13/08/2010

Crónicas da Carica: Insuficiência Renal Felina

( Eros, Ulisses e Zeus)


Até este momento, tenho andado a adiar escrever sobre este tema - a insuficiência renal nos gatos. A adiar porque, mentalmente, ainda estou a tentar digerir esta coisa maldita que, não me deixou melhor alternativa que eutanasiar o meu gato Eros. A adiar, para ganhar tempo e alguma distância, porque não quero ficar linhas e linhas a divagar sobre a infinita dimensão do amor de um humano pelo seu gato, e desse gato pelo seu humano. Não que as histórias de amor, mesmo com um final triste, não tenham mérito, mas o objectivo desta partilha é outro.
Assim como eu, após receber o diagnóstico do Eros, corri para o computador à procura de informação, de pessoas com experiências semelhantes, também entendo que tenho o dever de continuar esta corrente.

Trata-se de uma doença que, não tendo cura, a esperança de um gato conviver com a mesma mantendo alguma qualidade de vida reside, acima de tudo, no facto de esta ser detectada o mais rapidamente possível. A quem me lê, o meu apelo é que não esperem que o gato mostre sintomas. Porque quando assim é, muito provavelmente será tarde demais. Por mais que eles protestem, e não gostem de ir ao veterinário, a melhor prevenção será sempre fazer um check-up anual, fazer uma colheita de sangue para ver como estão os valores de ureia, creatinina e fósforo. Acreditem que é a única forma.

Os gatos nunca se queixam. São maravilhosos a esse ponto. O próprio organismo tenta compensar qualquer deficiência. Quando por fim o animal se começa a mostrar apático, com perda de apetite e de peso, a beber demasiada água, o mais provável é que 75% dos rins já não funcionem.

O nosso Eros, durante os cerca de 6 anos que esteve connosco, foi sempre um gato bastante activo, mimalho, muito falador e brincalhão. Nunca nos deu motivos, também por alguma ignorância nossa, para desconfiar que padecia desta doença. Nunca associámos o seu gosto por beber água, que sempre teve, a nenhuma doença. Também porque nunca o vimos sem falta de apetite, ou a vomitar muito, ou sem ir ao caixote, ou qualquer outra coisa que nos alertasse.
Depois da tosquia deu para perceber que estava mais magro. Começou a ter alguma perda de apetite. De início nada de alarmante, até porque com as ondas de calor que já vivemos este Verão não seria de esperar outra coisa.

Subitamente, a perda de apetite tornou-se preocupante. Só queria água. Perseguia-nos até à cozinha. Miava quando abriamos a torneira ou o frigorifico. Sempre, sempre a pedir mais água. Comecei a dar-lhe os patés favoritos todos os dias. De cada vez que abria uma nova lata conseguia algumas lambidelas, mas nada de entusiasmante. Lá trincava dois ou três croquetes. Uma pálida visão do gato que corria de cada vez que ouvia abanar o saco da ração e, que comia como um alarve.

Fui aconselhar-me junto da veterinária. Sabendo o quão traumática é para eles cada ida ao veterinário, a luta para os enfiar na transportadora, o stress porque passam, fui sozinha. Voltei com uma bisnaga de Felovite II - uma pasta que é um suplemento vitamínico e mineral e que, deveria abrir-lhe o apetite e, com a advertência de o levar a uma consulta caso ele não voltasse ao normal num prazo de dois dias.
Obviamente não funcionou.
Passados os dois dias, ele estava mais apático: o gato que corria sempre para cima de mim mal me deitava no sofá e "amassava o pão" na minha barriga, preferia ficar deitado numa poltrona.

A 4 de Agosto lá fomos nós até à Clínica Veterinária. Embora ele resmungasse, consegui enfiá-lo na transportadora à primeira. Não era um bom sinal. Aquele gato costumava ter uma força muscular brutal que nos impedia de o forçar a qualquer coisa.
Já no consultório o primeiro exame foi a pesagem. Embora não fosse pesado há bastante tempo, a diferença era assustadora. O Eros já não pesava cerca de 5 quilos, mas sim 3,750.
As análises sanguíneas confirmaram o pior - insuficiência renal crónica.
A creatinina, (que é uma molécula química derivada do metabolismo muscular e eliminada exclusivamente pelos rins, daí valores elevados serem indicadores de insufiência renal), cujo normal seria encontrar-se entre 0.8 e 2.4 estava a 10.6 mg/dL.
A ureia, (outro indicador importante, porque é filtrada pelos rins), deveria situar-se entre os 16 e os 36, e estava de tal forma elevada que a máquina não conseguiu ler o valor exacto, apenas dar o indicador de que era superior 130 mg/dL.
O último indicador - o fósforo - deveria encontrar-se entre 3.1 e 7.5 e estava a 16.1 mg/dL.

Valores assim tão elevados indicavam não só insuficiência renal, mas sim um estado crónico da doença, ou seja, algo que deriva de uma situação já prolongada. Seria aguda, se tivessemos tido a sorte de despistar a doença no início.
Naquele mesmo minuto ficou decidido que o Eros ficaria internado, a soro, na esperança de se conseguir valores mais normais nas futuras análises. Igualmente, seria feita uma ecografia, que permitiria ver o estado dos rins. Nesta altura, a maior esperança residia no facto de que um rim estivesse suficientemente saudável para em conjunto com alimentação específica, (as rações renais), injecções subcutâneas frequentes de soro e mais alguns remédios lhe dessem mais uns anos de vida com qualidade.

