30/06/2008

Arte que se visita: Zoo de Lisboa


O Jardim Zoológico é o meu local favorito de Lisboa. Todos os anos dá-me um prazer enorme revisitar as suas instalações. E, conto fazê-lo sempre.

Assisti à degradação das suas instalações e, com grande alegria, à renovação das mesmas. Hoje em dia, o Zoo está melhor do que nunca e recomenda-se a todos, independentemente da idade. O jardim da entrada nunca esteve tão florido e arranjado, tão povoado de vida e cor, abundante em chapéus de sol, visitantes, esplanadas e restaurantes. Os animais foram sendo contagiados eles próprios por esta chuva de cor e renovação e, em conjunto com o trabalho do pessoal, voluntários e da campanha de apadrinhamento, parecem ter, eles próprios, semblantes mais satisfeitos.


A sua história:


"Inaugurado em 1884, o Jardim Zoológico de Lisboa foi o primeiro parque com fauna e flora da Península Ibérica. Foram vários os seus fundadores, como os Drs. Pedro van der Laan e José Thomaz Sousa Martins e o Baraão de Kessler, que contaram com o apoio de várias personalidades, como o Rei D. Fernando II e pelo conhecido zoólogo e poeta José Vicente Barboza du Bocage.

As primeiras instalações situaram-se no Parque de São Sebastião da Pedreira, que foi cedido gratuitamente pelos seus proprietários. Em 1905, foram inauguradas as novas e definitivas instalações na Quinta das Laranjeiras.

As inúmeras remessas de animais vindos de África e do Brasil contribuíram para que, ao longo dos anos, o Jardim Zoológico tivesse uma das colecções de animais mais vasta e diversificada. Destacaram-se, na realidade, alguns governadores das ex-províncias ultramarinas no contributo para o enriquecimento da colecção zoológica com exemplares de espécies exóticas, pouco conhecidas e atractivas.

Em 1952, a Câmara Municipal de Lisboa galardoou esta Instituição com a Medalha de Ouro da Cidade.

A queda do Estado Novo em 1974 e a consequente independência das antigas colónias em África, significou a quebra do forte apoio prestado ao Jardim Zoológico pelas autoridades na diversificação e renovação da colecção animal. Por esta altura, o número de visitantes também diminuiu de forma substancial e ocorreram cortes radicais dos subsídios estatais. Assim, foi necessário desenvolver e implementar uma nova estratégia de gestão para o Jardim Zoológico, adequando-o aos valores e necessidades da época.

Em 1990 a nova política de gestão adoptada pelo Dr. Felix Naharro Pires que tomou posse tinha por objectivos a modernização do espaço do Jardim, assim como dos serviços. Deste modo, foram criadas áreas de trabalho específicas com objectivos próprios, para melhorar a colecção e o bem-estar animal, a sua alimentação e os cuidados médico-veterinários. Em paralelo, foram criados serviços comerciais, de marketing, relações públicas e imprensa, de modo a dinamizar o Parque como parceiro privilegiado das empresas. Promover a educação para a conservação junto do público visitante era, também, uma das principais preocupações, que rapidamente mereceu a criação de um serviço próprio, o Centro Pedagógico.

Hoje em dia, o Jardim Zoológico é um importante espaço onde aliada à conservação e à educação está uma forte componente de entretenimento e diversão. No parque habitam várias espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Das mais de 360 espécies do Jardim Zoológico, 54 são EEP's."


fonte: site do Zoo


Visite:



Vídeos do Zoo no Youtube:




Até dia 7 de Julho para evitar subida de tarifas da EDP


Muitos já devem ter recebido este mail, e puderam verificar junto de várias instituições como a Deco ou a Erse, ou ainda nos media, a sua veracidade. Muitos estiveram até agora sem conhecimento disto. Aos que ainda não sabem, este post é para vós, para vos incitar à reflexão e à acção, antes que seja tarde demais, e que mais uma medida venha complicar a vida e a carteira do cidadão que trabalha e paga as suas dívidas.


Ora aqui vai, ipsis verbis, o texto do mail que recebi:


"Mandaram-me esta mensagem e pensei que não podia ser verdade. Mas fui procurar no Google e vi no Jornal de Negócios que eles vão mesmo pôr isto em prática a não ser que haja muitas reclamações. Aqui vai o link do Jornal de Negócios onde podem confirmar. Só temos até dia 7 de Julho para nos pronunciarmos.



A EDP pretende pôr os cidadãos comuns, bons e regulares pagadores, a pagar as dívidas acumuladas por caloteiros clientes da EDP, num total de 12 milhões de euros e, para o efeito, a entidade reguladora está a fazer uma consulta pública que encerra em meados de Julho. Em função dos resultados desta consulta será tomada uma decisão. Esta consulta não está a ser devidamente divulgada nem foi publicitada pela EDP.


A DECO tem protestado, mas o processo é irreversível e o resultado desta consulta irá definir se a dívida é ou não paga pelos clientes da EDP. A DECO teme que este procedimento pegue e se estenda a todos os domínios da actividade económica e a outras empresas de fornecimento de serviços (EPAL, supermercados, etc.). Há que agir rapidamente. Basta enviar um e-mail com a nossa opinião, o que também pode ser feito por fax ou carta mas não tenhos os elementos. Peço que enviem o mail infra e divulguem o mais possível, para bem de todos nós cumpridores.



