27/01/2008

Arte Antiga: Mesopotâmica - Assíria

A Arte da Assíria sucede à expressão Suméria tratada no post anterior, pertencendo ambas ao grupo de artes consideradas Antigas, e ao subgrupo da Arte Mesopotâmica.

Arte e Arquitectura Assíria

"A história da arte primitiva assíria data do século XVIII ao XIV a.C., mas é pouco conhecida. A arte do período assírio médio ou mesoassírio (1350 a.C. a 1000 a.C.) mostra sua dependência das tradições estilísticas babilônicas. Os temas religiosos são apresentados de uma forma solene e as cenas profanas, de maneira mais naturalista. O zigurate foi a principal forma de arquitetura religiosa assíria e o uso de tijolos vitrificados policromáticos, muito comum nessa fase. A arte assíria genuína teve sua época fulgurante no período neoassírio ou período assírio tardio (1000-612 a.C.). Com Assurbanipal II, que converteu a cidade de Nimrud (antiga Calah da Bíblia) em capital militar. Dentro de seus muros, encontravam-se a cidadela e as principais construções reais, como o palácio do noroeste, decorado com esculturas em relevo. Sargon II, que reinou entre 722 e 705 a.C., criou uma cidade de planta nova, Dur Sharrukin (atual Jorsabad), que estava rodeada por uma muralha com sete portas, três delas decoradas com relevos e tijolos vitrificados. No interior, erguia-se o palácio de Sargon, um grande templo, as residências e os templos menores. Seu filho e sucessor, Senaqueribe, que reinou entre os anos de 705 e 681 a.C., mudou a capital para Nínive, onde construiu seu próprio palácio, o qual denominou “palácio sem rival”. Os assírios adornaram seus palácios com magníficos relevos esculturais. A arte dos entalhadores de selos do último período assírio é uma combinação de realismo e mitologia. Mesmo nas cenas naturalistas, aparecem símbolos dos deuses. Datam desse período, em Nimrud e em Jorsabad, fabulosas esculturas de marfim. Na primeira, foram encontradas milhares de pequenas figuras de elefantes, que manifestam uma grande variedade de estilos. Os antigos povos da Mesopotâmia e da Anatólia usavam a escrita cuneiforme, sistema que provavelmente teve origem na Suméria. Consta de 600 caracteres, cada um dos quais representa palavras ou sílabas escritas em tábuas de argila ou de pedra. As terras baixas da Mesopotâmia abarcam a planície fértil, porém seus habitantes tiveram que enfrentar o perigo das invasões, as extremas temperaturas atmosféricas, os períodos de seca, as violentas tormentas e os ataques das feras. Sua arte reflete, ao mesmo tempo, sua adaptação e seu medo destas forças naturais, assim como suas conquistas militares. Estabeleceram núcleos urbanos nas planícies, cada um dominado por um templo, que foi o centro do comércio e da religião, até que foi desbancado em importância pelo palácio real. O solo da Mesopotâmia proporcionava o barro para o adobe, material de construção mais importante desta civilização. A arte assíria genuína teve sua época fulgurante no período neoassírio ou período assírio tardio (1000-612 a.C.). Com Assurbanipal II, que converteu a cidade de Nimrud (antiga Calah da Bíblia) em capital militar. Dentro de seus muros, encontravam-se a cidadela e as principais construções reais, como o palácio do noroeste, decorado com esculturas em relevo. Sargon II, que reinou entre 722 e 705 a.C., criou uma cidade de planta nova, Dur Sharrukin (atual Jorsabad), que estava rodeada por uma muralha com sete portas, três delas decoradas com relevos e tijolos vitrificados. No interior, erguia-se o palácio de Sargon, um grande templo, as residências e os templos menores. Seu filho e sucessor, Senaqueribe, que reinou entre os anos de 705 e 681 a.C., mudou a capital para Nínive, onde construiu seu próprio palácio, o qual denominou "palácio sem rival". Os assírios adornaram seus palácios com magníficos relevos esculturais. A arte dos entalhadores de selos do último período assírio é uma combinação de realismo e mitologia. Mesmo nas cenas naturalistas, aparecem símbolos dos deuses. Datam desse período, em Nimrud e em Jorsabad, fabulosas esculturas de marfim. Na primeira, foram econtradas milhares de pequenas figuras de elefantes, que manifestam uma grande variedade de estilos. "


