possível redescobrir algo do seu legado no século XIX, em que escavações sistemáticas trouxeram à luz obras capazes de fascinar investigadores, coleccionadores e mesmo o olhar amador. A partir do momento em que se decifram os hieróglifos na Pedra de Roseta é possível dar passos seguros a caminho da compreensão da cultura, história, mentalidade, modo de vida e naturalmente da motivação artística dos antigos egípcios."



Motivação e Objectivos:


"A arte do antigo Egipto serve acima de tudo objetivos políticos e religiosos. Para compreender a que nível se expressam estes objectivos é necessário ter em conta a figura do soberano absoluto, o faraó. Ele é o representante de deus na Terra e é este seu aspecto divino que vai vincar profundamente a manifestação artística.
Deste modo a arte representa, exalta e homenageia constantemente o faraó e as diversas divindades da mitologia egípcia, sendo aplicada principalmente a peças ou espaços relacionados com o culto dos mortos, isto porque a transição da vida à morte é vista, antecipada e preparada como um momento de passagem da vida terrena à vida após a morte, à vida eterna e suprema.
O faraó é imortal e todos seus familiares e altos representantes da sociedade têm o privilégio de poder também ter acesso à outra vida. Os túmulos são, por isto, dos marcos mais representativos da arte egípcia, lá são depositados a múmia ou estátua (corpo físico que acolhe posteriormente a alma, ka) e todos os bens físicos do quotidiano que lhe serão necessários à existência após a morte."



Estilos e Normas:


"A arte egípcia é profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a descrever situações. Do mesmo modo a simbologia serve à estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida criando um forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes.
A harmonia e o equilíbrio devem ser mantidos, qualquer perturbação neste sistema é, consequentemente, um distúrbio na vida após a morte. Para atingir este objectivo de harmonia são utilizadas linhas simples, formas estilizadas, níveis rectilíneos de estruturação de espaços, manchas de cores uniformes que transmitem limpidez e às quais se atribuem significados próprios.
A hierarquia social e religiosa traduz-se, na representação artística, na atribuição de diferentes tamanhos às diferentes personagens, consoante a sua importância. Como exemplo, o faraó será sempre a maior figura numa representação bidimensional e a que possui estátuas e espaços arquitectónicos monumentais. Reforça-se assim o sentido simbólico, em que não é a noção de perspectiva (dos diferentes níveis de profundidade física), mas o poder e a importância que determinam a dimensão."



As Cores:


"A arte egípcia, à semelhança da arte grega, apreciava muito as cores. As estátuas, o interior do templos e dos túmulos eram profusamente coloridos. Porém, a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores originais que cobriam as superfícies dos objectos e das estruturas.
As cores não cumpriam apenas a sua função primária decorativa, mas encontravam-se carregadas de simbolismo, que se descreve de seguida:


- Preto (kem): era obtido a partir do carvão de madeira ou de pirolusite (óxido de manganésio do deserto do Sinai). Estava associado à noite e à morte, mas também poderia representar a fertilidade e a regeneração. Este último aspecto encontra-se relacionado com as inundações anuais do Nilo, que trazia uma terra que fertilizava o solo (por estão razão, os Egípcios chamavam Khemet, "A Negra", à sua terra). Na arte o preto era utilizado nas sobrancelhas, perucas, olhos e bocas. O deus Osíris era muitas vezes representado com a pele negra, assim como a rainha deificada Ahmés-Nefertari.


- Branco (hedj): obtido a partir da cal ou do gesso, era a cor da pureza e da verdade. Como tal era utilizado artísticamente nas vestes dos sacerdotes e nos objectos rituais. As casas, as flores e os templos eram também pintados a branco.


- Vermelho (decher): obtido a partir de ocres. O seu significado era ambivalente: por um lado representava a energia, o poder e a sexualidade, por outro lado estava associado ao maléfico deus Set, cujos olhos e cabelo eram pintados a vermelho, bem como ao deserto, local que os Egípcios evitavam. Era a vermelho que se pintava a pele dos homens.


- Amarelo (ketj): para criarem o amarelo, os Egípcios recorriam ao óxido de ferro hidratado (limonite). Dado que o sol e o ouro eram amarelos, os Egípcios associaram esta cor à eternidade. As estátuas dos deuses eram feitas a ouro, assim como os objectos funerários do faraó, como as máscaras.