' Exmos. Senhores: Pelo presente e na qualidade de cidadão e de cliente da EDP, num Estado que se pretende de Direito, venho manifestar e comunicar a V. Exas. a minha discordância, oposição e mesmo indignação relativamente à 'proposta' - que considero absolutamente ilegal e inconstitucional - de colocar os cidadãos cumpridores e regulares pagadores a terem que suportar também o valor das dívidas para com a EDP por parte dos incumpridores. Com os melhores cumprimentos, "


Eu assino por baixo, e vou já tratar de enviar a minha reclamação. Convido os que estão de acordo com o ponto de vista de não querer pagar as dívidas contraídas por outros a agirem.




Obrigada pela vossa atenção

29/06/2008

Arte que se lê: "Les Aventures de Tintin" de Hergé


Na minha mente, arrumo as aventuras de Tintin numa gaveta partilhada com Poirot, Klimt, todos os objectos da exposição de Art Deco no Museu de Sintra e, muitos mais. Aliás, com tudo e todos que me remetam aos anos 20 e 30, sobretudo europeus.


Essa época, que me fascina, cristalizou-se de tal forma no consciente colectivo, que basta um pequeno pormenor, reminiscência para ser identificada.


Associo Tintin às peças de mobiliário em exposição no museu, não por ligeireza, mas porque a essência da época transpiram em ambos - o mesmo conteúdo, formas distintas. Tintin é um repórter que se envolve em aventuras, viaja para destinos exóticos, é um explorador. Assim era o propósito de vida ideal nesses anos idos, igualmente traduzidos por tapeçarias com temas da mitologia egípcia - influência das grandes descobertas arqueológicas, madeiras exóticas, nácar, laque, a busca da excentricidade e mitologia oriental transportada para dentro de casa.


Tintin lembra-me tudo isso. Sobretudo, trago aqui Tintin, porque as suas aventuras têm concerteza lugar no imaginário dos que são mais jovens hoje em dia, ou pelo menos deveriam.






Tintim (ou Tintin, no original em francês) é o protagonista da série de ficção de banda desenhada (português europeu) ou história em quadrinhos (português brasileiro) conhecida como A Aventuras de Tintim (Les aventures de Tintin, no original). O personagem foi criado pelo quadrinista belga conhecido como Hergé em 10 de janeiro de 1929.




A teoria corrente indica que Hergé baptizou a sua personagem como Tintim em homenagem ao álbum de Benjamin Rabier escrito em colaboração com Fred Isly, denominado Tintin lutin (1897). Tal teoria parece corresponder à verdade, uma vez que, para além do nome, são facilmente verificáveis algumas semelhanças existentes entre Onésime, personagem do álbum referido, e o Tintim de Hergé. O nome Tintim aparece pela primeira vez em 1929, data que pode ser assinalada como a sua nascença gráfica.




Dado que a série de quadrinhos possuiu uma existência de quase meio século, a personalidade de Tintim sofreu sutis alterações ao longo de sua evolução, embora sua caracterização tenha se mantido consistente durante todo o seu percurso. O personagem normalmente é apresentado como um jovem repórter (cuja idade vai presumivelmente da adolescência até a juventude), de espírito aventureiro e curioso, constantemente envolto em casos de investigação criminosa ou em conspirações políticas, geralmente guiado por uma personalidade descrita como nobre, audaciosa e perspicaz. Eventualmente o personagem passa uma imagem de inocência, ainda que procure responsabilizar-se por seus atos de forma presumivelmente bastante madura (não raro criando situações em que dá "lições de moral" em outros personagens mais velhos).
Entretanto, a evolução da série em quadrinhos (que vai da década de 1930 até os anos 70) faz com que a descrição do personagem reflita a forma como a visão de mundo de seu autor (e da própria civilização ocidental, de uma forma geral) se altera, livrando-se de preconceitos ou agregando outros, de forma que o personagem possua um leve sentimento colonialista e eurocêntrico em suas primeiras histórias e passe a lutar pela independência das antigas colônias sul-americanas nas últimas histórias.



Tintim era desenhado como um garoto de pele clara e cabelos castanhos, apresentando um característico topete que viria a se tornar praticamente sua marca registrada. Em praticamente todas as suas histórias, Tintim era retratado vestindo uma blusa de lã azul e um culote bege. Porém, dependendo da região do mundo em que se encontrava, ele poderia eventualmente trajar as vestimentas típicas daquele local.