As origens dos Assírios

"Umas poucas menções na Bíblia, referências esparsas em autores gregos, era tudo o que se sabia da Assíria até o séc. 19. As grandes escavações empreendidas a partir de 1840 e a decifração de numerosas inscrições (só a biblioteca de Assurbanipal, de Nínive, forneceu 22 mil tábulas gravadas) permitiram reconstruir, com certa minúcia, o passado desse grande império. Restam zonas de sombras. As listas assírias de reis, como a de Khorsabad, encontrada em 1932-1933, ou as de oficiais epônimos (o primeiro ano de um reinado recebia o nome do rei; os seguintes, o de algum dignitário), são, todas, imcompletas e inexatas, quando não fantasiosas. As sumérias, por exemplo, a Dmuzi, de Badtibira, de 28.800 anos de reinado; a Enmenduranna, de Sipar, 72.000. Tais numeros são inaceitáveis, quer se trate de anos solares, quer lunares; ademais os cronologistas não estão de acordo quanto à data em que os anos solares substituíram os lunares na Mesopotâmia. Acresce que certos reis cujos nomes chegaram até nós em estelas ou outros monumentos não constam de qualquer relação dinástica. O próprio conceito de dinastia é moderno e não se aplica com exatidão ao caso da Assíria, onde nem sempre houve sucessão contínua, no sentido tradicional, e nem sempre a sucessão se fez de pai para filho. A realeza parece ter passado, em certas épocas, de cidades para cidades. Em outras, várias dinastias coexistiram e houve centros simultâneos de poder. Assim, reis aparentemente distanciados no tempo foram, de fato, contemporâneos. A rigor,na Assíria, rei era o deus local, de que o prìncipe não passava de representante ou vigário, isto é, o que fazia as suas vezes. Não é uniforme a terminologia empregada, nem é nítida a diferença entre os títulos assírios de luggal (rei) e ensi (governador). Às vezes, o ensi é um preposto do luggar, às vezes o luggar insiste em usar o título de ensi, ou por motivo religioso (reservar o título maior para a divindade, a que pertence de direito), ou por motivo político (não ferir a susceptibilidade da população, como aconteceu cada vez que a Babilônia foi conquistada)."


Civilização Assíria

"Antigo país da Ásia, localizado ao norte da Mesopotâmia, a partir da fronteira norte do atual Iraque. Suas conquistas se estenderam aos vales dos rios Tigre e Eufrates. A parte ocidental do país era uma estepe adequada apenas a uma população nômade. Entretanto, a parte oriental era apropriada para a agricultura, com colinas cheias de bosques e férteis vales banhados por pequenos rios. A leste da Síria se encontram os montes Zagros; ao norte, um escalão de platôs conduz ao maciço armênio; a oeste se estende a planície da Mesopotâmia. Ao sul se encontrava o país conhecido primeiro como Sumer, depois Sumer e Acad e, mais tarde, Babilônia. Mesopotâmia é o nome que os antigos gregos deram a toda a região em que surgiram esses países, incluindo a Assíria. As cidades mais importantes da Assíria, todas situadas no território do atual Iraque, eram Assur, atualmente Sharqat; Nínive, da qual os únicos vestígios que indicam sua localização são dois grandes tells (colinas formadas sobre ruínas), Quyunyik e Nabi Yunas; Calach, hoje Nimrud, e Dur Sharrukin, atualmente Jursabad (Jorsabad). A literatura assíria era praticamente idêntica à babilônica, e os reis assírios mais cultos, principalmente Assurbanipal, se gabavam de armazenar em suas bibliotecas cópias de documentos literários babilônicos. A vida social ou familiar, os costumes matrimoniais e as leis de propriedade também eram muito parecidas. E as práticas e crenças religiosas, muito semelhantes às da Babilônia, inclusive o deus nacional assírio, Assur, foi substituído pelo deus babilônio Marduk. A principal contribuição cultural assíria ocorreu no campo da arte e da arquitetura. Segundo os descobrimentos arqueológicos, a Assíria foi habitada desde o início da era paleolítica. Apesar disso, a vida sedentária não teve origem nessa região, até cerca de 6500 a.C. O fim do Império Assírio ocorreu no ano de 612 a.C., quando o exército, comandado por seu último rei, Assur-Uballit II (612-609 a.C.), foi derrotado pelos medas em Harran. Ao longo de sua história, o poder da Assíria dependeu quase que inteiramente de sua força militar. O rei era o comandante-em-chefe do exército e dirigia suas campanhas. Embora em teoria fosse monarca absoluto, na realidade os nobres e cortesãos que o rodeavam, assim como os governadores que nomeava para administrar as terras conquistadas, tomavam frequentemente decisões em seu nome. As ambições e intrigas foram uma ameaça constante para a vida do governante assírio. Essa debilidade central na organização e na administração do Império Assírio foi responsável por sua desintegração e colapso."