- Verde (uadj): era produzido a partir da malaquite do Sinai. Simboliza a regeneração e a vida; a pele do deus Osíris poderia ser também pintada a verde.


- Azul (khesebedj): obtido a partir da azurite (carbonato de cobre) ou recorrendo-se ao óxido de cobalto. Estava associado ao rio Nilo e ao céu."



Lei da Frontalidade:


"Embora seja uma arte estilizada é também uma arte de atenção ao pormenor, de detalhe realista, que tenta apresentar o aspecto mais revelador de determinada entidade, embora com restritos ângulos de visão. Para esta representação são só possíveis três pontos de vista pela parte do observador: de frente, de perfil e de cima, e que cunham o estilo de uma forte componente estática, de uma imobilidade solene.O corpo humano, especialmente o de figuras importantes, é representado utilizando dois pontos de vista simultaneos, os que oferecem maior informação e favorecem a dignidade da personagem: os olhos, ombros e peito representam-se vistos de frente; a cabeça e as pernas representam-se vistos de lado.
O facto de, ao longo de tanto tempo, esta arte pouco ter variado e se terem verficado poucas inovações, deve-se aos rígidos cânones e normas a que os artistas deveriam obedecer e que, de certo modo, impunham barreiras ao espírito criativo individual.A conjugação de todos estes elementos marca uma arte robusta, sólida, solene, criada para a eternidade. "



O Artista:


"Os criadores do legado egípcio chegam aos nossos dias anónimos, sendo que só em poucos casos se conhece efectivamente o nome do artista. Tão pouco se sabe sobre o seu carácter social e pessoal, que se crê talvez nem ter existido tal conceito no grupo artístico de então. Por regra, o artista egípcio não tem um sentido de individualidade da sua obra, ele efectua um trabalho consoante uma encomenda e requisições específicas e raramente assina o trabalho final. Também as limitações de criatividade impostas pelas normas estéticas, e as exigências funcionais de determinado empreendimento, reduzem o seu campo de actuação individual e, juntamente com o facto de ser considerado um executor da vontade divina, fazem do artista um elemento de um grupo anónimo que leva a cabo algo que o transcende.
O trabalho é efectuado em oficinas, onde se reunem os executores e os seus mestres nas diferentes tipologias artísticas, escultores, pintores, carpinteiros e mesmo embalsamadores. Nestes locais trabalha-se em série e os trabalhos saem em série.
No entanto é possível indentificar diferenças entre distintas obras e estilos que reflectem traços individuais de determinados artistas, onde se observam, por exemplo, inovações a nível de composição decorativa. Do mesmo modo tanto é possível reconhecer artistas com talento, genialidade e perfeito conhecimento dos materiais em obras de grande qualidade, como artistas que se limitam a fazer cópias.
Mas o artista é também visto como um indivíduo com uma tarefa divina importante. Mesmo que se trate de um executor ele necessita de contacto com o mundo divino para poder receber a sua força criadora. Sem ele não seria possível tornar visível o conteúdo espiritual, o invisível. O próprio termo para designar este executor, s-ankh, significa o que dá vida."



(continua)

Fonte. wikipédia
Imagem: Pintura em câmara funerária de Nefertiri, mulher de Ramses II.

27/02/2008

Arte que se lê: "Enquanto Salazar dormia" de Domingos Amaral


Este é, certamente, um dos livros que recomendo a qualquer leitor. Na minha relação com a literatura foi um dos livros que me fez regressar à comtemporânea portuguesa, da qual me tinha afastado. É interessante, tem movimento, cativa e prende, agradam-me os diálogos, o carisma das personagens, o facto de ser altamente cinematográfico, pois a todos os momentos temos uma espécie de "Casablanca" a passar pela mente. Agarrou-me enquanto leitora e, tudo isto sem ser pretensioso.