Possivelmente, o personagem da série em quadrinhos que mais esteja associado emocionalmente a Tintim seja o seu cachorro de estimação, apelidado de Milu, um fox terrier de pêlo branco. O cão acompanha o repórter desde suas primeiras histórias, demonstrando uma esperteza e uma lealdade superiores aos demais cães.
Da mesma forma, ao longo de suas histórias, Tintim colecionou uma série de aliados. Dentre todos, talvez o mais importante seja o Capitão Haddock, arquétipo do marinheiro beberrão e ranzinza, mas de bom coração. Outro personagem importante foi o Professor Girassol, igualmente o arquétipo do gênio cientista/inventor das histórias de ficção.




fonte: wikipédia




site oficial: http://www.tintin.com/




Veja aqui:








Tintin no templo do sol pt 1- http://www.youtube.com/watch?v=2Uqgua-37UY

Tintin no templo do sol pt 2 - http://www.youtube.com/watch?v=ZFjKPyJXrPw


24/06/2008

Arte que se vê: "Nim's Island" de Jennifer Flackett

Hoje trago-vos este filme. "Nim's Island" ou, se preferirem, "A Ilha de Nim".

Nim, (Abigail Breslin), é uma menina de 11 anos, diferente das meninas da sua idade que conheço ou recordo. Ela é diferente em primeiro lugar, porque a sua casa é numa ilha recôndita, que seria deserta, não fosse esta o lar secreto desta menina, do seu pai cientista, (Gerard Butler), e dos seus animais.
Outros pormenores que fazem desta menina diferente, a começar pelo seu nome, inventado pela sua mãe, é o facto de não ir à escola, mas tem uma sede de conhecimento enorme que satisfaz através de brincadeiras com os seus amigos - um leão-marinho, um lagarto e um pelicano -, ou através dos imensos livros que devora.

Tanto o seu pai como Nim fazem questão que a localização do sua ilha se mantenha secreta. Recebem mantimentos regularmente através de um barco, e abastecem-se no mar, pois nem ao capitão deste barco dão autorização para atracar no local a que chamam lar. Obtém alimentos na ilha, electricidade através de paineis de energia solar e comunicam com o mundo através de internet.

A grande aventura começa quando o pai de Nim vai numa breve expedição marítima, mas depara-se com problemas para regressar. Nos dias em que fica sozinha, Nim depara-se com diversas situações, de entre as quais como defender a sua ilha de uma invasão de turistas sem ser descoberta.
Enquanto isso, vai trocando e-mails com a escritora dos seus livros favoritos, sem saber que esta é uma mulher, dominada pelas suas obsessões, agorafóbica. Na mente de Nim, Alex Rover, é um homem, mas não um homem qualquer. Alex é nada mais nada menos do que o seu herói favorito, e esquece-se que este é ficcional, pedindo-lhe ajuda quando a sua situação se complica.
Alex, (Jodie Foster), vê-se então pela primeira vez como heroína da sua própria história, tendo que atravessar meio mundo e, vencer mil fobias, para ir de encontro a esta menina de 11 anos, que está sozinha e precisa de ajuda.
É uma história terna, as personagens são entusiasmantes, e é sobretudo um bom filme para ver em família, pois tem boas mensagens para crianças e adultos.

http://www.myspace.com/nimsisland

13/06/2008

Inspiração: O Poder da Palavra


Madre Teresa de Calcutá, para além da lição contida nas suas acções, disse muitas coisas dignas de serem recordadas, verdadeiros ensinamentos, valiosos se incorporados na vida de qualquer um de nós, independentemente de quem sejamos ou quaisquer que sejam as nossas crenças. Porque os verdadeiros bons exemplos, os que são realmente luminosos, são universais.

Ora bem, dessas muitas coisas, existe uma em especial que recordo, mais da sua essência do que as palavras exactas. Certo dia, aquando uma entrevista, Madre Teresa afirmou que nunca haveria de participar numa manifestação contra a guerra ou contra a fome. Ao invés disso, aceitaria qualquer convite que fosse em favor da paz ou a favor da abundância para todos os seres humanos.

Alguns devem questionar-se sobre a diferença entre ser contra a guerra ou a favor da paz. Mas é a diferença do mundo. É o poder da palavra e do pensamento. Quantas palestras, seminários, livros, filmes existem hoje sobre o poder da palavra, e como o facto de nos expressar-mos sempre pela positiva faz de nós e de quem nos circunda mais leves, mais positivos, mais alegres, mais saudáveis, mais optimistas.


Sobre o poder da palavra, encontrei o seguinte texto, que pode ser elucidativo:


"O uso da palavra define o ser humano. Raramente, num instante de meditação, ficamos livres do pensamento. Uma das nossas características centrais é que falamos quase o tempo todo, não apenas com palavras físicas, mas também mentalmente. Quando não dizemos nada para os outros, estamos dizendo coisas para nós próprios. Quando não escutamos alguém, ouvimos dentro de nós a voz interior das esperanças e anseios que habitam nosso universo pessoal.


A fala, assim, é muito mais do que um mero som ou uma seqüência lógica de pensamentos. É uma corrente magnética cheia de vida. Para o cachorro, a voz do dono desperta devoção e um sentido natural de obediência. Para a criança pequena, a voz da mãe dá tranqüilidade e a faz dormir. Para aquele que busca compreender a si mesmo, a voz da consciência é seu grande mestre.