- Clique no link para ver um mapa da Assíria:

http://www.historiadomundo.com.br/assiria/mapa-civilizacao-assiria/



Fontes:

http://www.historiadomundo.com.br/assiria/

Imagem de um Lamassu, (um colossal animal alado, com cabeça humana, utilizado aos pares para flanquear a entrada de palácios), retirada de wikipédia.

24/01/2008

Arte Antiga: Mesopotâmica - Suméria

Este post inicia o capítulo dedicado à Arte Antiga ou da Antiguidade. Será interessante dizer que "a arte antiga refere-se à arte desenvolvida pelas civilizações antigas após a descoberta de escrita e que se estende até à queda do império romano do ocidente, em 476 d.C, aquando das invasões bárbaras."

Esta divide-se em vários grupos: Arte Mesopotâmica, Arte do vale do Nilo, Arte Celta e Germânica, Arte Egeia, Arte Fenícia, Arte da Antiguidade Clássica e, por fim, Arte do Cristianismo. Por sua vez, estes grupos subdividem-se, formando no total 17 expressões distintas.

Este primeiro post tratará então de dar a conhecer um pouco da Arte Suméria, o primeiro subgrupo pertencente à Arte Mesopotâmica.

"A região da Mesopotâmia (correspondendo aproximadamente aos limites actuais do Iraque), onde o povo Sumério se estabeleceu aproximadamente em 4000 a. C., é um imenso vale, definido por dois importantes rios, o Tigre e o Eufrates, que desaguam no Golfo Pérsico. Este fértil território foi palco, durante a antiguidade, de inúmeras ocupações, assistindo a uma contínua sucessão de povos (nómadas ou semi-nómadas), de cidades-estados e de impérios, de entre os quais se destacam os Sumérios, os Acádios, os Babilónicos, os Assírios, os Persas.As primeiras povoações sumérias concentravam-se ao longo dos rios, dedicando-se à agricultura. Mais tarde as aldeias transformam-se em cidades amuralhadas que ganharam estatuto político relativamente autónomo. De entre estas destacam-se as cidades de Ur, de Uruk, de Nippur e de Lagash.A arte suméria alcança um primeiro período de maturidade aquando da ascensão da dinastia de Ur (sediada na cidade do mesmo nome). Para além das famosas estruturas arquitectónicas, esta dinastia produziu algumas esculturas, de dimensão média ou pequena, baixos-relevos em estelas (placas de pedra) e objectos utilitários. Ao primeiro período dinástico, interrompido aquando da invasão Acadiana, aproximadamente em 2300 a. C., sucedeu, dois séculos depois, a fase neo-suméria, durante a qual algumas das antigas cidades-estados conseguiram restabelecer-se, derrotando os invasores.