"Uma história de amor em tempo de Guerra. Lisboa, 1941. Memórias de um espião numa cidade cheia de luz e sombras.
Numa Europa fustigada pelos horrores da II Guerra Mundial, os refugiados chegam aos milhares e Lisboa enche-se de milionários, actrizes, judeus e espiões. Portugal torna-se palco de uma guerra secreta que Salazar permite, mas vigia à distância.
Lisboa, 1941. Um oásis de tranquilidade numa Europa fustigada pelos horrores da II Guerra Mundial. Os refugiados chegam aos milhares e Lisboa enche-se de milionários e actrizes, judeus e espiões. Portugal torna-se palco de uma guerra secreta que Salazar permite, mas vigia à distância. Jack Gil Mascarenhas, um espião luso-britânico, tem por missão desmantelar as redes de espionagem nazis que actuavam por todo o país, do Estoril ao cabo de São Vicente, de Alfama à Ericeira. Estas são as suas memórias, contadas 50 anos mais tarde. Recorda os tempos que viveu numa Lisboa cheia de sol, de luz, de sombras e de amores. Jack Gil relembra as mulheres que amou; o sumptuoso ambiente que se vivia no Hotel Aviz, onde espiões se cruzavam com embaixadores e reis; os sinistros membros da polícia política de Salazar ou mesmo os taxistas da cidade. Um mundo secreto e oculto, onde as coisas aconteciam «enquanto Salazar dormia», como dizia ironicamente Michael, o grande amigo de Jack, também ele um espião do MI6. Num país dividido, os homens tornam-se mais duros e as mulheres mais disponíveis. Fervem intrigas e boatos, numa guerra suja e sofisticada, que transforma Portugal e os que aqui viveram nos anos 40."





24/02/2008

Inspiração: Mandala


"O simbolismo da santidade e eternidade do templo aparece claramente na estrutura mandálica dos santuários de todas as épocas e civilizações. Uma vez que o plano arquitetônico do templo é obra dos deuses e se encontra no centro muito próximo deles, esse lugar sagrado está livre de toda corrupção terrestre. Daí a associação dos templos às montanhas cósmicas e a função que elas exercem de ligação entre a Terra e o Céu. Como exemplo, temos a enorme construção do templo de Borobudur, em Java, na Indonésia. Outros exemplos que podemos citar são as basílicas e catedrais cristãs da Igreja primitiva, concebidas como imitação da de Jerusalém Celeste, representando uma imagem ordenada do cosmos, do mundo.


A mandala como simbolismo do centro do mundo dá forma não apenas as cidades, aos templos e aos palácios reais, mas também a mais modesta habitação humana. A morada das populações primitivas é comumente edificada a partir de um poste central e coloca seus habitantes em contato com os três níveis da existência: inferior, médio e superior. A habitação para ele não é apenas um abrigo, mas a criação do mundo que ele, imitando os gestos divinos, deve manter e renovar. Assim, a mandala representa para o homem o seu abrigo interior onde se permite um reencontro com Deus. Um exemplo bem típico brasileiro de mandala, a partir da arquitetura, é a planta superior da Catedral de Brasília.



Em termos de artes plásticas, a mandala apresenta sempre grande profusão de cores e representa um objeto ou figura que ajuda na concentração para se atingir outros níveis de contemplação. Há toda uma simbologia envolvida e uma grande variedade de desenhos de acordo com a origem.
Originalmente criadas em giz, as mandalas são um espaço sagrado de meditação. Atualmente são feitas com areia originárias da Índia. Normalmente divididas em quatro secções, pretende ser um exercício de meditação e contemplação. O objetivo da arte na cultura budista tibetana é reforçar as Quatro Nobres Verdades. As mandalas são consideradas importantíssimas para a preparação de iniciadores ao Budismo, de forma a prepará-los para o estudo do significado da iluminação.
O processo de construção de uma mandala é uma forma de meditação constante. É um processo bastante lento, com movimentos meticulosos. O grande benefício para os que meditam a partir da mandala reside no fato de que a imaginaram mentalmente construída numa detalhada estrutura tridimensional.
No processo da construção de uma mandala, a arte transforma-se numa cerimônia religiosa e a religião transforma-se em arte. Quando a mandala está terminada, apresenta-se como uma construção extremamente coloria. Depois do ciclo é desmanchada, a areia é depositada, geralmente, na água. Apenas uma parte é guardada e oferecida aos participantes.
Um monge inicia a destruição desenhando linhas circulares com seu dedo, depois espalham a areia e a colocam em uma urna. Quando a areia é toda recolhida, eles apagam as linhas que serviram de guia à construção e despejam a areia nas águas do rio."


fonte: wkipédia
Imagem: mandala digital de Carmen Thiago


As mandalas são formas de expressão que, hoje em dia, não são somente utilizadas em cerimónias budistas, mas parte de todos. Qualquer criança ou adulto é capaz de desenhar,na sua própria visão e subjectividade, a sua mandala. As crianças aprendem já a expressar-se desta forma nas aulas de Educação Visual. Simplesmente, é benéfica a expressão artística e criativa por parte de qualquer um.