A filosofia esotérica ensina que o mundo físico, com suas três dimensões, é rodeado por um universo invisível, eletromagnético e transcendente. Nessa quarta dimensão, as distâncias físicas não têm importância. Esse mundo sutil é conhecido como luz astral, ou akasha. Nele estão registradas as imagens de todas as coisas que passaram e as sementes das coisas que virão. É um espaço-tempo diferente, que rodeia e também interpenetra o nosso pobre mundo tridimensional. Ali as coisas podem deslocar-se na velocidade do pensamento.


Esse mundo oculto é influenciado decisivamente pela palavra. “No início era o verbo”, diz a Bíblia (João,1:1). E o verbo ainda hoje cria o universo humano. Todos os dias, pela manhã, reinventamos a vida. É sempre aqui e agora que criamos o nosso destino futuro, através das palavras que dizemos para nós próprios e para os outros. Cada pensamento e cada som é um mantra, porque detém um poder mágico de influenciar a vida de modo profundo. Eliphas Levi escreveu: “As vibrações da voz modificam o movimento da luz astral e são veículos poderosos do magnetismo”.(1) As vibrações do pensamento que não é falado têm o mesmo efeito.


O poder da palavra é enorme, portanto. Ela salva e condena, ilumina e causa escuridão, faz adoecer, cura e dá esperança. O pensamento correto leva à palavra e à ação corretas, e disso surge a felicidade. Está escrito em “Provérbios”, um texto bíblico que transmite grande sabedoria:


“Uma resposta branda aplaca a raiva, uma palavra agressiva atiça a cólera. A língua dos sábios torna o conhecimento agradável, a boca dos insensatos destila ignorância. Em todo lugar os olhos de Deus estão vigiando os maus e os bons. A língua suave é árvore da vida, mas a língua perversa quebra o coração. (...) Os lábios dos sábios espalham conhecimento, mas o coração dos insensatos não é assim.” E poucas linhas mais adiante: “Abominação para Deus são os pensamentos maus, mas as palavras benevolentes são puras.”(2)


A palavra é a unidade básica do pensamento e da fala, e sempre chega ao seu destino. Ela produz um efeito eletromagnético, independentemente de nós sabermos ou desejarmos isso. Mas a parte principal do seu efeito se volta para nós próprios. As palavras que dizemos ficam gravadas em nosso inconsciente e se misturam ao nosso destino. Esta é uma lei inevitável, e por isso nossa vida é, de fato, resultado do nosso pensamento.


O Dhammapada, uma das escrituras do budismo, ensina:


“Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que pensamos hoje é o que seremos amanhã: nossa vida é uma criação da nossa mente. Se um homem fala ou age com uma mente impura, o sofrimento o acompanha como a roda segue a pata do boi que puxa a carreta. (...) Se um homem fala ou age com a mente pura, a felicidade o acompanha como sua sombra inseparável.”(3)


O Novo Testamento (Tiago, 3:2-3) afirma: “Aquele que não tropeça ao falar é realmente um homem perfeito, capaz de refrear todo seu corpo. Quando colocamos um freio na boca dos cavalos, a fim de que nos obedeçam, conseguimos dirigir todo seu corpo.” Assim como a cabeça do cavalo, a palavra vai na frente, abre caminho e define as linhas pelas quais o futuro será construído.


(1) A Chave dos Grandes Mistérios, de Eliphas Levi, Ed. Pensamento, SP, p. 111. (2) Provérbios, 15, 1-7, e também 15:26 no Antigo Tes- tamento. (3) Dhammapada, Caminho da Lei, tradução e adaptação de Georges da Silva, Ed. Pensamento, SP, p. 19.





Leia mais:

Parabóla sobre o poder da palavra: http://astrologia.sapo.pt/Xz223/511610.html






Conheça mais sobre Madre Teresa de Calcutá:

11/06/2008

Arte que se inventa: Carros ecológicos




Hoje quero falar de carros ecológicos. Viaturas que pouco ou nada dependem de produtos petrolíferos para se movimentarem. Veículos que poluem menos.


Mais do que querer, hoje preciso de falar de carros ecológicos. Portugal está neste preciso momento a parar, por falta de combustível. Os camionistas estão em greve devido ao preço que os combustíveis atingiram, o governo queda-se em medo e em inacção, as bombas de gasolina secam em questão de horas, os automobilistas em pânico afluem às poucas bombas de gasolina que ainda dispõem de alguns litros de gasóleo ou gasolina, nos supermecados começam a faltar os bens essenciais que sejam frescos ou importados. Nos programas de informação debatem-se as atitudes violentas por parte dos grevistas, a incapacidade do governo de tomar atitudes, depois do leite derramado questionam-se como é que viemos a depender do transporte em camiões para tudo e mais alguma coisa quando existem ferrovias. Os bombeiros alertam que muito em breve não será possível acorrer em socorro de alguém, porque simplesmente os veículos estão impossibilitados de se moverem.


Pessoalmente, nestas alturas fico espantada como a espécie humana conseguiu sobreviver tanto tempo neste mundo. Os nossos ancestrais devem estar a dar voltas na tumba. Portugal descobriu o mundo em naus, que em nada dependiam de motores, e nós encolhemo-nos num cantinho em pânico, com palas nos olhos, por falta de combustível.


