04/05/2011

Arte que se ouve: "Fortune Faded", Red Hot Chili Peppers

Arte que se ouve: "Just breathe", Pearl Jam



Comecei a ouvir Pearl Jam no início dos anos 90, quando explodiu a onda grunge.
Hoje, 20 anos mais velha, continuo a ouvir Pearl Jam. Continuo a identificar-me com a sua sonoridade. Envelheceram. Estão mais melódicos. Por mim, tudo bem. Se envelhecer é acrescentar harmonia, melodia e profundidade ao que somos, está mesmo tudo bem.

Arte que se ouve: "Times like these", Foo Fighters

TED Talks: Halla Tomasdottir - Uma resposta feminista ao colapso financeiro da Islândia

Ando de tal forma inspirada com as TED Talks, que decidi conceber mais uma nova rubrica, intitulada simplesmente de TED Talks, que servirá para difundir algumas intervenções.

Esta, a primeira de todas neste espaço, é a resposta de uma islandesa, co-fundadora de uma empresa de serviços financeiros que sobreviveu à crise financeira vivida pela Islândia por se seguirem por uma explícita linha de valores, numa visão feminista e de apoio à diversidade.

03/05/2011

Inspiração: TED (Technology Entertainment Design)



Acredito no poder das ideias. Em especial na magia contida nas boas ideias. Uma boa ideia é universal e pode ter uma repercussão exponencial.
Por isso é importante a disseminação das ideias a nível global, provocar o debate, estimular o pensamento, desafiar as mentalidades.

Por isso, escolho o TED como algo que me inspira. TED começou como a convergência entre Tecnologia, Entretenimento e Design - um conjunto de conferências que teve o seu início em 1984. Na sua 1ª edição foram apresentados o primeiro computador da Macintosh, o compact disc da Sony e, o matemático Benoit Mandelbrot apresentava o seu trabalho com fractais.

Hoje, TED define-se como uma comunidade global, que acolhe pessoas de todas as disciplinas e culturas que se revejam numa missão de um conhecimento mais profundo do Mundo.
Hoje, a marca TED é mais poderosa e conhecida do que nunca. TED é também TEDActive, TEDGlobal, TEDFellows, etc, etc... Existe um mundo TED que hoje alcança e é seguido por milhões de pessoas. Isto deve-se sobretudo às TED Talks - a plataforma online que permitiu partilhar as participações, as ideias, com o Mundo e, que rapidamente conquistou um maciço número de seguidores.
No entanto, todo o Universo Ted rege-se pela mesma missão primária: Disseminar ideias.

Podem conhecer o TED em profundidade em www.ted.com

Arte que se ouve: "Rolling in the deep" de Adele




Este é um pop com substância. Uma vocalista que se apresenta pela voz, pela sua pujante voz, sem grandes artifícios nem jogos de imagem.

Adele é uma compositora e cantora britânica, de 22 anos. É fã de Etta James e Peggy Lee entre outros nomes da Jazz e Soul e isso denota-se na profundidade da sua própria voz. Gosta de poesia.
Foi descoberta pelas editoras discográficas através da sua página no
MySpace.
O tema "Rolling in the deep" integra o seu novo albúm, intitulado "21".

Arte que se lê: "O estado em que estamos" de Luís Marques Mendes



Entre numa livraria, numa qualquer, e verá nos títulos que ocupam os escaparates um excelente indicador do presente estado do Mundo, do País, da Sociedade, do ponto em que se foca o pensamento e as preocupações das pessoas neste exacto momento.
Não é de estranhar que, no contexto social, político e económico em que nos encontramos, tudo o que não esteja relacionado com este seja passado para segundo plano.

Proliferam as biografias de figuras políticas, revive-se Abril em paralelismos com a comtemporaneidade, multiplicam-se as análises da situações, os livros de opinião e pontos de vista por parte de nomes da política e economia. A crise prova ser uma excelente oportunidade para quem escreve sobre a crise.

E é natural que este fenómeno aconteça. Pessoalmente, nunca senti tão grande necessidade de me informar, de ler, de absorver informação sobre estas temáticas.