Veja mais sobre mandalas:

1 - Linda mandala virtual de Ikonic: http://www.youtube.com/watch?v=7E7jEJ9AiG0
2 - Criação de mandalas em areia:
http://www.youtube.com/watch?v=kRTa6btlyBg
http://www.youtube.com/watch?v=Espu6XqAWHs&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=2uazRvR9p0w&feature=related
3 - Outras mandalas:
http://www.youtube.com/watch?v=8hjoFPo0DYQ
http://www.youtube.com/watch?v=t0nVI-arIiY


Site do Projecto Mandala - Imprima e dê cor à sua mandala
http://www.mandalaproject.org/

Arte Antiga: Mesopotâmica - Persa


A arte Persa vem findar o período da Arte Mesopotâmica que temos vindo a explorar nos últimos posts.


"Manifestações artísticas do Irão. Embora a arte e a cultura do ocidente desse país sejam tradicionalmente conhecidas como persas, já faz muito tempo que o país é denominado Irão e os seus habitantes são chamados de iranianos, não mais persas. No entanto, recorreremos ao termo mais difundido e mais popular para nos referirmos ao período anterior à chegada do Islão, que remonta ao século VII d.C., ou seja, à época do antigo Império persa, bem como a sua pré-história.



Período Antigo

Os principais trabalhos artísticos da pré-história foram as peças de cerâmica e as pequenas figuras de argila, apesar do predomínio da arquitectura e da escultura ao longo dos dois impérios persas: o aquemênida e o sassânida (séculos VI a.C. - VII d.C.). Depois da conquista árabe e da introdução do Islão no século VII d.C., a escultura perdeu lugar para a arquitectura, que conheceu a partir de então um período de grande esplendor.

A pintura chegou a ter alguma importância entre os séculos XIII e XVII. No século XX, essas antigas formas artísticas foram recuperadas, combinando os modelos tradicionais com a tecnologia ocidental e os novos materiais. Entre os primeiros exemplos da arquitectura persa, destacam-se pequenas casas feitas à base de argamassa e tijolos de barro cru e secos ao sol, descobertas em várias obras neolíticas do ocidente do Irão. As escavações realizadas em Tal-i Bakun, próximo a Persépolis, e em Tal-i Iblis e Tepe Yahya, próximo a Kerman, mostram como as construções eram feitas em torno de 4000 a.C., agrupadas em povoados ou pequenas cidades. O primeiro momento de grande desenvolvimento da arquitetura persa tem lugar com a dinastia dos Aquemênidas (550 a 331 a.C.). Os indícios são numerosos, sendo os mais antigos as ruínas de Pasárgada, a capital do reinado de Ciro II, o Grande. Dario I, o Grande construiu uma nova capital em Persépolis, cidade que mais tarde seria ampliada por Xerxes I e Artaxerxes I (465-425 a.C.).

Após a conquista da Pérsia por Alexandre Magno em 331 a.C. e a chegada ao poder da dinastia selêucida, a arquitetura persa imitou o estilo característico do mundo grego. Com a dinastia sassânida, que governou a Pérsia de 226 d.C. até a conquista do Islão em 641, teve lugar um importante renascimento arquitectónico. Entre os principais vestígios conservados, estão as ruínas dos palácios cupulados de Firuzabad, Girra e Sarvestan e as amplas salas abobadadas de Ctesifonte.

No primeiro grande período da arte persa, durante o reinado dos Aquemênidas, a escultura ganhou uma característica monumental. Perto de 515 a.C., Dario I, o Grande mandou esculpir um grande painel em baixo-relevo e uma inscrição gravada na rocha das encostas de Behistun. O segundo grande período da arte persa começa com o advento da dinastia sassânida em 226 a.C. Desse período, sobreviveu apenas um único exemplo de escultura livre ou de forma redonda, que é a colossal figura de um rei fantasma próxima de Bishapur.