Arquitectura

A arquitectura suméria difere da arquitectura egípcia pelo exclusivo emprego de tijolo, pois a região era muito pobre em pedra. Das muitas estruturas arquitectónicas erguidas por esta civilização, sobreviveram alguns sectores urbanos, um conjunto de necrópoles e de templos de grande dimensão, chamados Zigurates.Na Suméria, cada cidade-estado tinha o seu Deus, constituindo uma obrigação do seu rei, enquanto representante terrestre desse deus protector, a construção de um local de culto para sua veneração. Estes templos, que primitivamente eram pequenas estruturas com forma oval, transformaram-se mais tarde em grandes edifícios, construídos em tijolos de argila secos ao sol. Com plantas regulares, de base quadrada ou rectangular, eram constituídos por plataformas elevadas, que formavam torres, sobre as quais se erguiam os santuários. De entre estas construções destaca-se o Zigurate de Ur-Nammu, o rei fundador da III dinastia de Ur, cerca de 2100 a. C. Formado por uma série de terraços sobrepostos (que de certa forma recordam as pirâmides em degraus da arte egípcia), aos quais se acedia por rampas ou vastas escadarias, este templo apresenta paredes maciças que são ritmadas por saliências e reforçadas por torres. Contrariamente aos templos que alcançaram um desenvolvimento tecno-construtivo e formal, os túmulos Sumérios, geralmente enterrados e abobadados no interior, são destituídos de importância em termos arquitectónicos.


Artes plásticas

A estatuária suméria realizada em pedra (geralmente em diorite, um material muito duro e escuro), encontra fortes limitações técnicas pela escassez da matéria-prima, razão pela qual a maior parte das esculturas são de pequena dimensão. Bastante idealizadas e estilizadas, as estátuas adaptavam-se formalmente ao bloco de pedra que as originou, pela adopção de volumes geométricos simples que consagraram algumas regras canónicas, como a frontalidade, a simetria e a posição das figuras (de pé ou sentada num trono). Representavam quase invariavelmente figuras isoladas, deuses, altos funcionários (representantes do poder civil e religioso) ou personagens femininas.Para os Sumérios, a estátua substituía o ser representado, servindo essencialmente para rituais de veneração. A necessária identificação do personagem era concretizada não só através da inscrição do seu nome na própria escultura mas também pelo cuidado posto na representação do rosto, normalmente desproporcionado em relação ao corpo. Entre os melhores exemplos de escultura suméria conta-se a série de estátuas em diorite, realizadas no século XXI a. C., representando o governador Gudea, da próspera cidade de Lagash, em várias posições (ora de pé, ora sentado num trono). Estas peças apresentam grande homogeneidade de soluções ao nível do tratamento do rosto e dos braços. O relevo sobre pedra (aplicado em rochedos, estelas ou placas), bastante difundido no mundo mesopotâmico, servia intenções essencialmente narrativas e comemorativas. Contrariamente à escultura, que representava geralmente figuras isoladas, nos relevos surgiam cenas com várias figuras, evocando os acontecimentos históricos mais significativos de determinada cidade ou dinastia. Na "Estela dos Abutres" de Lagash, datada da segunda metade do III milénio, as cenas foram dispostas em planos sobrepostos, formando uma sequência narrativa que articulava texto e imagens. Tendo sido um dos povos pioneiros no trabalho de metal, os Sumérios levaram esta forma artística a um notável nível de desenvolvimento técnico e estético. Muitos exemplares de objectos em ouro, prata, madeira e marfim, geralmente associando ouro e prata foram descobertos em recentes escavações nas principais necrópoles sumérias."


Fonte:
imagem: Estátua em homenagem a Gudea, príncipe e governador da povoação suméria de Lagash

18/01/2008

História da Arte: Neolítico



Este é o último post sobre a Arte Pré-histórica, encerrando este capítulo com o Neolítico, que todos reconhecemos através dos cromeleques. A partir do próximo post iniciaremos a abordagem à Arte Antiga.