Contudo, quando me vi confrontada com as imensas ofertas neste campo, confesso que me foi difícil encontrar um livro que atendesse plenamente às minhas necessidades.
Tinha que ser um livro que focasse a situação que vivemos no panorama nacional ao invés de se perder numa narrativa da crise enquanto fenómeno global.
Tinha que se afastar o mais possível de um discurso partidário, o que é imensamente complicado, visto que muitas das publicações que se encontram são, acima de tudo, discursos demagógicos, formas de um porta-voz partidário usar o livro como veículo propagandista para o programa defendido pelo seu partido político.
Por fim, tinha que ser coerente, apresentar dados e as fontes dos mesmos.

Acabei por optar pel "O estado em que estamos" de Luís Marques Mendes.
Atraiu-me especialmente pela capa, onde diz "a análise sem rodeios de um país em crise e das soluções para o resgatar". Eu, como pessoa sem afiliação partidária, (embora simpatizante de orientação mais à esquerda), céptica e desencantada quanto ao desempenho dos nossos políticos, senti-me naturalmente atraída pela possibilidade de alguém que conhecemos do exercício político finalmente se chegar à frente com a apresentação de propostas concretas, de soluções.
Pareceu-me ser um exercício interessante, verificar se aquela figura conhecida pela sua ligação com o PSD e eu própria, com ideias muito próprias quanto ao rumo que o país precisa tomar, encontraríamos pontos em comum ou seríamos definitivamente duas linhas paralelas.

Acabou por ser um exercício muito positivo. Sim, encontrei pontos de discordância. Encontrei mais pontos comuns do que aqueles que esperava, confesso. A escrita é clara, apresenta dados. Apresenta e disseca o que acredito ser a nova linha de pensamento do PSD. O que não é negativo. Aliás, todos os partidos deveriam comunicar claramente, de forma fundada, as suas crenças e estratégias, as suas soluções ao invés de se perderem em confrontos inter partidários.



Aqui fica um excerto:

"Lavar a cara dos partidos

Há anos que sustento que a escolha de candidatos a eleições - seja para a a Assembleia da República, seja para as Autarquias locais - deve ser feita na base de rigorosas exigências éticas. Afinal, a política deve ser um exercício de permanente compromisso com um código de valores, donde sobressaem a seriedade e a integridade.

Não me tenho limitado a dizê-lo. Eu próprio tenho dado o exemplo de praticar e fazer afirmar estes princípios. Em 2005, nas eleições autárquicas de então, tomei mesmo a decisão de afastar alguns candidatos, sabendo que corria o risco de perder algumas eleições.

Fi-lo para defender a ética e seriedade no exercício da vida política. Fi-lo com a convicção de que o poder pelo poder, exercido sem ética e sem obediência a um código de valores, não serve para nada. E fi-lo ainda com a certeza de que às vezes é preciso correr o risco de perder uma eleição para dar uma "pedrada no charco", desafiar a consciência colectiva e afirmar uma linha política.

Nesta linha de coerência, considero chocante para os cidadãos e uma vergonha para a democracia que o Parlamento, ao fim de todos estes anos, não tenha tido a coragem de aprovar a legislação que impeça que pessoas a contas com casos graves na justiça possam candidater-se a eleições.
A questão é simples de explicitar: pessoas acusadas, pronunciadas ou condenadas judicialmente por crimes especialmente graves (corrupção, peculato ou fraude fiscal, por exemplo) não têm condições de prestígio, credibilidade e autoridade para exercerem cargos políticos, gerirem dinheiros públicos ou representarem o interesse público. São maus exemplos para a sociedade e péssimas referências para a vida política. Têm uma imagem de credibilidade ferida de morte. Envenenam a atmosfera democrática. Revoltam os cidadãos e afastam-nos ainda mais da particiapção política.

E não se diga, como às vezes é vox populi: aquele não é sério mas faz obra! Considero isso um disparate degradante. Há felizmente muita gente na política que é séria e faz obra. A seriedade não é imcompatível com a capacidade de realização. Muito pelo contrário. A obrigação de quem dirige ou legisla é incentivar a seriedade. Nunca pode ser a de pactuar com a imoralidade, a ilegalidade ou a falta de escrúpulos.

Todos os partidos, em regra, subscrevem esta análise. Vários tomaram mesmo a iniciativa de apresentar projectos de lei para impedir candidaturas de cidadãos enquadrados nestas circustâncias, ou seja, as candidaturas de cidadãos a contas com casos graves na justiça.