Os primeiros exemplos das artes decorativas persas remontam ao final do VII milénio a.C. e consistem em desenhos de animais e figuras femininas modeladas em argila. Iniciado em fins do segundo milénio e com um desenvolvimento cronológico que alcança até meados do primeiro milénio, teve lugar em toda a região montanhosa ao sul do Cáspio e em Luristão um importante florescimento dos trabalhos em bronze fundido. Foram feitas grandes quantidades de arneses, arreios e rédeas para os cavalos, além de machados e objectos votivos, reflectindo, todos eles, um complexo estilo criado com base na combinação de partes de animais com criaturas fantásticas de variadas e estranhas formas.

Durante o período aquemênida, as artes decorativas passaram a ser empregadas nos artigos de luxo, como ornamentos e vasilhas de ouro e prata, jarros de pedra e jóias trabalhadas.

A produção de tecidos foi uma importante indústria do período sassânida. Os desenhos incluíam sobretudo motivos animais, vegetais e de caça dispostos de forma simétrica, situados dentro de medalhões.



Período Islâmico

Depois da conquista da Pérsia pelos árabes no ano 641, o Irão passou a fazer parte do mundo islâmico. Seus artistas tiveram que se adaptar à cultura islâmica, a qual, por sua vez, foi influenciada pela tradição iraniana. A arquitetura continuou sendo a principal forma artística. Devido à tradição islâmica, que condenava como idólatra a representação tridimensional de seres vivos e outros tipos de objectos, a escultura entrou em decadência. A pintura, por outro lado, não foi afectada por essa proibição de representar a figura humana, conhecendo a partir de então um período de grande efervescência.

A mesquita foi a principal tipologia arquitectónica do Irão. Entre os exemplos mais importantes da primeira fase da arquitetura islâmica do Irã, estão a mesquita de Bagdad (764), a grande mesquita de Samarra (847) e a primeira mesquita de Na’in (século X). Com a expansão do império mongol, boa parte da arquitetura islâmica se concentrou no Irão, mas, depois da conquista de Bagdad pelos mongóis em 1258, renovou-se um tipo de construção mais apegada às tradições iranianas e foram erguidos vários dos melhores edifícios de toda a história da arquitetura no Irão, como a grande mesquita de Veramin (1322), a mesquita do Imã Reza em Meshad-i-Murghab (1418) e a mesquita azul de Tabriz. Outras obras importantes são o mausoléu do conquistador mongol Tamerlão e sua família em Samarcanda. A pintura de afrescos e os manuscritos com miniatura fizeram parte da tradição artística da Pérsia desde o período sassânida, embora restem apenas alguns fragmentos desses primeiros exemplos.

Foram feitas cópias do Alcorão em letra cúfica, forma de escritura dos primeiros árabes, nos pergaminhos e rolos de al-Barah e al-Kufah, em fins do século VII. O retrato como género pictórico chegou a ser muito importante ao longo de todo o século XVI. Um dos principais retratistas foi Ali Reza Abbasi, que delineou suas figuras com sobriedade, mas com expressivos toques de pincel. As técnicas de produção de tecidos, metaloplastia e cerâmica desenvolvidas durante o período sassânida foram utilizadas ao longo de toda a história do Irão. A elaboração de tapetes, na qual o Irão sempre teve um papel de destaque, continua sendo uma importante atividade artística até o presente."



Imagem: tapetes persas

23/02/2008

Arte que se lê: "Os Gatos" de Fialho de Almeida


Embora me deixe, com um imenso prazer, deslumbrar com todo o tipo de manifestação artística, a literatura é-me marcadamente especial. Este gosto acompanha-me desde muito pequena e pelos vistos, não faz tenções de partir.

É com muito gosto que também aproveitarei para falar aqui nos livros que leio e, que me marcam, uns mais outros menos.

Começo, pelos "Gatos" de Fialho de Almeida, autor nascido na terra natal de meu pai - Vila de Frades, no Baixo Alentejo. Passaram muitos anos desde que li esta obra, mas o discurso mordaz do autor sobre a sociedade da sua época faz relembrar-me da mesma, também talvez por os pontos dignos de crítica da nossa sociedade não se terem alterado tanto assim nas décadas que nos separam.