"A arte do neolítico inicia-se com a Revolução neolítica, período revolucionário na história que, no Médio Oriente, teve início há cerca de 10.000 anos, quando o homem começa com êxito a domesticar animais e a dar os primeiros passo na agricultura, cultivando gramíneas cerealíferas.
A partir desse momento o homem aprende a assegurar a sua alimentação pelo próprio trabalho e torna-se sedentário formando aldeias. Surge a produção de cerâmica, a fiação e a tecelagem, assim como métodos básicos da construção arquitectural em madeira, tijolo e pedra. Iniciam-se também neste período as imponentes estruturas megalíticas, construções feitas com grandes pedras monolíticas, relacionadas com o culto dos mortos ou com objectivos religiosos.
No Neolítico decrescem as atividades dos escultores e pintores, desenvolvendo-se bastante as dos ceramistas. Agora o escultor sabe cozinhar a argila, surgindo os vasos com motivos geométricos. Foram encontradas peças na Roménia e Hungria.
Os escultores depois de executarem com esmero o trabalho de lascar a pedra, poliam-na com atrito sobre uma camada de areia molhada, contra pedras mais resistentes. O trabalho de polimento assume escala industrial com a produção em série de facas, raspadores, machados e ponta de flechas, que seriam comercializados, trocados por outros artefatos ou produtos naturais.
A pintura no Neolítico torna-se mais decorativa. Observa-se uma completa revolução estilística, a primeira verificada na arte, onde os pintores abandonam o realismo figurativo do paleolítico e tendem agora a simplificar, esquematizar, geometrizar, substituindo, muitas vezes, as imagens visuais por símbolos e signos. Chegam, destarte, às formas abstratas.
De um modo geral, e de acordo com os achados arqueológicos, a produção artística deste período é caracterizada pelo surgimento de parâmetros geométricos, relacionada a uma suposta evolução dos padrões naturalistas-realistas para um abstracionismo na representação das formas.
Mas os achados que têm sido feitos, pouco nos dizem da evolução da mentalidade do Homem neolítico e das suas motivações artísticas. Isto não significa que haja uma produção de peças em quantidade reduzida, mas que talvez estas sejam feitas em materiais frágeis, como a madeira, e que não tenham resistido ao tempo."

artigo in http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_do_Neol%C3%ADtico

imagem do Cromeleque dos Almendres, Portugal

História da Arte: Rupestre


Este é o segundo de três posts sobre a Arte Pré-histórica, tratando-se este mais precisamente da Arte Rupestre. Achei importante iniciar a rúbrica de História de Arte deste blog por esta época, não só pelos óbvios motivos cronológicos, mas sobretudo para sublinhar que, desde o início da existência da nossa espécie, sempre houve uma necessidade do Homem de dar voz ao seu espírito através da Arte, da criação, da expressão. Na minha opinião, esse é o elo que une todos os artistas e todas as formas de arte.


"Arte rupestre, pintura rupestre ou ainda gravura rupestre, é o nome que se dá às mais antigas representações pictóricas conhecidas, as mais antigas datadas do período Paleolítico Superior (40.000 a.C.) gravadas em abrigos ou cavernas, em suas paredes e tetos rochosos, ou também em superfícies rochosas ao ar livre, mas em lugares protegidos, normalmente datando de épocas pré-históricas.

Na vida do Homem pré-histórico tinham lugar a Arte e o espírito de conservação daquilo de que necessitava. Estudos arqueológicos demonstram que o Homem da Pré-História (a fase da História que precede a escrita) já conservava, além de cerâmicas, armas e utensílios trabalhados na pedra, nos ossos dos animais que abatiam e no metal. Arqueólogos e antropólogos datando e estudando peças extraídas em escavações conferem a estes vestígios seu real valor como "documentos históricos", verdadeiros testemunhos da vida do Homem em tempos remotos e de culturas extintas.

Prospecções arqueológicas realizadas na Europa, Ásia e África, entre outras, revelam em que meio surgiram entre os primitivos homens caçadores os primeiros artistas, que pintavam, esculpiam e gravavam, demonstrando que o desejo de expressão através das artes é inerente ao ser humano. A cor na pintura já era conhecida pelo Homem de Nandertal. As "Venus Esteatopígicas", esculturas em pedra ou marfim de figuras femininas estilizadas, com formas muito acentuadas, são manifestações artísticas das mais primitivas do "Homo Sapiens" (Paleolítico Superior, início 40000a.C) e que demonstram sua capacidade de simbolizar. A estas esculturas é atribuído um sentido mágico, propiciatório da fertilidade feminina.