Apesar disso, passam os anos, sucedem-se as eleições, terminam as legislaturas e nenhuma lei é aprovada. Mantém-se o clima de impunidade e o patrocínio de situações absolutamente imorais.

Mais grave ainda. O Parlamento acaba de aprovar um conjunto de leis de combate à corrupção, da iniciativa de vários partidos. Só que, uma vez mais, fez vista grossa a esta questão e deixou na gaveta projectos de lei para impedir a candidatura de pessoas com casos graves na justiça, não tendo tido a coragem de separar o trigo do joio.

Tudo isto é escandaloso. Tudo isto é uma afronta à decência política e à dignidade democrática, Uma vergonha. Num ano em que a República celebra 100 anos de existência, este comportamento fere gravemente os mais elementares princípios da ética republicana.

Só há uma conclusão a tirar: os partidos, todos eles, apregoam a credibilidade, mas não a praticam; falam de seriedade mas pactuam com a sua falta; disem defender o interesse geral mas acabam a proteger os amigos, os compadres e os enteados políticos; proclamam a transparência e a verdade mas decretam a política da mentira e do compadrio; são coniventes com práticas e comportamentos que incentivam a corrupção.

Esta crise de valores é séria e profunda. Ela está a minar gravemente a qualidade da democracia, a indignar os cidadãos, a cavar uma ruptura preocupante entre os eleitores e os responsáveis políticos.
Com a agravante de que os partidos são cúmplices desta degradação absolutamente intolerável.
É tempo de dizer BASTA."

in "O estado em que estamos", de luís Marques Mendes, matéria-prima edições

29/04/2011

Arte que se vê: "Inside Job", de Charles Fergunson



Não há boca no mundo que não soletre crise, que nela se debruce, se rebole, que não rumine este termo tão globalizado, a maioria das vezes sem saber do que fala exactamente.
E a ignorância é geral. Todos sabemos que a vida está mais cara, falamos de défice, questionamo-nos sobre a próxima subida de impostos, da renda da casa, do pão, dos cortes nos salários. Todos nós sentimos a crise, mas não a entendemos verdadeiramente. Sabemos que dói, mas não como surgiu este mal, esta doença que se entranhou em todo o lado.
Se forem como eu, (e eu que são pois este mundo global nos presenteia com semelhanças), hão-de sentir que quem se dirige às massas com o diagnóstico das nações, soa mais a charlatão do que a médico, que alguma coisa não bate certo.
E eis que surge este fantástico filme / documentário.

Se forem como eu, não o vão querer deixar de ver. Vão querer saber toda a verdade, independentemente das implicações. Se forem como eu, vão ficar boquiabertos, estupefactos, zangados, enojados até. Sobretudo agradecidos por haver quem nos tire a areia dos olhos, porque se a ignorância facilita a entrada no Céu católico, enquanto estamos por aqui só nos dá é chatices.

Crónica da Carica: 3D? Não, obrigado.



Uma ida ao cinema sempre foi para mim sinónimo de um bom programa. Para mim, preferível a uma ida a uma discoteca, e tão satisfatório como um jardim ou museu.
Tenho gostos simples. E nunca foi tão difícil ter gostos simples como agora. Em qualquer coisa que se busque...
É quase impossível encontrar um par de jeans que não estejam cravejados de adornos, que não sejam adelgaçantes ou tenham efeito push up, com cinturas demasiado subidas ou perigosamente descidas. Já não existem vestidos e camisolas, mas um híbrido maxi camisola/ mini vestido que assenta de uma forma descabida a quem tem mais de 12 anos. A malfadada semântica que ao dar origem ao termo "leggings" faz com que mulheres de todas as idades percam a noção do ridículo e saiam à rua em collants, convencidas que são calças. As 1500 aplicações que existem em todos os telemóveis, tornando marginal e cada vez mais difícil de efectuar a função básica para que foram inventados - as chamadas telefónicas.

No meio de tudo isto e muito mais, sugiu a tecnologia 3D, tornando tão, mas tão mais difícil retirar prazer de uma ida ao cinema. Não que eu seja uma purista: não me incomodam as pipocas, até aprecio, algum sussurrar na sala, as gargalhadas espontâneas em grupo, tudo numa dose razoável faz parte da experiência salutar do visionamento de um filme enquanto experiência em grupo. Mas não gosto do 3D nem por nada...

