29/04/2011

Crónica da Carica: 3D? Não, obrigado.



Uma ida ao cinema sempre foi para mim sinónimo de um bom programa. Para mim, preferível a uma ida a uma discoteca, e tão satisfatório como um jardim ou museu.
Tenho gostos simples. E nunca foi tão difícil ter gostos simples como agora. Em qualquer coisa que se busque...
É quase impossível encontrar um par de jeans que não estejam cravejados de adornos, que não sejam adelgaçantes ou tenham efeito push up, com cinturas demasiado subidas ou perigosamente descidas. Já não existem vestidos e camisolas, mas um híbrido maxi camisola/ mini vestido que assenta de uma forma descabida a quem tem mais de 12 anos. A malfadada semântica que ao dar origem ao termo "leggings" faz com que mulheres de todas as idades percam a noção do ridículo e saiam à rua em collants, convencidas que são calças. As 1500 aplicações que existem em todos os telemóveis, tornando marginal e cada vez mais difícil de efectuar a função básica para que foram inventados - as chamadas telefónicas.

No meio de tudo isto e muito mais, sugiu a tecnologia 3D, tornando tão, mas tão mais difícil retirar prazer de uma ida ao cinema. Não que eu seja uma purista: não me incomodam as pipocas, até aprecio, algum sussurrar na sala, as gargalhadas espontâneas em grupo, tudo numa dose razoável faz parte da experiência salutar do visionamento de um filme enquanto experiência em grupo. Mas não gosto do 3D nem por nada...

Não acho minimamente higiénico partilhar óculos com estranhos. Sabe-se lá em que caras, em que peles é que estes andaram. E até que ponto é que esta tecnologia é inofensiva, a dor de cabeça e de olhos, as tonturas e naúseas com que saí da minha única experiência em 3D, (jurei para nunca mais!), deixa-me a pensar o contrário.

Entristece-me sentir que, ou nos deixamos levar na maré das tendências, ou ficamos de fora. Por mais que goste de ir ao cinema, o cinema está a morrer para mim, está a deixar de fazer parte dos meus programas. Cada vez existem menos opções em cartaz para quem não quer alinhar no 3D.
Infelizmente a política de no mesmo cinema se encontrar a versão "normal" e em 3D do mesmo filme já se extinguiu, extinguindo-se a liberdade de escolha do consumidor.

Igualmente, outra consequência da tecnologia, é a diminuição da qualidade dos próprios filmes. Cada vez se dá menos importância à qualidade do argumento ou do desempenho dos actores, agora conta é inserir cenas que exibam de uma forma fantástica as potencialidades do 3D na interacção com o público, mesmo que estas não tenham qualquer ligação lógica com o filme.
Sim, porque nem todos os argumentos casam na perfeição com esta tecnologia. Embora o consiga conceber em algo como Matrix, ou Avatar, dificilmente pode ser encarada como uma panaceía a ser tomada por filmes de A a Z.

Filmes sim, mas em casa, cada vez mais.


Não sou a única a pensar assim! hehehe:
http://www.newsweek.com/2010/04/30/why-i-hate-3-d-and-you-should-too.html

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