Aproveitei para fazer à nossa veterinária todas as perguntas que me ocorreram. Perguntei-lhe o que fiz de errado, como poderia ter sido melhor guardiã e ter evitado este diagnóstico. Pelos vistos, a insuficiência renal atinge cerca de 80% dos gatos. Não se sabe exactamente porquê. A genética tem influência, é mais comum em gatos a partir dos nove anos de idade, mas pouco mais se sabe. No entanto, por ser tão comum, sabem com o que podem contar, quais são os casos que inspiram alguma esperança e os que não.
Mas nunca se desiste enquanto há o vislumbre de uma luz no fundo do túnel. Então lá ficou o Eros na enfermaria.

Nunca perdeu os traços da sua personalidade única e especial. Escondia a cabeça debaixo da caminha, ou de uma toalha, mas quando me via arrebitava. Sempre disposto a muitas festas e turras, a muitos beijos ruidosos na cabeça. A falta de apetite era mais um motivo de preocupação. Durante os dias que esteve internado, não o consegui fazer comer mais do que meia dúzia de pedacinhos de ração. Questionámo-nos se seria o stress de estar num ambiente estranho.

As segundas análises a 6 de Agosto foram animadoras. A creatinina, a ureia e o fósforo continuavam super elevados, (8.8; 121; 8.8), mas tinha havido uma descida. Segundo a veterinária era extremamente positivo havendo apenas estado dois dias a soro.
Nesse mesmo dia assisti à ecografia. Quis estar com ele para o manter mais calmo, e para obter a informação em primeira mão, sem esperas. O resultado foi negativo. A imagem de um rim normal e saudável deixa ver algumas ramificações. A imagem apresentada dos rins eram de duas massas amorfas, escuras, e isso significa que os orgãos não estavam operacionais, tinham ambos entrado em total falência.
A pouca esperança que restava dependia totalmente do Eros. Mais do que nunca era crucial que ele recuperasse o apetite. Não um bocadinho, mas totalmente. Era algo que não iria acontecer na enfermaria, porque aquele malandro até arranjava maneira de vomitar ou cuspir a pasta Renalzin usada para lhe baixar os níveis de fósforo.
Já nem a táctica de lhe esfregar paté no nariz funcionava, porque ele simplesmente deixava-se ficar sujo, sem se lamber.

Logo a 4 de Agosto, a veterinária falou-me sobre o transplante renal em gatos. Mal cheguei a casa pesquisei na internet sobre essa cirurgia. Aliás, todo o meu tempo quando não estava na clínica, era usado em casa a pesquisar sobre esta doença e as terapêuticas. Trata-se de uma intervenção bastante recente em Portugal. Caso seja já realizada no nosso país, (fiquei sem esta certeza), será no Hospital Veterinário Principal. O processo consiste em retirar um rim saudável de um gato dador e transplantá-lo para o gato doente, sem lhe retirar os rins em mau estado. O dador pode ser um gato da família, ou esta deve adoptar o dador.
Foi uma hipótese que eu e o meu marido colocámos de parte. Se por um lado, não nos parece justo retirar um rim a um gato saudável, ainda mais se a probabilidade de um gato padecer de insuficiência renal é tão grande e quase certa na velhice, estariamos dessa forma a ficar com dois gatos condenados, pois teriam ambos só um rim. Isto se o transplante fosse bem sucedido. Simplesmente sentimos que era muito errado fazer de Deus nesta situação, e encurtar a vida de um gato aparentemente saudável para estender um pouco a vida de outro.
A outra vertente é a económica. O transplante custa 10000 euros.

Como a clínica veterinária encerra aos domingos, fomos buscá-lo sábado à tarde. Na melhor das hipóteses esperávamos que, em casa, num ambiente familiar ele acalmasse e mostrasse apetite. Se juntarmos a isso a esperança de que injecções subcutâneas de soro bastante frequentes, continuassem a ter a mesma eficácia que o soro demonstrara ter, aí estava a nossa estratégia para vencer esta guerra.

Chegámos a casa munidos de Renalzin, saquetas de ração renal da Hills e da Royal Canin, paté renal da Royal Canin, seringa para dar Renalzin à força, saco de soro e muitas agulhas extra para lhe fazer a fluidoterapia.
A veterinária mostrou-me no consultório como aplicar o soro. Não deverá ser difícil para quem não tem um medo patológico de agulhas como nós. Basta colocar o saco do soro mais alto do que o gato para que o soro corra. Pegar numa prega de pele na zona das costas, mais ou menos entre as omoplatas, espetar a agulha que está colocada no tubo que liga ao saco do soro na prega com o cuidado de esta não passar de um lado a outro, ligar o soro e esperar até que o animal fique com um "saco", uma "mochilinha" cheia de soro nas costas. O objectivo é hidratar o animal, e fazer com que os níveis de fósforo, creatinina e ureia baixem.