Não é menos notável o desenvolvimento da pintura na mesma época. Encontradas nos tetos e paredes das escuras grutas, descobertas por acaso, situadas em fundos de cavernas. São pinturas vibrantes realizadas em policromia que causam grande impressão, com a firme determinação de imitar a natureza com o máximo de realismo, a partir de observações feitas durante a caçada. Na Caverna de Altamira (a chamada Capela Sistina da Pré-História), na Espanha, a pintura rupestre do bisonte impressiona pelo tamanho e pelo volume conseguido com a técnica claro-escuro. Em outros locais e em outras grutas, pinturas que impressionam pelo realismo. Em algumas, pontos vitais do animal marcados por flechas. Para alguns, "a magia propiciatória" destinada a garantir o êxito do caçador. Para outros estudiosos, era a vontade de produzir arte.
Qualquer que seja a justificativa, a arte preservada por milênios permitiu que as grutas pré-históricas se transformassem nos primeiros museus da humanidade.


A Arte Rupestre é uma maneira de representar a Arte Primitiva. Acredita-se que estas pinturas, cujos materiais mais usados são o sangue, argila e excrementos humanos, têm um cunho ritualístico. Estima-se que esta arte tenha começado no Período Aurignaciano (Hohle Fels, Alemanha), alcançando o seu apogeu no final do Período Magdaleniano do Paleolítico.
Uma teoria alternativa e mais moderna quanto ao objectivo destas pinturas, baseada em estudos de sociedades mais recentes de caçadores-coletores, é que as pinturas foram feitas por xamãs do grupo dos Cro-Magnon.
Os xamãs retirar-se-iam para a escuridão das cavernas, entrariam em estado de transe e pintariam, então, imagens de suas visões, talvez com alguma intenção de extrair força das paredes da caverna para eles mesmos. Isso favorece a explicação sobre a antigüidade de algumas pinturas (que freqüentemente ocorrem em cavernas profundas e pequenas) e a variedade dos motivos (de animais de presa a predadores e desenhos de mãos humanas).
Normalmente os desenhos são formados por figuras de grandes animais selvagens, como bisões, cavalos, cervos entre outros. A figura humana surge raramente, sugerindo muitas vezes actividades como a dança e, principalmente, a caça, mas normalmente em desenhos esquemáticos e não de forma naturalista, como acontece com os dos animais. Paralelamente encontram-se também palmas de mãos humanas e motivos abstratos (linhas emaranhadas), chamados por Henri Breuill de macarrões.
Nos sítios espalhados pelo mundo, é padrão encontrar, além dos desenhos parietais, figuras e objetos decorativos talhados em osso, modelados em argila, pedra ou chifres de animais.


Em Portugal são conhecidas mais de trezentas localidades de arte rupestre, destacando-se o Complexo do Vale do rio Côa, um dos mais antigos ao ar livre, a gruta do Escoural, fundamental no estudo do Cro-Magnon e Neandertal, e o Mazouco. A Anta Pintada de Antelas, em Oliveira de Frades, é um monumento nacional que apresenta as pinturas rupestres melhor conservadas de toda a Península Ibérica."



imagem da venus de willendorf

16/01/2008

História da Arte: Paleolítico


Este é o primeiro de muitos posts sobre a História da Arte, com o objectivo de difundir as várias etapas da mesma nas várias épocas. Aprender e compreender para apreciar melhor o que nos rodeia. Espero que gostem.


"A arte do Paleolítico refere-se ao início da história da arte e à mais antiga produção artística de que se tem conhecimento. A arte deste período situa-se na Pré-História, no Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), e tem início há cerca de dois milhoes de anos estendendo-se até c. 8 000 a.C..
O Paleolítico é um dos três períodos da Idade da Pedra, ao qual se segue o Mesolítico e, posteriormente, o Neolítico (Idade da Pedra Polida), e que se situa, do ponto de vista geológico, na Idade do gelo, mais precisamente no Pleistoceno.

São deste período instrumentos de pedra talhada, decoração de objectos, jóias para diferentes partes do corpo, pequena estatuária representando a figura feminina ou animais, relevos e pinturas parietais com temática de caça e figuras isoladas de animais ou caçadores.