Os Gatos:
"Ramalho Ortigão publicara as suas Farpas e o editor Alcino Aranha, aliciado pelo grande êxito que aquelas crónicas tinham obtido junto do público, convida Fialho a escrever um texto mensal de análise à vida portuguesa. Fialho aceita e, em Agosto de 1889, é publicado o primeiro panfleto. A reacção dos leitores é de tal modo positiva que depressa a publicação de Os Gatos passa de mensal a semanal. Até Janeiro de 1894, quando sai o derradeiro panfleto, reúne material que é depois publicado em seis volumes. Porquê este título – Os Gatos? Fialho explica-o no pórtico do primeiro panfleto: «Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a língua espinhosa e a câlinerie. Fê-lo nervoso e ágil, reflectido e preguiçoso; artista até ao requinte, sarcasta até à tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes e terrível com agressores e adversários.» [...] Desde que o nosso tempo englobou os homens em três categorias de brutos, o burro, o cão e o gato – isto é, o animal de trabalho, o animal de ataque e o animal de humor e fantasia – porque não escolhermos nós o travesti do último? É o que se quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da escravidão do asno, e das dentadas famintas do cachorro>



«De feito, que sabem esses rapazolas aos vinte anos, com mesadas de família, cavaqueira amena nas repúblicas escolásticas da alta, tricanas prestes, paisagens remançosas, límpidos céus, horizontes musicais, e por toda a parte promessa de fortuna e silhuetas de salgueiros e monumentos históricos, que as baladas do rio melancolizam, as guitarras e as troças juvenescem dum evoé de vida imberbe - que sabem eles da grande vida martirizante dos que não podem voar por ter de pôr todos os dias a panela ao lume, e dos que tendo-se feito um nome, rebentam de martírio ignorado para o levarem intacto até ao frontespício d'um livro original?»



A todos ouço falar de Fialho como um crítico severo. Severo sim, mas pródigo no retrato que faz dos podres da sociedade em que vive. Exímio nas imagens literárias, na forma como que o gato que se intitula, afia as garras nos egos de muitos, uns mais ilustres outros menos, mas todos parte do retrato, caricatura da nação observada e analisada. Gosto imenso da sua linguagem, que não deixando de ser literária é igualmente algo visceral, honesta, afiada, que leva o leitor com a rapidez de uma seta à imagem que intencionalmente descreve.


Mais sobre Fialho de Almeida em http://www.vidaslusofonas.pt/Fialho.htm
(nota sobre o link acima colocado - Fialho de Almeida nasceu em Vila de Frades e não em Vilar de Frades como é apresentado)

22/02/2008

Arte que se visita: Museu Nacional do Azulejo

Para além da História da Arte, que tem servido de mote à maioria dos posts deste blog, é minha intenção navegar por entre diversas temáticas, criando rúbricas diversas. Aliás, o tema Arte é tão vasto e complexo, sendo impossível não ser algo polivalente nas abordagens.
Não é novidade para ninguém, que vivemos num país que tem um riquíssimo espólio artístico, salvaguardado sobretudo pelos nossos museus. A rúbrica "Arte que se visita" é então criada para informar sobre os nossos museus, e não só.
Começo por divulgar o Museu Nacional do Azulejo neste primeiro post, e fica a promessa de, no futuro, deixar aqui algo mais detalhado sobre a História do Azulejo. Até lá, disfrute deste blog, que também é seu, e sobretudo, visite os nossos museus.


"No ano de 1498 o rei de Portugal D. Manuel I viaja a Espanha e fica deslumbrado com a exuberância dos interiores mouriscos, com a sua proliferação cromática nos revestimentos parietais complexos. É com o seu desejo de edificar a sua residência à semelhança dos edifícios visitados em Saragoça, Toledo e Sevilha que o azulejo hispano-mourisco faz a sua primeira aparição em Portugal. O Palácio Nacional de Sintra, que serviu de residência ao rei, é um dos melhores e mais originais exemplos desse azulejo inicial ainda importado de oficinas de Sevilha em 1503 (que até então já forneciam outras regiões, como o sul de Itália).
Embora as técnicas arcaicas (alicatado, corda-seca, aresta) tenham sido importadas, assim como a tradição decorativa islâmica dos excessos decorativos de composições geométricas intrincadas e complexas, a sua aparição em Portugal cede já um pouco ao gosto europeu pelos motivos vegetalistas do gótico e a uma particular estética nacional fortemente caracterizada pela influência de factores contemporâneos. O império ultramarino português vai contribuir para a variedade formal; vão ser adaptados motivos e elementos artísticos de outros povos que se transmitem pelo curso da aculturação. Um dos exemplos mais marcantes do emprego de ideias originais é o do motivo da esfera armilar que surge no Palácio Nacional de Sintra e que vai permanecer ao longo da história portuguesa como o símbolo da expansão marítima portuguesa."