Mal chegámos a casa, servi-lhe das duas rações renais. Ele comeu e bebeu, estava animado, embora magro e fraco. O irmão, Zeus, ou não o reconhecia ou sabia que algo estava muito errado com o Eros, então fugiu dele e bufou-lhe, até ao fim. Talvez seja um mecanismo de defesa, um instinto animal, a ostracização, a distância dos que acabam por não sobreviver.
Foi um castigo dar-lhe o Renalzin. A animação foi breve. Após aquela alegria à chegada, recusava-se a comer e a beber. O pior é que ele era atraído para a zona da comida, miava, mas cheirava o conteúdo das taças e continuava a miar. Mesmo com paté, leite para gatinhos ou a ração habitual que ele tanto gostava, o resultado era o mesmo.
Nessa mesma noite decidimos que o melhor seria levá-lo ao veterinário, logo na segunda feira, para o eutanasiar. O ano passado, em finais de Julho, o nosso Ulisses, que há anos vinha sofrendo de gengivite crónica e tinha que levar uma injecção de dois em dois meses, acabou por falecer em casa, depois de o trazermos do internamento, também a um sábado a tarde. Estava muito debilitado, com dificuldade em respirar e em mover-se. Se pudesse voltar atrás, teria exigido uma eutanásia muito antes de ele chegar aquele ponto. E foi uma lição que nunca esqueceremos, e um choque que nunca será totalmente ultrapassado.

Adoptar um animal é sinónimo de emoções e momentos nada menos que maravilhosos. Também encarreta dores de cabeça e dificuldades, mas nenhuma como esta. Optar pela eutanásia é difícil. É ter que ser racional num momento em que nos afundamos em emoções. No caso do Eros tratava-se de lhe conceder um fim compassivo, antes que maiores sofrimentos e dores surgissem. Era não querer vê-lo ser devorado pela doença. E, sendo a Insuficiência Renal uma doença progressiva e degenerativa, tinhamos a certeza que cada dia que passasse ele estaria notavelmente pior. Mantê-lo indefinidamente internado não seria a qualidade de vida que ele merecia. Isso seria cruel para com ele, e uma demonstração de egoísmo da nossa parte e não de amor.

Não foi uma decisão instantânea. Desde o primeiro dia que ele ficou internado, que as mensagens de uma amiga com o curso de auxiliar de clínica veterinária foram essenciais para acordar o meu lado racional, me colocar os pés na terra.
Avisou-me que em 10 anos nunca viu um gato sobreviver anos com esta doença, avisou-me que se lhe receitassem Lipocortinolo tinha chegado o momento de ele parar de sofrer, que não alimentasse muitas esperanças devido aos contornos da situação, e que estivesse atenta, porque a maioria dos veterinários, senão todos, tendem a aproveitar-se da falta de conhecimento das pessoas, para eles estudarem e nós pagarmos a conta.

Sei que tentámos tudo o que era possível numa situação cujo o triste fim seria inevitável. Enquanto internado fiz-lhe Reiki, brinquei muito com ele, para que se mantivesse positivo e nunca perdesse a vontade de viver, pois presumo que essa força seja tão importante na recuperação dos animais como é na dos humanos, rezei muito por um milagre.
Domingo foi o dia da despedida. Não o quis stressar com a toma de medicamentos. Para quê fazê-lo se não iria alterar o resultado. Quis apenas que ele tivesse um dia feliz. Só bebia água com gelo, então dei-lhe gelo todas as vezes que me pediu. Muito colo, mimos, abraços e beijos.

Quando chegou a manhã de segunda feira, dia 9, levantei-me muito antes da hora de abertura da clínica. Queria passar todos os momentos possíveis com o Eros. Continuava a pedir um milagre, um sinal qualquer do Anjo da Guarda. Quando liguei a televisão, parei casualmente num programa de história e a primeira coisa que ouço é: "o amor é maior do que a morte."
Não podia ser coincidência, porque coincidências não existem. O meu Anjo da Guarda usou a televisão para que me dizer aquilo que eu precisava ouvir para me trazer algum conforto e paz: "o amor é maior do que a morte".

Passava das onze e meia, talvez ainda mais próximo do meio-dia quando a veterinária confirmou que já estava. Estive sempre com ele, todos os segundos. Foi-se a olhar-me nos olhos. Não foi pacifíco, rápido e indolor como qualquer uma de nós, naquele consultório, naquele momento, tinha desejado mais que tudo. Ele estava stressado e hipotenso, logo foram precisas muitas tentativas, três patas e uma sedação, para se conseguir colocar o cateter.
A veterinária pedia-lhe desculpa. Eu fazia tudo por tudo para lhe dar o maior conforto possível.
"Há quem não queira assistir, quem não aguente". Mas era o mínimo que eu podia fazer. Adoptámo-lo e o irmão, ainda bébés. Levantava-me várias vezes durante a noite para o ensinar a comer sólidos. Era o meu menino. Arisco, só em mim procurava colo. Era o mínimo que poderia fazer, assumir o papel de sua guardiã, de sua mãe adoptiva, de quem o tenta confortar e lhe demonstra amor até ao último suspiro. Chorei, regressei a casa com os olhos inchados, mas em paz.

03/08/2010

Arte que se visita: Mirandês - A segunda língua oficial de Portugal



Se soubisse l Padre Nuosso
Cumo sei cantar cantigas,
Andaba siempre rezando
Pu l'alma de las raparigas.

Quien quejir ir pa l cielo
Nun diga que nun ten tiempo,
Puode andar ne l sou serbício
I cun Dius ne l pensamiento.

You pedi la muorte a Dius,
El dixo que nun me la daba:
Que le pedisse la salbaçon,
Que la muorte cierta staba.