Pessoalmente, e desculpem se a minha perspectiva vos ofende, mas estou a gostar desta crise. Estes acontecimentos são uma chamada de despertar que espero que não caia em saco roto, que seja esquecido rapidamente como tudo o mais o que acontece. Que a falta de combustível dê o mote para que se acabe com o poder do lobby das petrolíferas. Esses lobbies que são responsáveis por camuflar as experiências bem sucedidas com carros ecológicos, tal como aconteceu em 2003 na Holanda, onde foram feitas experiências muito bem sucedidas com protótipos deste tipo de carros. Protótipos que foram retirados das ruas, experiências vetadas ao silêncio, porque para uma minoria muito poderosa, convém que o mundo dependa do ouro negro, mesmo que exista a tecnologia para aumentar a qualidade de vida de todos neste mundo e a saúde do próprio planeta.


Porque ao utlizarmos energias renováveis para nos movimentarmos não gastaremos dinheiro, os preços dos bens diminuirão e consequentemente haverá menos pobreza, a qualidade de vida de todos aumentará, não existirão fumos de escapes, o smog nas grandes cidades será uma referência passada.




Leia aqui sobre carros ecológicos:














Existem muitos mais por aí, mas o meu objectivo neste post é dar a aumentar a curiosidade de todos quanto a este tema, e aumentar a consciência quanto ao mesmo, para que possamos com conhecimento exigir aos governos dos nossos países que ajam de uma maneira responsável, que deixem de se vender ao poderio dos lobbies, e adoptem soluções que aumentam a qualidade de vida de todos os seres humanos.




imagem: veículo globetrotter

06/06/2008

Arte que se ouve: "White and Nerdy" de "Weird Al" Yankovic


"Weird Al" Yankovic é um dos artistas mais divertidos que já ouvi falar. Gosto dele com o mesmo apreço e entusiasmo que guardo para com todos que têm a capacidade para me fazerem rir.
A sua carreira, que iniciou em 1979, consiste em fazer paródias de músicas bem conhecidas do grande público.
A primeira vez que vi um dos seus videoclips, foi há muitos anos atrás, numa paródia ao "Like a Virgin" de Madonna que resultou num hilariante "Like a Surgeon".

Like a Surgeon - http://www.youtube.com/watch?v=N26KWq7MmSc&feature=related

Mas, mas muito mais recente é o tema "White and Nerdy", que escolhi para representar o "Weird Al" neste cantinho, porque achei a letra e o vídeo uma deliciosa paródia.


"White & Nerdy"


They see me mowin'

My front lawn

I know they're all thinking

I'm so White N' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

Can't you see I'm white n' nerdy

Look at me I'm white n' nerdy!

I wanna roll with-The gangsters

But so far they all think

I'm too white n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

I'm just too white n' nerdy

Really, really white n' nerdy

First in my class here at M.I.T.

Got skills, I'm a Champion of DND

MC Escher that's my favorite MC

Keep your 40I'll just have an Earl Grey tea

My rims never spin to the contrary

You'll find they're quite stationary

All of my action figures are cherry

Steven Hawkings in my library

My MySpace page is all totally pimped out

I got people begging for my top 8 spaces

Yo I know Pi to a thousand places

Ain't got no grills but I still wear braces

I order all of my sandwiches with mayonnaise

I'm a whiz at minesweeper I can play for days

Once you see my sweet moves you're gonna stay amazed,

my fingers movin' so fast I'll set the place ablaze

There's no killer app I haven't run

At Pascal, well, I'm number 1

Do vector calculus just for fun

I ain't got a gat but I gotta soldering gun

Happy days is my favourite theme song

I can sure kick your butt in a game of ping pong

I'll ace any trivia quiz you bring on

I'm fluent in Java Script as well as Klingon

Here's the part I sing on

They see me roll on, my Segway!

I know in my heart they think I'mwhite n' nerdy!

Think I'm just too white n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

Can't you see I'm white n' nerdy

Look at me I'm white n' nerdy

I'd like to roll with-The gangsters

Although it's apparent I'm tooWhite n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

I'm just too white n' nerdy

How'd I get so white n' nerdy?

I've been browsing, inspectin'X-men comics you know I collect 'em

The pens in my pocket

I must protect 'emmy ergonomic keyboard never leaves me bored

Shopping online for deals on some writable media

I edit Wikipedia

I memorized Holy Grail really well

I can recite it right now and have you ROTFLOL

I got a business doing websites

When my friends need some code who do they call?I do HTML for them all

Even made a homepage for my dog!

Yo! Got myself a fanny packthey were having a sale down at the GAP

Spend my nights with a roll of bubble wrap

POP POP! Hope no one sees me gettin' freaky!

I'm nerdy in the extreme and whiter than sour creme

I was in AV club and Glee club and even the chess team!

Only question I ever thought was hard

Was do I like Kirk or do I like Picard?

I spend every weekend at the renaissance fair

I got my name on my under wear!