Após o início da produção manual de objectos começam a surgir os primeiros indícios de decoração dos mesmos, mas só no Paleolítio Superior se fazem as primeiras tentativas de transpôr algo real para um determinado suporte. Para isto é necessário uma observação cuidada da natureza envolvente e a percepção de que é possível a reprodução do mundo visível através de um novo método.

Este método implica a captação da realidade e, no caso da pintura e do relevo, a passagem da tridimensionalidade para um plano bidimensional que resulta, inicialmente, em representações de grande naturalismo e realismo. O Homem faz também uso de rochas ou pedaços de osso ou madeira que se assemelhem a um determinado animal, tirando partido dessa associação e das características pré-existentes do suporte para criar uma escultura ou relevo (por vezes também associando a pintura).

O Homem compreende que a arte lhe possibilita uma relação mais estreita com a natureza e que ele próprio pode usar a sua representação para exercer influência sobre o mundo que o rodeia. Através da imagem os factores essenciais à sua existência podem ser dominados e o Homem pode revelar as experiências dos seus sentidos. Mais tarde, quando começa a reflectir sobre si próprio e o mundo envolvente, passa progressivamente a representar imagens idealizadas, ao invés de simplesmente imagens observadas. A partir deste momento começa a aproximando-se cada vez mais da sintetização dos elementos e da sua esquematização simbólica (como o caso das estatuetas femininas onde se realçam as características da feminilidade em linhas simples).

De um modo geral, a hipótese mais defendida sobre o objectivo da arte paleolítica é a que os primeiros objetos de arte não eram utilitários ou adornos, mas uma tentativa de controlar forças sobrenaturais e, segundo especulam os arqueólogos, obter a simpatia dos deuses e bons resultados na caça. Considerando que as pinturas descobertas em cavernas se encontram em locais de difícil acesso, e não à entrada ao olhar de todos, pode-se supor que o objectivo não é proporcionar uma imagem impressionante acessível a todo o grupo, a arte pela arte, mas antes seguir um ritual mágico. Assim, o resultado estético (de grande naturalismo) não será mais que uma consequência secundária do objectivo principal. De qualquer modo não se pode eliminar totalmente a hipótese de um objectivo estético consciente.

No período do Paleolítico Superior são feitas as primeiras pinturas em cavernas e paredes externas de pedra, há aproximadamente 15.000 anos. A representação de vários animais (cavalos, mamutes, bois, veados) é comum, como se pode observar na caverna de Lascaux, França - sítio arqueológico descoberto em 1940.

Aproveitando-se das irregularidades naturais das pedras, o homem do paleolítico chega, com suas pinturas, próximo das formas reais da natureza. Utiliza para os seus trabalhos diversos materiais como carvão, terra e sangue, além de pincéis e osso oco como instrumento de sopro (ex.: para pulverizar o contorno da mão obtendo um negativo).

Outras importantes pinturas rupestres foram descobertas na caverna de Altamira, Espanha, por Marcelino Sanz de Sautuola. Em Altamira encontram-se pinturas nas paredes e no próprio teto da caverna, consideradas até hoje uma das maiores descobertas da história da arte."


leia o artigo completo em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Pech_Merle_main.jpg

foto: Contorno de mão na caverna de Peche Merle, França (in wikipédia
)

13/01/2008

Inspiração: Reciclar com Arte



Este post é dedicado à reciclagem, sobretudo ao transformar o que é considerado lixo e desperdício em peças de arte.
Pela internet não faltam páginas de quem tem a inteligência e a criatividade para reutilizar este tipo de matéria prima, dando-lhes uma segunda vida. Ficam aqui links para alguns "passo-a-passo" e, a apresentação de alguns trabalhos de artistas.