Não acho minimamente higiénico partilhar óculos com estranhos. Sabe-se lá em que caras, em que peles é que estes andaram. E até que ponto é que esta tecnologia é inofensiva, a dor de cabeça e de olhos, as tonturas e naúseas com que saí da minha única experiência em 3D, (jurei para nunca mais!), deixa-me a pensar o contrário.

Entristece-me sentir que, ou nos deixamos levar na maré das tendências, ou ficamos de fora. Por mais que goste de ir ao cinema, o cinema está a morrer para mim, está a deixar de fazer parte dos meus programas. Cada vez existem menos opções em cartaz para quem não quer alinhar no 3D.
Infelizmente a política de no mesmo cinema se encontrar a versão "normal" e em 3D do mesmo filme já se extinguiu, extinguindo-se a liberdade de escolha do consumidor.

Igualmente, outra consequência da tecnologia, é a diminuição da qualidade dos próprios filmes. Cada vez se dá menos importância à qualidade do argumento ou do desempenho dos actores, agora conta é inserir cenas que exibam de uma forma fantástica as potencialidades do 3D na interacção com o público, mesmo que estas não tenham qualquer ligação lógica com o filme.
Sim, porque nem todos os argumentos casam na perfeição com esta tecnologia. Embora o consiga conceber em algo como Matrix, ou Avatar, dificilmente pode ser encarada como uma panaceía a ser tomada por filmes de A a Z.

Filmes sim, mas em casa, cada vez mais.


Não sou a única a pensar assim! hehehe:
http://www.newsweek.com/2010/04/30/why-i-hate-3-d-and-you-should-too.html

27/04/2011

Arte de Bem Comer: Restaurante "O Lagar da Cerveja", Terrugem, Sintra



Fica na Av. 29 de Agosto na Terrugem. À beira da estrada, é impossível não reparar num edifício amarelo de dois pisos, simples mas bem cuidado. Recente.
Apresenta-se através de um letreiro como restaurante marisqueira "O Lagar da Cerveja".
No lugar que hoje ocupa, há muitos anos atrás, num edíficio térreo de um branco sujo e muito mais singelo encontrava-se o primeiro restaurante "O Lagar". Hoje, sobrevive apenas na memória de muitos que, como eu, rumavam a terras saloias para um cabrito à lagar.
Eu era criança, mas ficou-me na memória os almoços com os meus pais, entre rodas de carroças, pratos de barro, latoarias, artesanato e quinquilharias que enchiam as paredes e os tectos. Bocados de uma vida rural passada, uns mais sucata que outros, que agora encontravam uma nova serventia. Não só decorativa, mas também educativa, por todos os gaiatos e gaiatas, como eu na altura, que inquiriam sobre a natureza, forma e função de todos os badalos, peças e pecinhas.
Esse primeiro, morreu com o dono. Lá ficou à beira da estrada, de um branco mais sujo e com sinais mais evidentes de abandono e ruína de ano para ano.

Este novo "lagar", novo e luminoso, é de momento o meu restaurante favorito. Pelo espaço, pela comida, pelo atendimento. A comida é bem confeccionada, as doses generosas e o preço razoável. Na ementa, para além de uma boa selecção de carnes, peixes, mariscos, sobremesas, a oferta de pratos do dia é variada e também uma boa escolha.
Quanto ao preço, são semelhantes aos praticados num restaurante chinês, ou seja, em conta. Existem muitos pratos por menos de 8€, e as sobremesas menos de 2€.
É um dos únicos restaurantes onde me atrevo a fazer refeições em grupo, porque cada um pede o que quer, e é certo que todos saem satisfeitos.

A cozinha, no piso térreo, separa-se da sala somente por vidros, sendo possível observar sem qualquer constrangimento a preparação dos alimentos.
A decoração, é sóbria e acolhedora. Tem zona para não fumadores e fumadores.

Sabe-me bem ir ao Lagar. Começar por um queijo seco alentejano, e fatias de um pão verdadeiramente bom. Tudo isto de forma informal e descontraída. Continuar com um polvo à lagareiro, (e eu que sempre achei que não gostava de polvo!), um cozido à portuguesa, um bife à cortador, peixe grelhado, rolo de carne...
Não faltam opções, inclusivé quanto às sobremesas: doce da casa, doce da avó, serradura, baba de camelo... A conta final, para dois, cerca de 25€.

Site: http://www.olagardacerveja.com/inicio.php
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