Mie Mai de l cielo balei-me,
Que la de la tierra nun puode:
La de l cielo inda stá biba
La de la tierra lhougo muorre.

Cuquelhadica amarradeira,
Nun te amarres ne l adiles:
Que ls pastores son mi malos,
Puodan-te partir ls quadriles
.



Tenho uma "costela" transmontana, o que significa que reconheço bem o espírito desta gente. São pessoas que de certo modo parecem, elas próprias, terem nascido do útero das serras, feitos da mesma rocha. Estas serras dão à luz gentes que, embora de poucas palavras, são pessoas de palavra. Sérias, teimosas, conquistadoras, trabalhadoras, empreendedoras e quase impossíveis de convencer de algo se já se tiverem decidido pelo contrário.
Para mim são os verdadeiros herdeiros de Viriato e do seu espírito.
Não me admira nada que seja então, na região Trás-os-Montes, no nordeste de Portugal, mais precisamente na terra de Miranda de Douro que tenha sido preservadaa língua mirandesa.


"Em terra de boas e ricas tradições, num canto do Nordeste português, fala-se uma língua com um corpo gramatical perfeito (fonética, fonologia, morfologia e sintaxe próprias) que, sem ser portuguesa, vem do tempo da formação de Portugal (século XII): é o mirandês ou língua mirandesa.

De raiz latina (latim falado no Norte da Península Ibérica) e fazendo parte do grupo dos dialectos leoneses, manteve-se, até hoje, por ter vivido à margem desse grupo linguístico e do país a que pertence (acasos da História e entraves geográficos). Em finais do século XIX, descrevia-a José Leite de Vasconcelos como "a língua do campo, do trabalho, do lar, e do amor entre os mirandenses".

Hoje, é usada no dia a dia por 15.000 pessoas das aldeias do concelho de Miranda do Douro e de três aldeias do concelho de Vimioso, num espaço de 484 km2, estendendo-se a sua influência por outras aldeias dos concelhos de Vimioso, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Bragança

Esta Segunda língua oficial de Portugal já tem uma convenção ortográfica."


Mas, Miranda é uma terra rica em tradições próprias, em peculiares expressões na gastronomia, no artesanato, nas festas dos povoados, em usos e costumes ímpares que a tornam absolutamente inimitável e de um enorme valor.


Os Pauliteiros:

"As famosas danças dos Pauliteiros de Miranda são uma vaga reminiscência das danças pírricas dos guerreiros da Grécia antiga. Imprevista, variada e colorida, a coreografia exige grande destreza dos dançarinos. É, na verdade, uma dança essencialmente guerreira e a sua origem não é certamente nova. Ela é tão velha como o Homem na Península Ibérica. Em mangas de camisa oito homens rudes trazem flores nos chapéus de largas abas, nas costas e nos ombros, encanastrados, fitas de várias cores berrantes. Cada uma representa uma flor: a vermelha, uma rosa, a azul, uma violeta, a branca, uma açucena e a amarela representa o rei. Em cada mão um pau grosso como cabo de martelo, curto como batuta. Avançam, como se caminhassem em campo vasto, à frente de um exército e a dança rompe num arranco de corações em fogo."

Raça Mirandesa:

"A raça bovina mirandesa é a mais notável de Portugal pelas suas aptidões de trabalho, de engorda e de reprodução, e ainda por ser a que apresenta exemplares mais finos, elegantes e bem proporcionados em todos os seus membros. O boi mirandês de raça fina deve ter segundo se diz na região:
três pequenos - cabeça, testa e agulha;
três grandes - meleneira, pelindrengues e estriga de rabo;
três curtos - focinho, pescoço e perna;
três largos - tromba, nuca e «nalgas»;
e três direitos - espinhaço, cana do nariz e perna."


Burro mirandês:

"O burro mirandês é uma raça com características singulares que se encontra em vias de extinção, restam apenas cerca de mil exemplares. Isto levou a que a União Europeia (UE) a considere “raça protegida”.

Actualmente está a ser utilizado na terapia de crianças com problemas especiais. A experiência desenvolvida numa aldeia de Miranda do Douro começa a dar frutos, principalmente no que toca à relação dos mais novos com o exterior.

As características do Burro de Miranda são em resumo:

Altura elevada superando os 1,35 cm ao garrote;

Extremidades do corpo muito grande, com cabeça volumosa, orelhas grandes e fortes, cascos amplos e uma cauda longa;

Pelagem castanha escura, com gradações mais claras nos costados e face interior do tronco, branca no focinho e contorno dos olhos;

Pêlo abundante, comprido e grosso, aumentando em extensão e abundância nos custados, face, orelhas e extremidades dos membros. Crinas abundantes.

Carácter tranquilo, dócil e de grande força de tracção."



Gaita de foles (Gaita de fuôlhes):

"Instrumento tradicional de riquíssimas tradições, que emerge da mais ancestral tradição musical mirandesa. Trata-se de um instrumento de sopro típico desta região que tem um fole feito, tradicionalmente, de pele de cabra."

Posta Mirandesa:

"Nas feiras de onde é originária, era apenas assada na brasa, temperada com sal e comida com pão típico da região.

Hoje em dia, esse belíssimo naco de vitela assada, pode ser encontrado nos principais restaurantes da região, servido com batata a murro numa simbiose perfeita."