They see me strollin'

They laughin'

And rollin' their eyes 'cause

I'm so white n' nerdy

Just because I'm white n' nerdy

Just because I'm white n' nerdy

All because I'm white n' nerdy

Holy cow I'm white n' nerdy

I wanna bowl with-the gangsters but oh well it's obvious I'mwhite n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

Think I'm just too white n' nerdy

I'm just too white n' nerdy

Look at me I'm white n' nerdy!





O vídeo de "White and Nerdy": http://www.youtube.com/watch?v=-xEzGIuY7kw







Veja outros vídeos e adivinhe quais os temas originais que deram origem a estas versões:






- Trapped in the drive-thru - http://www.youtube.com/watch?v=qmGVYki-oyQ






Pense nisto: Manifesto em defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico

MANIFESTO EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO

Ao abrigo do disposto nos Artigos n.ºs 52.º da Constituição da República Portuguesa, 247.º a 249.º do Regimento da Assembleia da República, 1.º nº. 1, 2.º n.º 1, 4.º, 5.º 6.º e seguintes, da Lei que regula o exercício do Direito de Petição)

Ex.mo Senhor Presidente da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro de Portugal

1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.

2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado), e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.

3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em “acordos” mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.

4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes “mudas” – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa. A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).

Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.

Os signatários,
Ana Isabel Buescu

António Emiliano
António Lobo Xavier
Eduardo Lourenço
Helena Buescu
Jorge Morais Barbosa
José Pacheco Pereira
José da Silva Peneda
Laura Bulger
Luís Fagundes Duarte
Maria Alzira Seixo
Mário Cláudio
Miguel Veiga
Paulo Teixeira Pinto
Raul Miguel Rosado Fernandes
Vasco Graça Moura
Vítor Manuel Aguiar e Silva
Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho
Zita Seabra


PETIÇÃO / MANIFESTO ON-LINE
A caminho das 50 000 assinaturas!

A recolha de assinaturas continuará em linha na internet, neste endereço, até data a anunciar: www.ipetitions.com/petition/manifestolinguaportuguesa

Actualização: 48 280 assinaturas às 09h30 de 06/06/2008

03/06/2008

Arte que se pinta: "Abu Ghraib" de Botero


Botero é um pintor e escultor colombiano. Icónico. Famoso, impossível qualquer trabalho seu não ser reconhecido, mesmo por um leigo. Mesmo que só o conheçam pelas figuras "rechonchudas". Mas esse é só um primeiro olhar, muito ao de leve na sua obra. O que lá está é muito mais profundo.

Em 2006, Botero foi notícia pela sua colecção intitulada "Abu Ghraib". Esta consiste em 50 pinturas sobre as torturas infligidas a prisioneiros de guerra iraquianos pelos soldados americanos. O próprio, quando questionado sobre a similaridade do seu trabalho com Goya, respondeu que encontra muitas mais semelhanças com a "Guernica" de Picasso. Sobretudo, esta colecção surgiu a partir da necessidade de tirar do coração esta série de terríveis eventos, amplamente mediatizados.

Sempre gostei da obra de Botero, mas confesso que continuo a preferir as suas outras obras, as mais plácidas. As "rechonchudas" de aspecto mais simpático.


"Fernando Botero nasceu em Medellin, Colombia, a 19 de Abril de 1932. De jovem autodidacta, tornou-se o pintor mais famoso de toda a América Latina. E, como muitos artistas sul-americanos seus antecessores, teve de partir da sua terra natal para conhecer, primeiro o Velho Continente e, só depois, o conquistar. A sua obra possui perto de três mil pinturas e ainda mais de duzentas esculturas, assim como inúmeros desenhos e aguarelas. As suas primeiras obras exprimem o carácter expressionista da pintura, mas foi após anos de aprendizagem e de inúmeras viagens, que ele adquiriu o estilo pelo qual ficaria famoso: “as imagens que se tornaram símbolos da cultura crioula moderna da América Latina”. O núcleo do seu trabalho denota uma experiência existencial da sua origem e cultura, que é, simultaneamente, de âmbito universal. Botero salientava que isto só era possível “porque o artista é universal apenas quando está fortemente enraizado na própria comunidade onde nasceu”.


Em Março de 1955, Botero regressa ao seu país e as suas obras, realizadas aquando da sua estadia na Itália, foram acolhidas pelo público como “demasiado clássicas”. Então, partiu para o México, onde procurava encontrar um certo “elo perdido”. O México era na altura o país predominante da América Latina do ponto de vista cultural, onde as civilizações pré-colombianas se tinham fundido com a cultura europeia durante o período colonial, originando uma tradição nacional distinta, com uma arquitectura, pintura e escultura admiráveis. Nenhum outro país do continente americano tinha uma arte popular tão rica e variada e esta, em simultâneo com os trabalhos dos mestres, foi sempre uma fonte de inspiração para Botero.