Passo a Passo:

1 - Bijuteria em papel:
http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=7&SubEditoria=23
2 - Caderno criativo:
http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=7&SubEditoria=31
3 - Caixinha de presente:
http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=7&SubEditoria=29
4 - Cestaria com papel de jornal:
http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=7&SubEditoria=26
5 - Crochet com sacos de plástico:
http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=7&SubEditoria=28
6 - Papel reciclado artesanal:
http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=7&SubEditoria=24


Trabalhos fantásticos feitos com "lixo":
http://www.lixoarte.com.br/trab.htm

Arte Antiga: Cestaria


“A cestaria, cuja origem, no nosso país remonta pelo menos, à cultura castreja, (séc.VI a.c.), continua a ser nos nossos dias, uma actividade indispensável na economia da vida rural e doméstica. No norte de Portugal, a cestaria faz-se representar por uma infinidade de objectos, de formatos e feitios diversos, executados em junco, palha centeia, madeira e verga, segundo várias técnicas e destinados a diferentes usos, desde os trabalhos rurais ao transporte de compras. Os cestos, destinados aos serviços rudes da lavoura, da pesca e do comércio, são feitos com madeira rachada em tiras, levrada no banco e encastrada.(...) Para serviços mais limpos são fabricados cestos com vergas – varas de vime e salgueiros, a que se tirou a casca – como o açafate, usado principalmente como cestinho de costura, e a cesta de cigana, muito popular entre as vendedeiras ambulantes, que nela transportam a fruta, o peixe, a hortaliça ou as quinquilharias”(...)
Citações da obra “Artesanato da Região Norte”, Instituto do Emprego e Formação Particular, Delegação Regional do Norte, Núcleo de Apoio ao Artesanato, Porto, 1996.



" Nesta arte, há, antes de mais, que saber os princípios. Normalmente a obra faz-se do fim (fundo) para o princípio (boca) e consta no entrelaçamento de matérias-primas de origem vegetal.Esta actividade tem vindo a desaparecer, devido à concorrência dos plásticos, mas ainda subsiste em regiões onde o artesão foi capaz de se adaptar às novas circunstâncias, passando a ter uma função essencialmente decorativa."
in
http://www.cm-resende.pt/93

Nota: foto de artesã retirada de
http://www.cm-satao.pt/

09/01/2008

Vejam: Apresentação das Oficinas da FRESS

Quem se interessa por Artes Decorativas em Portugal, mais tarde ou mais cedo irá conhecer a FRESS - Fundação Ricardo Espírito Santo Silva.

"Em 1953, o banqueiro e coleccionador Ricardo do Espírito Santo Silva doou o Palácio Azurara e parte das suas colecções privadas ao Estado Português. Foi o princípio da Fundação com o seu nome criada como Museu-Escola com a finalidade de proteger as Artes Decorativas Portuguesas e os ofícios com elas relacionadas, pela manutenção das suas características tradicionais, pela educação do gosto do público e pelo desenvolvimento da sensibilidade artística e cultural dos artífices.
A concepção original da obra de Ricardo do Espírito Santo Silva foi bem mais longe do que a criação de um Museu e deve considerar-se modelar nos campos educativo e cultural. Actualmente fazem parte integrante da Fundação o Museu-Escola, 18 oficinas de ofícios tradicionais, uma oficina de Conservação e Restauro e duas escolas – A Escola Superior de Artes Decorativas (ESAD) e o Instituto de Artes e Ofícios (IAO)."

No site da Fundação, pode assistir a 18 pequenos vídeos, primorosamente executados onde observamos artífices das Oficinas da FRESS na execução do seu trabalho. Estes filmes de curtíssima duração dividem-se aqui nas categorias "Madeiras", "Texteis e Empalhamento", "Metais", "Encadernação e Decoração de Livros", "Gabinete de Desenho" e "Conservação e Restauro". São inspiradores, por isso, clique no link abaixo.

http://www.fress.pt/Default.aspx?Tag=CONTENT&ContentId=36

08/01/2008

Benvindos

O Sta Arte e Don Ophício dá as boas vindas a todos os seus visitantes.
Este será um blog dedicado às várias técnicas que compõem o leque das Artes Decorativas. Abordaremos um pouco da sua história, visto que Portugal tem um espólio riquíssimo e muito significativo nesta área, logo muito para servir de inspiração a todos que apreciem qualquer uma das técnicas de Artes Decorativas. Igualmente faremos os possíveis para que, neste espaço, se encontrem artigos de valor para todos aqueles que se interessam por este tema, assim como links de interesse. Em breve, teremos igualmente muito gosto em dar a conhecer os nossos trabalhos.
Sobretudo, esperamos que gostem de nos visitar!
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