Conheça Miranda: http://www.mirandadodouro.com.pt/index.htm

02/08/2010

Arte que se ouve: "Si Do Mhaimeo I", Celtic Woman



Ninguém fica indiferente às influências celtas que ainda que nos rodeiam. Sentimo-nos atraídos pelos mitos desses povos ancestrais, especialmente em países onde estes estiveram presentes, como Portugal. Mantemos essa ligação através da arte, dos símbolos e da música.
Como hoje, aqui se escreveu sobre Arte Celta, "Si Do Mhaimeo I" parece-me um tema apropriado para vos apresentar, na versão interpretada pelas Celtic Woman.
É um dos meus favoritos. E se um dia forem passear pela Serra de Sintra, este tema é a banda sonora perfeita, para em conjunto com a paisagem e o ambiente idílico, vos transportar para uma fantasia digna de Avalon.

"Celtic Woman é um grupo de música formado por cinco artistas irlandesas: as vocalistas Chloë Agnew, Méav Ní Mhaolchatha, Lisa Kelly, Alex Sharpe e a violinista Máiréad Nesbitt. O repertório vai desde canções tradicionais célticas até música moderna. Até agora o grupo lançou quatro álbuns: Celtic Woman, Celtic Woman: A Christmas Celebration, Celtic Woman: A New Journey, The Greatest Journey: Essential Collection e Celtic Woman: Songs from the Heart, e fizeram muitas turnês mundiais.

A popularidade da música céltica fora da Irlanda e da Europa já tinha sido consolidada por artistas como Enya, e por espetáculos como Riverdance e Lord of the Dance, e Celtic Woman já foi inclusive chamada de "Riverdance de vozes"."

in wikipedia

Arte Antiga: Arte Hiberno-Saxónica



"Arte hiberno-saxónica ou arte insular é o estilo de arte produzido após o Império Romano nas Ilhas Britânicas. O termo é usado também para designar a escrita produzida naquele tempo. Naquele período, a Irlanda e a Grã-Bretanha tinham um estilo de arte muito característico.

A Irlanda, a Escócia e o reino da Nortúmbria, no norte da Inglaterra, são os mais importantes centros artísticos, mas outros exemplos também podem ser encontrados no sul da Inglaterra e na Europa continental, especialmente na Gália (França), em centros fundados por missionários celtas. A influência da arte insular pode ser notada em toda arte medieval subsequente, especilamente nos elementos decorativos dos manuscritos românicos e góticos.

O que sobreviveu da arte insular são principalmente iluminuras, trabalhos em metal e gravações em pedra, especialmente cruzes de pedra. As superfícies são ricamente decoradas com padrões intrincados. Os melhores exemplos incluem o Livro de Kells, os Evangelhos de Lindisfarne, o Livro de Durrow, broches tais como o Broche de Tara e a Cruz de Ruthwell. Páginas iniciais chamadas carpet pages são características dos manuscritos da época.


Trabalho em metal

Cálice de ArdaghA maioria dos exemplos de trabalhos em metal existentes foi descoberta em contextos arqueológicos que indicam que tais objetos foram abandonados ou escondidos. Há vários broches, inclusive alguns comparáveis ao Broche de Tara. Quase todos estão no Museu Nacional da Escócia ou em museus locais na Inglaterra. O Cálice de Ardagh é um dos objetos de metal sobreviventes.


Manuscritos


O Cathach of St. Columba, um saltério do século VII é talvez o mais antigo manuscrito irlandês conhecido. Contém letras decoradas apenas no começo de cada Salmo, mas estes já mostram traços distintivos. Não apenas a capitular, mas as primeiras letras são decoradas, em tamanho pequeno.

O Livro de Durrow é o mais antigo Evangelho com decorações completas.
Os Evangelhos de Lindisfarne, produzidos em Lindisfarne são semelhantes ao Livro de Durrow, mas mais complexos. Todas as letras nas páginas iniciais dos Evangelhos são ricamente decoradas em uma composição única. As carpet pages são enormemente complexas e soberbamente decoradas.

O Livro de Kells, datado de 800, sobreviveu quase intacto, mas a decoração não está acabada. Apesar de não apresentar carpet pages, as capitulares são tão decoradas que acabam tendo aquela função. Há mais figuras humanas que antes. As cores são brilhantes e a decoração é enérgica, com várias espirais.

O Evangelário de Echternach.


Cruzes altas

Cruz de RuthwellCruzes altas são grandes cruzes celtas em pedra, geralmente erigidas no exterior de mosteiros ou igrejas. As primeiras, como a Muiredach's High Cross, de influência irlandesa, em Monasterboice, está repleta de imagens do Velho e Novo Testamento. Cruzes mais recentes têm poucas imagens, mas apresentam dimensões maiores, como a Dysert Cross, na Irlanda. A Ruthwell Cross, na Escócia, um pouco destruída pelos iconoclastas presbiterianos, é o exemplos mais impressionante de cruz escocesa."

in wikipédia


No topo: vídeo de conferência sobre o Livro de Kells, duração de 58m.

Saiba mais:

Sobre o livro de Kells: http://pt.wikilingue.com/gl/Livro_de_Kells

Arte Antiga: Arte Celta



Os Celtas

"Os celtas integram uma das mais ricas civilizações do mundo antigo. As origens desta civilização remontam ao processo de desenvolvimento da Idade do Ferro, quando estes teriam sido os responsáveis pela introdução do manuseio do ferro e da metalurgia no continente europeu. De fato, o reconhecimento do povo celta pode se definir tanto pela partilha de uma cultura material específica, quanto pelo uso da língua céltica.