Depois de passar pelos Estados Unidos em 1957, Botero regressou a Bogotá, como o mais importante artista da nova geração, trazendo na sua bagagem a vanguarda nova-iorquina e os modernistas mexicanos, ao lado da arte renascentista e do Barroco do Novo Mundo. A sua pintura figurativa desenvolveu o seu estilo inconfundível: pintava imagens de raparigas, séries completas de meias figuras voluptuosas, “que nada ficavam a dever quer aos ídolos dos Maias e Astecas, quer à misteriosa Mona Lisa”. Pintou também, imagens narrativas com cenas do quotidiano e ainda começou a pintar paráfrases de pinturas famosas expostas em museus europeus, sendo esta hoje uma componente importante da sua obra: “Estes temas são importantes para mim à medida que se tornam populares e mais ou menos pertencentes a todos. Só então posso fazer algo diferente com elas. Por vezes desejo apenas compreender uma pintura de forma mais profunda e completa, a sua técnica e o espírito que a conduz” (Botero).


Assim, Botero queria utilizar as paráfrases para mostrar que o aspecto mais importante de uma pintura não é o tema, mas antes o estilo. Com o tempo, as figuras e objectos de Botero tornaram-se mais esculturais, os volumes e as formas aumentaram. Botero pinta ainda uma longa série de pinturas sobre motivos religiosos, um tema pouco usual segundo os padrões do século XX.


O seu formato de pintura pouco conhecido e acentuadamente horizontal, remonta à predella das primeiras obras de altar italianas; gosta de pintar imagens de clérigos e dignitários da Igreja, juntando a sua paixão pela pintura do século XV, à sua época, o século XX – denotando assim uma realidade específica da sua cultura: a importância da Igreja como instituição e como portadora de identidade da sua região. No entanto, se de início estas imagens foram interpretadas como sendo uma crítica dessa instituição ancestral, verificou-se, com o tempo, que Botero seria mais um pintor do “amor” do que da “crítica”, pois as suas pinturas seriam apenas “leves sorrisos de perdão pelo carácter inofensivo da sua discriminação”.


Os seus mais belos trabalhos correspondem à época mais difícil da sua vida, pois a partir de 1960 decidiu residir em Nova Iorque para prosseguir a sua carreira de artista. Este período de solidão, de rejeição, de críticas arrasadoras foi fundamental para Botero encontrar o seu estilo figurativo. Saliente-se as chamadas Meninas: imagens de apenas uma rapariga, sempre numa tela de grandes proporções, a sua cabeça enorme, de frente ou de perfil, enche quase por completo o quadro, com tão pouco espaço entre si e a extremidade. São as pinceladas livres que conferem vida a estas criaturas imperturbáveis, altamente esculturais e, na sua falta de emoção, semelhantes a bonecas. Nunca mais abandonaria este tipo de figura descontraída e serena. Botero rejeitava, por princípio, o individualismo, a emoção e a inquietude, razão pela qual nunca trabalhava a partir de elementos vivos ou com o objecto na sua frente, mas apenas a partir da memória. A pintura era, segundo Botero, “um mundo muito à parte. Uma natureza-morta não é uma gravura botânica. O assunto não é a fruta, mas o quadro. O mesmo se aplica a homens e mulheres”.


Pintou ainda uma série de criaturas gigantescas, mas amistosas, decoradas com contornos suaves e redondos. “Peles suaves, sensuais, aveludadas, cobrem corpos amplos onde, enterradas bem fundo nas carnes, as pequenas almas, sempre bem dispostas, parecem dormir”; e à pergunta se as suas figuras tinham almas leves, Botero responderia mais tarde: “Elas nunca quiseram ter almas”.


“Sempre procurei o sublime e venerei Velázquez, porque ele evita qualquer comentário emocional. Admiro esta reserva, esta dignidade”. (Botero)


A pintura de Botero é intemporal: nada nos lembra os anos 60, a frivolidade do mundo dos produtos e do consumo, como na pintura Pop Art. Nenhuma das suas “meninas” usava os cabelos ou os vestidos assim. Estas são pinturas retiradas da memória, é a sua visão artística e o mesmo se aplica as outras pinturas de índole clerical ou outras baseadas nas famosas pinturas dos grandes mestres. Estas imagens caracterizam-se por uma curiosa inocência: “a sua linguagem formal faz lembrar o provincianismo hispano-americano e crioulo com a sua poesia inofensiva”; refira-se a obra Madona e o Menino, e o facto de como esta deverá ter tido um efeito chocante no contexto da Pop Art nova-iorquina dos anos 60. Madona em forma de sino e com o menino ao colo, está sentada sobre uma macieira e por debaixo do seu hábito surge uma cobra, mas para além destes elementos, Botero acrescenta ainda tudo o que tradicionalmente a iconografia atribui a imagens de Madona: o menino, as maças, uma auréola.


“Não, eu não pinto pessoas gordas”
Esta era a resposta recorrente de Botero à pergunta: porque pinta Botero pessoas gordas? O facto é que as figuras são cheias, redondas, ou mesmo corpulentas, mas este exagero apenas reflecte uma preocupação estética e, sobretudo, possui uma função estilística. Botero seria, antes de mais, um pintor figurativo e, mesmo se, as suas imagens são dirigidas pela realidade, estas não a transmitem. Tudo nos seus quadros é volumoso e, a priori, não se preocupa em pintar coisas especiais, mas antes,em utilizar a transformação ou deformação para tornar a realidade em arte. O seu ideal estético centraliza-se em formas e volumes, um estilo que lhe permite dar expressão a estas visões.