(fonte: wikipédia)


Em 1509, funda a Rainha D. Leonor, o Convento da Madre de Deus, ocupado por Franciscanas Descalças da primeira regra de Sta Clara.
Séculos depois, em 1872, são iniciadas as obras que permitiriam a instalação de um pequeno núcleo museológico neste
mesmo espaço. Gradual e continuamente os espaços vão sofrendo restauros e remodelações. Um grandes pontos da sua existência foi a abertura ao público da exposição permanente de azulejos em 1971.
Nunca estagnando, o MNA tem até ao tempo presente alargado o seu espólio museológico com peças que têm as suas origens no séc. XV até os dias de hoje.
A existência da Biblioteca, do Centro de Documentação, do Serviço Educativo que executa tarefas educativas diversas e regulares, que vão desde as visitas comentadas às exposições até às oficinas de pintura de azulejos, o Museu Nacional do Azulejo garante desta forma aos seus visitantes, uma experiência altamente lúdica e educativa aos seus visitantes.
Na internet, para conhecer mais sobre o MNA, visite
http://www.mnazulejo-ipmuseus.pt/code/common/presentation/index_site.php

Informações:

Museu Nacional do Azulejo
Rua da Madre de Deus, 4; 1900-312 Lisboa
Tel: 218 100 340

Abertura: Terça-feira das 14h às 18h / Quarta-feira a Domingo das 10h às 18h
Encerrado: Segunda-feira, Domingo de Páscoa e feriados do Ano Novo, 1º de Maio e 25 de Dezembro.

Preçário:
Bilhete Normal 4 €
Descontos
€ 2,00 - Visitantes entre 15 e 25 anos e mais de 65 anos; com deficiência;
€ 1,60 - Cartão Jovem (apenas para o próprio e mediante apresentação de cartão identificativo);
Bilhete de Família: famílias com dois ou mais.



Imagem: Palácio Nacional de Sintra, Portugal. Pátio da Carranca: pormenor de azulejos com motivo de esfera armilar.


Arte Antiga: Mesopotâmica - Babilónia


"A arte da Babilónia desenvolveu-se no reino antigo do Oriente Próximo; sua capital era Babilónia, cujas ruínas estão próximas da cidade de Al Hillah, no Iraque. Provavelmente, a cidade foi fundada no quarto milénio a.C., tornando-se o centro de um vasto império no século XVIII a.C., sob o reinado de Hamurabi. O povo babilónio mais antigo era herdeiro directo da civilização suméria, que inspirou a arte da sua primeira dinastia. A partir do século XVII a.C., a Babilónia foi dominada por outros povos e de 722 a 626 a.C. esteve sob o controle da Assíria. A Babilónia atingiu o seu período de apogeu e prestígio depois de ter colaborado para a derrota dos assírios.
Nabucodonosor II, cujo reinado se estendeu de 605 a 562 a.C., reconstruiu a capital como uma das maiores cidades da Antiguidade e foi, provavelmente, o responsável pelos famosos jardins suspensos da Babilónia, dispostos de forma engenhosa em terraços elevados, irrigados por canais provenientes do rio Eufrates. A melhor visão do esplendor da arquitetura babilónica pode ser obtida através da Porta de Ishtar (575 a.C.) uma luxuosa estrutura de tijolos esmaltados reconstruída no Museu Staatliche, na antiga Berlim Oriental. Era a mais grandiosa das 8 portas que serviam de entrada para a Babilônia."



Fonte: wikipédia
Imagem: Porta de Ishtar reconstruída, exposta em museu alemão.
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