Não compondo uma civilização coesa, os celtas se subdividiram em diferentes povos entre os quais podemos destacar os belgas, gauleses, bretões, escotos, batavos, eburões, gálatas, caledônios e trinovantes. Durante o desenvolvimento do Império Romano, vários desses povos foram responsáveis pela nomeação de algumas províncias que compunham os gigantescos domínios romanos.

Do ponto de vista econômico, podemos observar que os celtas estabeleceram contato comercial com diferentes civilizações da Antiguidade. Por volta do século VI a.C., a relação com povos estrangeiros pode ser comprovada pela existência de elementos materiais de origem etrusca e chinesa em regiões tipicamente dominadas pelas populações célticas.

Por volta do século V a.C., os celtas passaram a ocupar outras regiões que extrapolavam os limites dos rios Ródano, Danúbio e Sanoa. A presença de alguns armamentos e carros de guerra atesta o processo de conquista de terras localizadas ao sul da Europa. Após se estenderem em outras regiões europeias, os celtas foram paulatinamente combatidos pelas crescentes forças do Exército Romano.

A sociedade céltica era costumeiramente organizada através de clãs, onde várias famílias dividiam as terras férteis, mas preservavam a propriedade das cabeças de gado. A hierarquia mais ampla da sociedade céltica era composta pela classe nobiliárquica, os homens livres, servos, artesãos e escravos. Além disso, é importante destacar que os sacerdotes, conhecidos como druidas, detinham grande prestígio e influência.

A religiosidade dos celtas era marcada por uma série de divindades que possuíam poderes únicos ou tinham a capacidade de representar algum elemento da natureza ou animal. Com o passar do tempo, alguns mitos e deuses foram incorporados pelo paganismo romano e, até mesmo, na trajetória de alguns santos cristãos. Atualmente, a Irlanda é o país onde se encontram vários vestígios da cultura céltica."


http://www.historiadomundo.com.br/celta/


Os Celtiberos

"O território peninsular sobre o que se assentam os recém chegados (preceltas) estava habitado por povos preíberos (aparte de geográfico, íbero é um termo cultural). Discute-se muito se produziu-se uma deslocação, uma conquista, uma aliança, assimilação, pacto ou fusão entre celtas e íberos (de bom grau ou como servos). Os dados disponíveis são contradictorios e as teorias dos autores difieren sobre o tema. Inclusive poderia dar-se uma mistura de todas as opções possíveis já que as densidades de população e os recursos disponíveis são muito especulativas. As relações e influências mútuas mudaram com o passo do tempo. Se atestigua uma grande presença precelta em zonas a Bética (actual Huelva, Sevilla) que se tentam explicar mediante a presença de servos, mercenários ou carteiras isoladas de colonos. O evidente é que na península Ibéria falta realizar uma campanha arqueológica séria que possa dar dados fiáveis que permitam reconstruir o passado.

As primeiras referências escritas sobre os celtíberos devem-se a geógrafos e historiadores greco-latinos (Estrabón, Tito Livio, Plinio e outros), ainda que seu estudo, que arranca do século XV, não adquire rango cientista até os inícios do século XX (marqués de Cerralbo, Schulten, Taracena, Caro Baroja, etc.), cobrando renovado impulso nos últimos anos. Pese a este excepcional acervo literário, ainda hoje se discutem aspectos finques para sua definição: os confines de seu solar, sua verdadeira personalidade ou sua própria genealogia.

As fontes clássicas são muito imprecisas com respeito a seu território, ainda que podemos considerar que os celtíberos históricos se estenderam com segurança pelas províncias de província de Soria|Soria]] e Guadalajara, boa parte de A Rioja, este de província de Burgos|Burgos]], oeste de província de Zaragoza|Zaragoza]] e Teruel, quiçá norte de Cuenca e Astúrias; diferentes interpretações ampliam este marco para oriente e ocidente. Podem ser considerados como um grupo étnico, já que incorporam entidades menores (arévacos, tittos, belos e lusones, resultando polémica a inclusión de vacceos, pelendones e berones), sem que isso signifique a existência de um poder centralizado e nem sequer de uma unidade política, salvo quiçá, e de forma coyuntural, por motivo dos acontecimentos militares do século II a. C.

Dado o heterogéneo da informação literária e das evidências arqueológicas da cultura celtibérica, resulta difícil definí-los a partir de um único rasgo; não obstante, consta-nos que falavam uma mesma língua, o celtibérico, cujos depoimentos escritos (utilizando o alfabeto ibério), ainda que tardios, se estendem por um território que vem a coincidir basicamente com o descrito.

Segundo a visão tradicional, explicava-se sua origem como resultado da fusão entre celtas e iberos. Na actualidade, a partir de recentes estudos genéticos, entendem-se como fruto da evolução experimentada por alguns povos célticos peninsulares da primeira Idade do Ferro, sobre os que posteriormente exerceu uma marcada influência a cultura ibera.

A cultura dos celtíberos fez sua a herança dos iberos, de quem adoptaram o sistema de escritura. Depois da queda de Numancia no 133 a. C., seu território passou a fazer parte da província romana Hispania Citerior.