Botero gosta de sublinhar que a deformação na arte tem uma longa tradição histórica – e que seria a arte senão deformação da realidade originada por uma inquietude estética num sentido preponderante de tarefa estilística? Giotto, Rafael, El Greco, Rubens, Picasso e tantos outros deformaram a realidade para formular algo diferente. Assim, para estes, como para Botero, o exagero constante e abrangente torna a deformação uma regra, transformando-a depois em estilo. Porém, a deformação sem um objectivo superior seria uma caricatura ou mesmo uma monstruosidade, o que não acontece em Botero. A sua deformação manifesta sempre um desejo de acentuar a sensualidade da imagem.


“É importante saber de onde provém o prazer de contemplar um quadro. Para mim, é a alegria de viver combinada com a sensualidade das formas. É por isso que o meu problema é criar sensualidade através da forma.”
Alguns artistas expressam nas suas obras os problemas com o mundo ou as suas angústias da vida, o que não era o caso dos antigos mestres italianos do século XV, nem é o de Botero. As imagens deste estão despidas de rudeza, maldade e extremismo, assim como o amor deixa de ser erótico. O volume exagerado parece que transporta o mundo e a vida numa realidade “flutuante” – seria uma afirmação da vida superficial e apenas o sofrimento verdadeiramente profundo, como havia sugerido o escritor peruano Mário Vargas Llosa? A obra de Botero desenrolar-se-ia na orla deste abismo, mas nunca mergulharia nele; e seria também o que o distinguiria dos chamados pintores naïfs.Na América Latina genuína, a “gordura” é associada ao bom viver, à saúde, à alegria de viver, e as pessoas gordas, à boa disposição, aos prazeres dos sentidos. Botero salienta certamente este continente de festa e de cor, da “siesta” e da boa comida; mas também existe uma correspondência mais profunda associada ao espírito de um povo alimentado por mitos e lendas, que adora símbolos e alegorias, que possui qualidades criativas do exagero e do excesso. Nas suas igrejas, por exemplo, podemos ver o esplendor, o luxuoso, o elaborado nos seus altares, mas também no seu artesanato e na sua pintura.



Nas suas pinturas não existem sombras, porque elas “sujam as cores”; esta ausência é uma grande preocupação ligada à ideia de beleza. A luz provém do interior e a plasticidade das suas imagens é criada através da cor. O objectivo é sempre criar superfícies em que a cor possa exprimir-se a si própria. A cor é fundamental, diz Botero, “pois dá luz à pintura. A imagem só alcançará a perfeição quando a questão da cor tiver sido resolvida”.


Bibliografia: Hanstein, Mariana,Botero, Taschen, Colónia, 2004

Arte que se vê: "The Lost Room"


Não critico quem o faça, mas não sou de ver telenovelas, mesmo gostando de ver televisão. Vou descobrindo algumas séries, sobretudo anglo-saxónicas, que vou seguindo com atenção. Desespero somente quando, talvez em nomes das audiências, arrastam o enredo tornando a coisa num romance de cordel sem fim à vista. Infelizmente, são bastante as séries que sofrem um décrescimo de qualidade porque se sacrifica a qualidade do enredo em prol sabe-se lá do quê, na minha opinião.
Vi hoje uma mini série intitulada "The Lost Room", que se enquadra no género de ficção científica, que me prendeu a atenção do primeiro ao último minuto.


Sinopse
O personagem principal é um polícia, Joe Miller. Divorciado, tem uma filha chamada Anna, e encontra-se em batalha pela custódia da mesma com a ex-mulher. Vê-se envolvido numa enorme aventura, de contornos bizarros, quando uma chave de motel lhe vem parar às mãos. Esta chave é desejada por muitos, pois é um da quase centena de objectos com poderes especiais espalhados pelo mundo. Cada objecto tem poderes únicos, mas o que faz esta chave ser desejada por tantos é o facto de em qualquer porta que ela abra, vai dar ao misterioso quarto de motel de onde todos os objectos partiram, e sair do mesmo quarto para qualquer sítio que se visualize, desde que este tenha uma porta.
Possuir esta chave torna-se muito mais envolvente para Joe do que levar o seu parceiro a passear por formas mágicas, quando Anna, a sua filha, entra no quarto e fica lá fechada, desaparecendo para outra dimensão. Joe, faz da sua missão resgatar a sua filha, tentando para tal descortinar o mistério deste quarto de motel, dos vários objectos, ao mesmo tempo que se esconde da sua vida quotidiana, pois todos pensam que é culpado de vários crimes, inclusivé do desparecimento da sua filha e do homícidio do seu parceiro e amigo.
Ao longo da sua aventura, ele conhece várias personagens que possuem objectos deste género, algumas bem curiosas. Uns que estão dispostos a ajudá-lo na sua demanda, outros que querem compilar uma colecção de objectos para propósitos bem mais obscuros.


Veja o trailler: http://www.youtube.com/watch?v=lhAGrJW2Tos

Se tiver hipótese, veja esta mini-série, que na minha opinião vale mesmo a pena.
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