Os primeiros textos celtíberos podem datar-se aproximadamente entre princípios do século II a. C. e o I d. C. O alfabeto utilizado nos textos mais temporões é o ibério, que não resulta do todo adequado para representar os diferentes sons da língua celtibérica. O alfabeto latino já está presente a alguns dos textos mais tardios. Muitas das inscrições contêm uma fórmula onomástica estereotipada, como a que pode se encontrar em uma lápida localizada em Ibiza: "Tirtanos da família de Abolus, filho de Letondu, de Kontrebia Belaiska".

Existe também um bom número de moedas gravadas com o nome celtíbero da cidade ou dos habitantes da cidade em onde aquelas foram acuñadas. Ademais, encontraram-se 20 tesserae hospitais gravadas, pequenas placas de bronze utilizadas como símbolo de pacto entre duas partes, geralmente entre um indivíduo e uma comunidade, com as que o portador podia solicitar hospitalidade ao longo de suas viagens. A maioria destas inscrições são muito breves, com a excepção da tessera de Luzaga (24 palavras)."

http://pt.wikilingue.com/es/Celta


O declínio da civilização Celta

"Os celtas foram o primeiro povo a se submeter ao Império Romano, tanto que no final do século II a.C. a Gália Cisalpina e a Celtibéria já eram territórios conquistados. Sob o comando de Julio César, no século I a.C., a Gália Transalpina foi tomada e, no mesmo período, a Galácia tornava-se província subordinada a Roma. Com as Gálias já conquistadas, as legiões avançaram para as Ilhas britânicas, onde a dominação aconteceu de forma gradativa e foi concluída no fim século I d.C. Enquanto isso, neste mesmo período, as tribos celtas na Europa Central caiam no domínio dos povos germânicos.

Em tese, era o fim da cultura La Tène e a arte celta, assim como concebida, acabou confinada na Ilha da Irlanda, para florescer novamente no início da Idade Média em um ambiente já cristão católico.

Afora a região irlandesa, a tradição e as línguas de herança céltica ainda sobreviveram nas demais regiões habitadas pelos celtas nos últimos anos que antecederam a dominação, como na Cornualha, Ilha Manx e as Highlands escocesas (Reino Unido), na Bretanha (França), na Galícia (Espanha) e na Galácia (Turquia)."

http://www.historiadomundo.com.br/celta/declinio-civilizacao-celta.htm


Arte Celta

"O termo celta (arte), de difícil delimitação geográfica e cronológica, pretende englobar todas as manifestações artísticas produzidas pelos antigos celtas desde o século V a. C. até ao I d. C., altura em que esta civilização entrou em declínio.
A área antigamente ocupada pelos celtas abarcava um vasto território do continente europeu que, desde a Áustria e do sul da Alemanha, se estendia à Suíça e à França, atingindo, na centúria seguinte, a Irlanda, as ilhas do Norte da Inglaterra, a Espanha e o Mar Negro. No período de máxima expansão, o centro de maior pujança da cultura celta deslocou-se da zona embrionária do Reno para a França e posteriormente para a zona ocidental da Europa.

Originária da cultura do ferro centrada na Baviera, a arte celta conheceu vários períodos de desenvolvimento, em diferentes pontos do território europeu. O período de formação - conhecido por La Tène ou estilo antigo, nome derivado de uma região junto do lago suíço de Neuchâtel - decorreu entre 480 e 350 a. C. Caracterizava-se pela produção de obras de joalharia ou bronzes inspirados em modelos etruscos cruzados com referências a motivos orientais, como folhas de acanto, palmetas e flores de lótus.

Seguiu-se o estilo Waldalgesheim (350-290 a. C.), durante o qual se manteve a influência clássica, embora os modelos e as referências formais gregas e romanas fossem utilizados de forma extremamente livre. Datam desta fase as esculturas antropomórficas de deuses, de influência romana.

Durante o período Plástico (290-190 a. C.), que floresceu nas zonas mais ocidentais do continente, realizaram-se representações estilizadas de figuras humanas e animais, cujo fundamento estilístico se prolongou pelo período final da arte celta, conhecido pelo Estilo Espada (designação que deriva das espadas ornamentadas com desenhos lineares e abstractos, inspirados em motivos vegetalistas gregos).
O incremento do clima de instabilidade que dominou as comunidades celtas determinou a necessidade de produção de armas, que rapidamente se transformaram num dos elementos centrais do desenvolvimento artístico desta cultura. Para além da vocação bélica e funcional, muitos destes artefactos respondiam a necessidades simbólicas (enquanto representação de estatutos sociais) bem como religiosas, uma vez que muitos destes objectos constituíam oferendas aos deuses e eram investidos de poderes talismânicos.

Os materiais mais utilizados pelos celtas foram o bronze e o ouro (com origem na boémia), ou outros materiais importados de locais distantes, como a prata, o coral rosa e o âmbar. Este povo utilizava duas técnicas fundamentais de trabalho dos metais: a fundição ou a extrusão de chapa. Uma grande variedade de efeitos decorativos de raiz abstracta e geométrica ou zoomórfica era utilizada para ornamentar as superfícies dos objectos.

Um dos mais conhecidos artefactos artísticos celtas é o tampo de bolsa da barca funerária de Sutton Hoo, realizada entre 625 e 33 a. C., empregando - em solução compositiva simétrica que articulava ornamentos geométricos com imaginativas representações de figuras animais e humanas - folhas de ouros, esmaltes, granadas e outros materiais preciosos.

Apesar da variedade de manifestações locais e das transformações estilísticas experimentadas durante as várias centúrias de desenvolvimento, determinadas em parte pela absorção de influências variadas, a arte celta foi capaz de definir um sistema formal harmónico e coerente. Esta homogeneidade de expressões foi garantida pela franca mobilidade dos artesãos entre as regiões ocupadas pelos celtas, assim como por uma plataforma cultural comum determinada pelas crenças religiosas e pelo sistema político e pujança económica."

http://www.infopedia.pt/$arte-celta

Características da Arte Celta


"A arte celta inovou as artes. Isso se deve a um estilo extremamente peculiar.

Tinha-se grande preferência por temas ligados a natureza: árvores, flores, animais e seres sobrenaturais zoómorfos. Tais temas eram mais comuns que figuras humanas, no entanto, estas também existiam.
O “estilo celta” preferia os compassos, que destorciam e compunham figuras recheadas de espirais, elipses e outras formas curvilíneas entrelaçadas e, por vezes, organizadas de modo concêntrico, a formar representações quase abstratas."

"• Originalidade: o esforço do artista celta por ser diferente a tudo o que era predominante em sua época, bem como em frente a colegas próprios do mesmo oficio.

•Abstracção: se desmaterializa a arte, guardando somente as formas que nos ajudam a distinguir, inclusive às vezes nem isso, as linhas essenciais da figura representada. A arte celta é muito "simbolista".

•Variação nas formas: dentro de um mesmo esquema encontramos-nos com variantes na plantilla geral de um mesmo motivo, já seja animal ou vegetal.

•Imaginação desbordante que supera a obra: muitas vezes a obra só é um pretexto para dar uso à técnica e genialidade do artista.

•Horror vacui: o chamado horror ao vazio, adoptado pelos romanos (veja-se a Coluna de Trajano) também é característica comum da arte celta. Não encontramos practicamente nenhum ponto vazio no espaço disposto pelo artista.

•Preferência pelas figuras de caracter zoomórfico: os animais, já vingam de uma espécie existente ou bem sejam de caracter fantástico, têm preferência à hora de ser incluídos na decoração céltica. Estas figuras normalmente eram de carácter apotropaico, isto é, protector.

•Predominancia da decoração "marginal" em frente ao conteúdo principal: o artista celta pode situar uma cena no centro da obra mas sempre recrear-se-á nos adornos secundários, que, para este, parecem ser o mais atraente e que conjuntan melhor com sua maneira de se expressar."

http://pt.wikilingue.com/es/Arte_celta

Música Celta

Significado

"Os celtas sempre estiveram muito ligados à religião, e assim como quase toda as expressões de sua cultura, a música também estava intimamente relacionada a temas de cunho religioso. Tanto que os músicos eram – em sua maioria – ligados a classe sacerdotal dos Druidas.

A música ou, mais precisamente, o tocar dos instrumentos era considerado uma manifestação do mundo dos espíritos. Sendo assim, o músico era um ser privilegiado, pois suas faculdades lhe permitiam captar pequenas manifestações do Outro Mundo, e desta forma, ele traduzia aquilo que absorveu para a música.

Exatamente por este motivo, é comum a temática musical celta estar ligada aquilo que eles mais respeitavam: a Natureza. Um bosque, a brisa, a alvorada, o outono – ou qualquer outra estação – enfim, cada pequeno movimento da Natureza carrega um som, e era função do músico senti-lo e traduzi-lo em música.

Com o advento da cristandade no mundo céltico, toda esta conotação entre religião e música, de certa forma, se perdeu. No entanto, os “motivos ligados a Natureza” mantiveram-se vivos, e até hoje estão presentes no trabalho de cantores e instrumentistas contemporâneos."

Instrumentos

Os instrumentos celtas são todos bem característicos, isso porque a música folclórica irlandesa conservou fortes traços da música celta. E através desta herança rica e ímpar, a Irlanda lega ao mundo esplendorosas sonoridades, todas com um estilo único e incomparável.

A vasilha de prata conhecida como o caldeirão Gundestrup constitui um dos mais enigmáticos vestígios do mundo celta. Decorado em alto-relevo, apresenta cenas que oferecem uma visão dos mitos e da religião celta, embora seu significado preciso permaneça oculto. As figuras representadas eram originariamente revestidas com folhas de ouro e tinham olhos de cristal azul e vermelho.

Pois bem, mais um exercício mental. Pense na Irlanda, pense na música irlandesa. Que instrumentos lhe vêm a mente? Acho que muitos responderão a harpa ou a flauta. Agora, pense na música escocesa. Qual o primeiro instrumento que você imagina um escocês tocando? A maioria, certamente, dirá a Gaita de Foles.

As características da musicalidade celta foram absorvidas pela cultura mundial, portanto, a grande maioria das pessoas tem, ainda que vaga, uma idéia sobre o que foi – ou melhor – o que é a música e os instrumentos que estavam presentes no folclore ancestral.

Além da flauta, harpa e gaita de foles, (...), ainda resta um importante instrumento – de percussão – chamado Bodhran."


http://www.historiadomundo.com.br/celta/arte-aquitetura-celta.htm
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